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Os olhos castanhos fora tudo que notou quando ele entrou. Até mesmo o sangue escorrendo de sua roupa branca parecia irrelevante referente ao modo como a encarava.

Soava tão fraco. Anne sentia como se ele estivesse implorando. Implorando por uma ajuda que ela não era capaz de dar.

Mas estava tão machucado. E caído no chão de seu consultório, não parecia ser capaz de fazer nada imprudente. Muito menos desejava.

O que deveria fazer? Se o ajudasse... se ousasse tocar nele sem saber exatamente o que estava acontecendo, poderia ser condenada a morte.

Ela não queria morrer. Não ainda.

— Você... — começou a falar, enquanto suas mãos eram apoitadas na mesa atrás de si — Como diabos entrou aqui?

— Atrás de mim — o homem falou, com certa dificuldade.

Sua respiração era irregular por causa da perca de sangue e cansaço, mas ele continuou:

— Eles estão atrás de mim.

Assim que terminou a frase, um forte arrepio atravessou o corpo de Anne.

Eles.

Anne sabia perfeitamente quem "eles" eram, e o que significavam para as pessoas da década atual.

— Os caçadores? — ela indagou, vendo-o afirmar com a cabeça.

O homem apertou a grave ferida em seu abdômen e só então Anne pareceu capaz de voltar para a realidade.

Se estavam atrás dele, só poderia haver dois motivos aparentes: ou ele era um defeituoso, ou havia ajudado um defeituoso.

E em qualquer uma das opções, se a garota ousasse se meter no meio, seria apenas outra pessoa condenada a morte.

— Eu não posso ajudar você — ela falou, assustando-se quando ele tentou, de modo inútil, se levantar. — Precisa ir embora antes que eles cheguem.

Mas não houve movimento algum no corpo do homem em sua frente. Não porque não queria, simplesmente não conseguia.

A fraqueza levemente estava tomando conta dele. Conta de todo o seu ser.

Por acaso estava morrendo?

— Ei, por favor, por favor apenas vá embora... — pediu.

Desejava tanto se aproximar sem pensar duas vezes e ajudá-lo, mas era incapaz.

Outra vez, ele a lançou aquele olhar de antes. O olhar que a analisava. Que a julgava sem piedade.

— Você... — ele começou a falar, mas parou ao escutar fortes batidas emitidas da porta de entrada do consultório.

Eram eles.

Com toda certeza eram eles.

— Tem alguém aqui? Por favor, se sim,  abram logo a porta. Somos do esquadrão Welyar e estamos em busca de um danificado. Se não fizer o que estamos pedindo, não teremos outra escolha, nós entraremos a força — a voz do outro lado disse.

Defective ❄️ Park JinyoungOnde histórias criam vida. Descubra agora