Sinto-me velha, tão velha
Sentada na poltrona reclinável
Esperando os netos que nunca chegam
E a morte, a passagem inevitável
Revivendo as lembranças de uma vida longa
Existindo com a solidão
De ter apenas os antigos fantasmas ao meu lado.
O amor de uma vida já se foi
E deixou-me somente saudade
Sua foto emoldurada na estante
Traz o choro ressentido por não ter me esperado
Por não poder sentir o seu consolador abraço
Pelo inacessível calor de seu olhar terno
Pelas coisas boas e as ruins que juntos superamos.
Também convivo com as lembranças
De crianças que corriam pela casa
Dos gritos alegres
E das gargalhadas altas
Dos brinquedos espalhados
Dos rabiscos que faziam nas paredes
Mas que hoje não passam de passado.
Pauso, reflito, respiro
E escrevo um poema
Lembro de quando meu pai o fazia
E que não o vejo há mais de meio século
Penso nas delícias do paraíso
No descanso para a alma calejada
E no abraço que mais espero.
Queria andar pelos corredores
Da minha antiga casa
Onde as memórias são mais vivas
E a saudade é mais intensa
Os momentos revivo, um a um
E a lágrima do olhar escapa
Pois somente eu recordo.
Éramos uma família grande
Hoje, estou só neste quarto
Onde o silêncio deprime a cada dia
A solidão causa o vazio
E minha voz só encontra as paredes
Continuo vivendo no passado
Com os fantasmas que outrora amei.
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Versos Consoladores para o Dia-a-dia Corrido
PoetryDepois de escrever "Os versos e reversos da vida" e de completá-lo, um novo livro de poesias foi necessário, para dar vazão a tudo que ainda há dentro de mim. Diferentemente daquele, que continham versos acumulados, guardados e empoeirados durante a...