Capítulo 1

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Aquele caso havia caído de paraquedas no colo de Rosemarie Hathaway. A ironia completa foi encontrar um corpo dentro de um cemitério, mas ele não estava exatamente dentro de um caixão. Era algo totalmente sem sentido, um corpo solto no cemitério, cheio de muitos outros em putrefação e justamente aquele estava queimando os miolos da agente Hathaway.

O caso era tão estranho à ponto dos legistas ficarem meio perdidos sem saber até mesmo a melhor forma de retirar o esqueleto. O fato do cadáver estar em estágio tão avançado de putrefação era um fator preocupante a mais. Como retirar aquele emaranhado, de seja lá o que for, que envolvia o corpo dentro do lago?

Por isso não gosto de lagos, ela pensou sentindo todo seu corpo arrepiar.

Lagos, que não circula, não se renova, agua parada. Era como como estava o caso, estagnado. Ela sabia que tinha que pensar em algo, e rápido.

Vamos Hathaway, onde está a sua esperteza agora?

Ela trincou os dentes no copo de café que segurava próximo a boca. O vapor quente ajudava no frio do outono, seu nariz a pouco parecia congelar. Pegou seu celular no bolso do sobretudo preto, abriu a lista de contatos e... nada vinha a sua cabeça. Olhou para o rio novamente, todos trabalhando com a tensão do caso. Ela começou a se sentir inútil, bufou em frustração e até mesmo pensou em ligar para sua amiga.

Claro, Sidney!, gritou mentalmente.

Ela poderia ajudar, claro, ela trabalhava em um museu. Esse foi um dos poucos momentos que Rose se lembrou que Deus existia e de como era bom. No decorrer dos anos, vendo tantos casos difíceis, ela quase desacreditou. Discando a chamada rápida, esperou ansiosa mordendo os lábios a cada toque que o telefone fazia.

Ela não sabia que horas eram ao certo, e nem mesmo tinha um relógio de pulso para conferir. Independentemente do horário, esperava que ela atendesse. Tinha que atender!

—O que aconteceu?— a voz feminina soou imparcial ao telefone.

—Olá para você também!— ironizou com um sorriso, a agente não podia estar mais feliz em ouvir uma frase curta e grossa de sua amiga.

—Estou em horário de trabalho.

—Melhor ainda, preciso de um favor seu...

Ela sorriu ao telefone, os olhos ainda no lago e a esperança sendo refeita que daquele caso, achariam a resposta.

[...]

Depois do inferno para estacionar, Rosemarie finalmente entrou no Museu de História Natural de Nova Iorque. Ainda um tanto irritada, murmurando que era mais fácil passar a pegar táxis ao invés do carro ofertado pelo FBI, aproximou-se da recepção. Uma moça loira sorriu para ela e fez todo aquele discurso tolo de "seja bem vindo".

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