XI - Sobre a nostalgia

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Sinto-me velha, tão velha

Sentada na poltrona reclinável

Esperando os netos que nunca chegam

E a morte, a passagem inevitável

Revivendo as lembranças de uma vida longa

Existindo com a solidão

De ter apenas os antigos fantasmas ao meu lado.


O amor de uma vida já se foi

E deixou-me somente saudade

Sua foto emoldurada na estante

Traz o choro ressentido por não ter me esperado

Por não poder sentir o seu consolador abraço

Pelo inacessível calor de seu olhar terno

Pelas coisas boas e as ruins que juntos superamos.


Também convivo com as lembranças

De crianças que corriam pela casa

Dos gritos alegres

E das gargalhadas altas

Dos brinquedos espalhados

Dos rabiscos que faziam nas paredes

Mas que hoje não passam de passado.


Pauso, reflito, respiro

E escrevo um poema

Lembro de quando meu pai o fazia

E que não o vejo há mais de meio século

Penso nas delícias do paraíso

No descanso para a alma calejada

E no abraço que mais espero.


Queria andar pelos corredores

Da minha antiga casa

Onde as memórias são mais vivas

E a saudade é mais intensa

Os momentos revivo, um a um

E a lágrima do olhar escapa

Pois somente eu recordo.


Éramos uma família grande

Hoje, estou só neste quarto

Onde o silêncio deprime a cada dia

A solidão causa o vazio

E minha voz só encontra as paredes

Continuo vivendo no passado

Com os fantasmas que outrora amei.

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