Preston Hawkins
O escritório da mansão dos Hawkins continua do mesmo jeito desde em que estive nele pela última vez, repleta de móveis antigos e objetos de luxo escolhidos a dedo pelos meus pais, que sempre fizeram questão de mostrar para o mundo o valor das suas contas bancárias. Inclusive em tempos de crise econômica, lembro-me do meu pai e minha mãe prometendo que jamais deixariam os problemas financeiros vierem a público. Odiavam a ideia de serem posicionados próximo a classe média. Sempre no topo da pirâmide, nunca abaixo.
Parado em frente a uma das maiores conquistas da vida de William Hawkins – uma belíssima obra autêntica de Claude Monet – esperei que o novo mordomo da propriedade chamasse os patrões. Era esperado ser tomado por recordações ao pôr os pés onde cresci e me iludi com a vida de aparências que se estabeleceu por todos esses anos. Algo que só pude enxergar quando já estava casado com Elizabeth e inaugurado a minha própria empresa com o financiamento do, até então, amável casal Will e Bridget. Duas das decisões mais equivocadas da minha vida, que resultou em uma esposa morta e sócios que a todo momento insistiam em pegar uma parte dos lucros que a empresa alcançara graças ao meu desempenho como CEO.
Agora, 10 anos e 7 meses depois do fatídico dia que mudara o meu modo de ver o mundo, retornei a esse lar de mentira a fim de fechar um ciclo autodestrutivo de culpa, medo e rancor. Um ciclo que me acompanhou por tempo demais e inibiu a vontade de iniciar um novo, de amar sem barreiras uma mulher. Este é o ponta pé inicial para o longo caminho de redenção que tracei algumas horas antes com a ajuda de Max. Como ele termina?
Sem drogas, arrependimentos e espaço para o passado, com o surgimento de um novo Preston. Integralmente digno de ser o homem da magnífica Alexia Armstrong.
- Não consigo lembrar da última vez em que pôs os pés nessa casa.
A voz cinicamente doce da mamãe interrompeu meus pensamentos. Sem virar para a direção da porta e mantendo os olhos na pintura, falei:
- Eu lembro. Após o funeral da Elizabeth, onde prometi que jamais colocaria os pés novamente.
- Veio se gabar do meu desligamento da empresa?
Aqui está o rancor que já aguardava existir na voz do meu pai e por mais doentio que pudesse parecer, tive vontade de sorrir. Ele tentara tirar proveito de acordos pelas minhas costas inúmeras vezes e até tentar tomar o meu lugar no comando no início da empresa, com a desculpa de que seu nome faria bem a imagem. William e seus interesses sem disfarces.
No momento em que girei o meu corpo para encarar as duas pessoas que já admirei e odiei tanto, senti-me estranho por não ser tomado por uma onda de cólera, impossível de controlar. O que acontecia com frequência ao pensar neles ou ter a infelicidade de nos esbarrarmos em algum evento. Todavia, agora me encontro completamente indiferente das coisas ruins que cometeram ou deixaram de cometer. Eu só quero acabar com isso de uma vez.
- Pensei que estivesse satisfeito com o que lhe paguei por sua porcentagem, afinal a quantia é significantemente maior do que me emprestou quando fundei a empresa.
De repente o meu pai começou a esbravejar com o dedo indicador em riste.
- Mas você sabe que eu queria continuar com a minha parte na Hawkins Technology, porra! A minha empresa não está lucrando como antes e raramente sou procurado para novos negócios, nem mesmo os meus outros investimentos tem sido considerados expressivos. - passou a mão pelo cabelo grisalho, que um dia foi tão escuro quanto o meu – Eu lhe estendi a mão logo que saiu da faculdade e agora quando preciso mais de você, sou apunhalado pelas costas com a notícia de que queria chutar a minha bunda. Que espécie de filho nós criamos?
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SHADES OF COOL
RomanceAlexia Armstrong poderia ser uma típica filha mimada de uma estilista e um empresário, que esbanja poder, beleza e fama, porém nada disso a define. Em seus 26 anos se desdobrando pra terminar sua faculdade, estampar seu rosto em campanhas mundialmen...