CAPÍTULO 3

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ANNABEL PRECISOU SE equilibrar para impedir que a bandeja de prata caísse. Com as pernas bambas e o coração aos pulos, sentia aquele olhar azul gélido sobre si. O belo dono desses olhos estava a analisando, pensou Annabel. Ela tentou não encará-lo, mas parecia impossível. Ela notou como os fios dourados do cabelo dele caíam sobre a testa, os ombros largos cobertos por um sobretudo escuro. A barba estava por fazer, exaltando ainda mais a beleza que ele tinha.

O nariz era reto e as maçãs do rosto altas, enfatizando a masculina do homem que estava muito perto dela. Ela estava parada no meio do caminho, mas começou a andar até colocar a comida sobre a mesa requintada. Embora estivesse sentado, o homem louro parecia ser muito alto. Talvez tivesse mais de 1,85m. Até que Annabel se deu conta de quem poderia ser ele. Era o Príncipe Constantin, supôs ela.

CONSTANTIN GLAWSTESS-COPPERBURN, como era seu nome oficial, olhava alguns e-mails no seu smartphone moderno, quando um aroma floral foi absorvido pelas suas narinas. Procurou pelo cheiro e de repente, viu uma garota que prendeu a sua atenção. Analisou com atenção os olhos azuis claros, como ondas de um mar revolto. Observou as longas pernas, a cintura fina e a as curvas que se encaixavam perfeitamente naquele uniforme sem graça.

Quem era aquela garota? Perguntou-se. Com toda certeza, ela enlouqueceria qualquer homem com sangue quente nas veias. Tomado de assalto pelo intenso desejo provocado por ela, respirou fundo e colocou o autocontrole para funcionar. Não deixaria que seus hormônios controlassem suas ações. Era um príncipe e tinha responsabilidades reais, embora não estivesse em Beverdorn. Não podia perder tempo com aquilo, refletiu. Constantin colocou a mão no queixo, enquanto ela se aproximava com o seu café da manhã.

Ela devia ser a nova assistente de Bertrand. O seu chef havia comentado que estava precisando de uma ajuda na cozinha, só não imaginava o quanto a ajudante fosse bonita e atraente. Novamente espantado, empurrou esses pensamentos para longe. Finalmente, ela colocou a comida saborosa sobre a mesa e quando ela virou-se para retornar à cozinha, Constantin segurou seu pulso.

- Aqui está seu café, Alteza. - Disse a garota com cabelos loiros brilhantes e com a voz trêmula.

- Obrigado. - Ele curvou a boca, que parecia ter sido esculpida num sorriso, que a deixou de pernas bambas. O toque no seu pulso parecia queimar a pele de Annabel e ele percebeu isso. - Qual o seu nome? - Perguntou ele.

- Annabel, Alteza. - Ele soltou o braço dela.

- Seja bem-vinda à casa. Tenha um bom dia. - Sorriu Constantin, vendo a reação que causava na garota.

Ela se virou rapidamente e voltou à cozinha. Ele observou atentamente o andar dos seus quadris, enquanto ela andava. Acomodou-se na cadeira e se deliciou com o bacon, os ovos e os pães. O sabor estava divino, Constantin concluiu.

ENQUANTO ISSO, Annabel tentava fazer com que a respiração voltasse ao normal. Precisou de um copo de água para ajudá-la. Embora não notasse, Bertrand estava atrás dela, aguardando-a para continuarem trabalhando.

- Você está bem, Annabel? - O chef de cozinha questionou, vendo que Annabel levou um susto ao vê-lo.

- Estou bem, obrigada.

- Então por que está respirando desse jeito? - Ele insistiu.

- Não sei. Mas estou bem, Bertrand. Então, qual vai ser a minha próxima tarefa? - Ela tentou desconversar, e esquecer aqueles olhos azuis que não saíam da sua mente.

QUASE NA HORA DO ALMOÇO, Constantin estava em uma reunião com um importante empresário britânico, Trevor Morgan, que atuava no ramo de segurança privada e com softwares de tecnologia. Mesmo assim durante a reunião, aquelas feições delicadas e aqueles longos cabelos brilhantes, teimavam em deixar sua cabeça. Assim que a reunião terminou, despediu-se de Trevor, agradecendo pela parceria que tinham acabado de firmar.

Constantin era um homem da realeza, que daqui a alguns anos seria coroado rei de Beverdorn, um país pequeno que ficava no norte da Europa, no Mar do Norte e tinha um clima muito frio. Quando era preciso resolver assuntos de Estado, o rei Nicolas o enviava às nações juntamente com os diplomatas de Beverdorn. Eram apenas ele e o pai, tomando conta de uma pequena nação. A mãe de Constantin havia morrido quando ele era criança.

Ele voltou para sua mansão, dirigindo seu Aston Martin escuro pela cidade, ainda pensando se veria aquela garota novamente. Alcançou a sua casa e passou a mão pelos cabelos louros escuros. Só havia uma solução para aquilo, se ele satisfizesse seu desejo, não havia outra maneira. Enquanto não a tivesse em seus braços, aquele fogo não sumiria de seu sangue. O portão da sua casa se abriu e ele estacionou o carro na garagem.

ANNABEL SE ENCONTRAVA na cozinha ajudando Bertrand a limpar as baixelas de prata, quando escutou o barulho de um carro se aproximando do quintal. Sentiu um frio na barriga e ouviu passos pesados sobre o piso de mármore. O estômago se apertou, contudo ela não entendia o motivo das reações tão estranhas do seu corpo. A pele estava arrepiada e o coração batia fortemente.

O almoço estava pronto. Ela e Bertrand haviam preparado salmão assado com ervas, acompanhado arroz arbóreo com queijo e saladas finas. Annabel se impressionou pela habilidade de cozinhar do chef e por isso, ele merecia reconhecimento pelo que fazia.

Constantin se sentou à mesa da sala de jantar. Sentia-se solitário, pois estava longe do pai. Olhou para o lado e lá estava ela, a garota loira que estava fazendo-o perder a concentração. Ela andava como se não tivesse ideia de sua beleza, e mais, com uma timidez que fazia Constantin ficar ainda mais intrigado. Em seguida, Annabel trouxe uma forma com um salmão cheiroso, de dar água na boca.

Ele a observava com absoluta atenção, quando de repente, ouvia um de seus fiéis seguranças gritando, que estava havendo uma invasão à casa. A realidade o atingiu em cheio e Constantin percebeu que todos na casa estavam em grande perigo. Gritos e tiros vinham da frente da residência. Constantin pegou Annabel pelo pulso e abaixou-se para se protegerem. Abismada com a situação, ela não entendia o que estava acontecendo. Subitamente, homens encapuzados começaram a adentrar a casa e os empregados tiveram muito medo, mas permaneceram quietos.

Os bandidos arrombaram a porta da frente, caçando Constantin. Annabel espiou e percebeu que carregavam pistolas. Um deles parecia ser o líder e buscava em todas as direções indícios do príncipe. Até que, em um ato sem pensar, ela se levantou de baixo da mesa e enfrentou o bandido. Não sabia o que estava fazendo, nem o que faria a seguir, quando uma arma foi apontada para sua cabeça.

Memórias de Um Amor (Conto Único) (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora