viii. after the sun.

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JESSICA


Quando eu tinha treze anos, conheci aquela que fez minha vida mudar drasticamente. Tiffany Hwang, a garota resmungona e com um leve medo de tirolesas, não tanto quanto eu tinha de coisas altas e atividades que exigiam adrenalina, mas tinha. Durante aquele verão, nos tornamos melhores amigas, e eu soube desde a primeira vez que nos vimos, que nós estaríamos juntas sempre.

Com licença? - Eu falei assim que me aproximei dela. Acredito que ela estava brava no momento, mais especificamente com Kim Hyoyeon, aquela garota era um problema! Mas era legal quando queria. — Este lugar está ocupado?

De forma alguma! - Ela respondeu, um sorriso meio envergonhado bordando-lhe os lábios, para que logo jogasse a mochila em outro garoto para que eu pudesse me sentar. Eu apenas ri da cena. — Fique a vontade!

Por algum motivo que eu nunca irei saber, mas gosto de pensar que foi o destino, acabamos no mesmo quarto. E dali, surgiram os primeiros indícios de uma amizade que duraria a vida toda.



Como você pode dizer que o Lion é o melhor personagem de Thundercats? A Cheetara dá de dez nele sem ajuda nenhuma! - Naquele momento, estávamos discutindo sobre desenhos animados que possuímos certa afeição, e por eu dizer que Lion era o meu favorito por ser o mais forte e o mais legal, ela simplesmente surtou! E foi muito engraçado ver sua cara de indignação.

Não escute ela, Lionzinho. Ela não sabe o que diz! - Eu, zombeteira, resmunguei para minha pelúcia do Leão do desenho, e ela apenas cruzou os braços e resmungou baixinho enquanto voltamos a falar sobre desenhos e arrumar-mos nossas coisas.

Aquele verão foi, sem sombra de dúvidas, o melhor de toda a minha vida. Eu descobri em Tiffany uma amizade que eu nunca havia experimentado antes, pois eu nunca me dei bem por aqui. Não posso dizer que em São Francisco era melhor, pois eu era ainda mais excluída por lá. Gosto de pensar que o motivo era eu ser especial, pois se eu desse bola para as pessoas que zombavam de mim por conta dos meus olhinhos pequenos e minha descendência, eu seria alguém triste, e felizmente nunca dei atenção para isso.

Quando o acampamento acabou, eu me sentia imensamente triste por ter que ir embora. Tiffany e eu morávamos em cidades diferentes, e isso só reforça a ideia de que o destino nos juntou, pois meus pais mal frequentavam a igreja, mas descobriram sobre a viagem ao acampamento por meio de um amigo que seria responsável por ajudar no orçamento do evento. Eu deveria agradecê-lo muito por isso.

Quando nos despedimos, choramos igual duas criancinhas, e realmente éramos, mas Tiffany, que nem era de chorar, parecia um bebê! E, se não fosse tão chato ter que me despedir da minha recém conquistada melhor amiga, eu estaria rindo horrores da cena.

Promete que não vai se esquecer de enviar mensagens? - Eu disse, quase chorando.

Eu prometo. Promete que não vai se esquecer de me responder? - Ela perguntou, já com as lágrimas escorrendo por suas bochechas gordinhas. Ela era tão fofa!

Eu prometo! - Eu afirmei, e nunca descumpri durante os anos que nos falamos por mensagens.

Depois daquele ano, eu e Tiffany nos víamos pouco, mais precisamente em datas comemorativas ou quando seu pai estava disponível para levá-la até minha casa ou os meus me permitiam ir para a dela. Mas nós nunca deixamos de nos comunicar. Todo dia era uma história diferente para ser contada, e quando não tínhamos nenhuma novidade, inventavamos!

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