Alexia Armstrong
O silêncio do escritório do Preston é reconfortante depois de quase duas semanas repletas de compromissos, agito e pessoas querendo falar comigo o tempo todo. A vista que o último andar do prédio da Hawkins Technology possui proporciona ainda mais calma e beleza ao cômodo. Acomodada na cadeira giratória de couro, com papéis espalhados pela mesa, soltei um suspiro de alívio quando dei por finalizado a revisão dos contratos e relatórios dos gastos iniciais das obras. Juntei toda a papelada, guardei em uma pasta e coloquei-a dentro da primeira gaveta, onde o Preston pediu que eu os deixasse. Ele tinha se oferecido para fazer essa tarefa em meu lugar, mas é claro que acabei protestando, pois quero me sentir útil no início, durante e no fim de todos os projetos. Portanto, não insistiu em ajudar ou facilitar o trabalho.
Como havia me pedido para aguardar seu retorno da reunião para irmos direto para o seu apartamento juntos, permaneci na sua sala, terminando de beber o suco natural que a secretária trouxera em meio à confusão de folhas, sem que ao menos tivesse requisitado. Ao contrário de muitos filmes românticos ou livros, não tenho ciúmes da funcionária do meu namorado. Addison é uma mulher adorável e competente, que sempre se mostra o mais profissional possível.
Quando estive nesse prédio pela primeira vez, de mãos dadas com Preston sendo apresentada para todos os conhecidos, vi que ela realmente aparentava estar feliz com a novidade e a nova faceta do seu chefe. Graça a mim, o presidente da empresa se tornou menos mal-humorado.
Levantei da cadeira e com o intuito de alongar as pernas, comecei a caminhar pelo cômodo amplo. Passei pela frente da estante cheia de livros, li alguns títulos e folheei os que reconheci, até que meus olhos toparam com o porta-retrato que exibe uma foto da Elizabeth. Seu sorriso largo, os olhos brilhando de felicidade e o cabelo soltos mostram que o registro foi feito em um de seus melhores dias. Segundo o Preston, foi a última tarde divertida que ela teve, cerca de alguns dias depois o acidente aconteceu e a felicidade de planejar o futuro para si, para o seu bebê, não durara muito tempo.
Andei mais um pouco pelo escritório até alcançar mais uma vez a cadeira giratória e sentei nela, sorrindo ao olhar para os dois porta-retratos que ele colocara em sua mesa. As duas fotos são das nossas miniférias na Grécia com os meus pais, Fay e Nolan. Uma tinha sido tirada durante um jantar em um restaurante tradicional da região, papai estava com a mamãe em seu colo, o nosso casal de melhores amigos segurava a mão um do outro sobre a mesa, enquanto eu estou posicionada atrás da cadeira do Preston com o tronco curvado e os braços envolviam seus ombros largos. Todos, sem nenhuma exceção, transbordam de felicidade.
Na outra foto somos apenas ele e eu, dessa vez eram os seus braços rodeando o meu corpo por trás, ao mesmo tempo em que assistíamos o show de uma banda local. A viagem foi absolutamente incrível, revigorante e inesquecível. Mostrei os meus lugares prediletos, sugeri pratos, o obriguei a caçar pedras na praia nos fins de tarde. Hawkins me dera de presente um vestido e fizemos amor sob a luz do luar. Tudo foi novo para ele – que só saía do país quando o trabalho exigia – estar relaxado em meia a pessoas que o amam, rir e se divertir sem precisar recorrer as drogas. Ao longo da viagem de volta para São Francisco, prometemos um ao outro que faríamos outras aventuras em breve.
O barulho da porta sendo aberta roubou a minha atenção e sorri me preparando para topar com Addison, mas o coração acelerou no instante em que meus olhos encontraram o rosto do Preston. Escutei-o se despedir de alguém fora da sala antes de se virar na minha direção, fechando a porta atrás de si. Ficou parado por alguns segundos, me observando em silêncio.
- Algum problema? Achei que tinha pedido que o esperasse.
Ele sorriu ao ouvir a pergunta.
- Só parei um momento para admirar o quanto fica linda atrás dessa mesa. - disse ao dar os primeiros passos para acabar com a distância entre nós, segurando algumas pastas em uma das mãos - Essa sala combina com você.
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SHADES OF COOL
RomanceAlexia Armstrong poderia ser uma típica filha mimada de uma estilista e um empresário, que esbanja poder, beleza e fama, porém nada disso a define. Em seus 26 anos se desdobrando pra terminar sua faculdade, estampar seu rosto em campanhas mundialmen...