iv. please, don't go.

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TIFFANY

O navio atracou. Chegamos em Haeundae, uma das praias mais famosas da Coréia do Sul. É lindo aqui! E para uma primeira vez, eu com certeza estava na melhor das companhias.

Eu e Jessi havíamos alugado um quarto em uma pousada, mas não ficaríamos muito por ali. Estávamos mais preocupadas em conhecer os pontos turísticos e todas as coisas que Haeundae poderia nos proporcionar. Por isso, alugamos também um carro, pois seria a melhor maneira de viajar sem gastarmos dinheiro com dezenas de táxis para irmos daqui até alí.

Após deixarmos boa parte de nossas coisas na pousada, eu e Jessica decidimos sair pela cidade. Haviam algumas coisas que gostaríamos de conhecer, como a praça central e os campos, e fomos diretamente para lá.

Na praça, havia uma roda de artistas cantando e dançando, e Jessica não pôde conter-se em me puxar para que dançassemos com eles, e isso acarretou em mais alguns casais se juntando a nós. Foi divertido, e tiramos algumas fotos também. Depois disso, compramos sorvete, eu de morango e ela limão, como fazíamos desde pequenas, sempre que nos encontrávamos. Infelizmente não existia napolitano de limão com morango ainda, então a senhora Jung tinha que comprar sempre dois potes, pois éramos (ainda somos) esfomeadas! E um pequeno não supriria nossas necessidades de crianças em fase de crescimento, diga-se de passagem.

Sentadas sobre uma mureta na ponte, observamos a água correr pelo rio e seguir até o mar da praia. Era limpinha, ao meu ver, então eu não me preocuparia em entrar na água quando fôssemos para a praia novamente. Se bem que isso não era um problema, visto que as pessoas estão cada vez mais sujando o oceano! E isso me deixava tão nervosa, que se tocassem no assunto comigo, eu teria um surto, e...

— EI, GAROTO! - eu gritei, que absurdo! Um garotinho de no mínimo dez anos estava para jogar a colher de seu sorvete no riozinho. — Se você fizer isso eu vou pessoalmente chamar os tubarões para levarem você para o fundo do mar! E eu acho que eles não vão ficar contentes com você poluindo a água deles, tá me ouvindo?

O garoto se assustou com a minha fala e rapidamente agarrou a colher, para sair correndo dali em seguida, chamando por sua mãe. Jessica riu do meu ato infantil e inesperado, mas para ela parecia muito normal. Ela me conhecia bem.

— Você é doida! Ele vai chamar os pais. - Ela disse, tomando mais um pouco de seu sorvete.

— Pois que chame! Assim eu já ensino boas maneiras para toda uma família. Eu hein, cada coisa que me acontece...

— Ah, é? Olha eles ali.

— Onde? - me assustei e fui correndo para trás de Jessica, como uma garotinha medrosa. Mas não havia ninguém, e a risada alta dela só fez com que eu me tocasse da brincadeira. — Idiota!

— Medrosa, boba. - Ainda rindo, ela saiu me puxando para que voltássemos a andar pela cidade. Aquela garota... Ela ainda me deixaria louca.

Fomos para o campo depois disso. Era um campo de trigo bem grande e com uma vista perfeita da cidade abaixo de nós. Não havia gente ali, talvez ninguém estivesse realmente interessado em ver trigo crescendo. Eu e Jessica fizemos um piquenique pequeno, com bolo, frutas e salgadinhos. Como eu disse antes: mortas de fome, nós éramos isso.

Jessica havia colocado uma fita no som do carro, e quando nos sentamos no capô para assistir o pôr do sol, enquanto Something dos Beatles tocava ao fundo, ela segurou minha mão. Não trocamos olhares nem nada disso, mas aquele toque me remeteu ao episódio da guerra de comida do acampamento, quando ela o fez pela primeira vez. Naquela época, eu não devo ter me importado muito, mas agora, aquilo significava o mundo pra mim. Eu não evitei sorrir, e de alguma forma, sabia que ela estava sorrindo também. E assim seguiu a nossa tarde, com uma boa música tocando e o sol se despedindo de nós, para que voltasse amanhã.

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