Capitulo 2: Elis

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Observo Erik ir embora. Vejo-o pela janela de perto, não muito, mas perto. Acho ele uma pessoa interessante, afinal, que tipo de pessoa normal tem uma casa no meio do nada? Sem dizer que ele tem olhos bonitos. Mesmo que estava tudo escuro na floresta, me lembro de olhar fixamente nos olhos dele e ver o quanto são bonitos e brilhantes.

Não posso ficar pensando nele. Me sinto muito estúpida. Se eu pensar nele vou acabar relembrando o quanto fui fraca de não ter beijado ele na primeira vez. Tive medo. Geralmente eu não sou assim. Eu tento não ser assim. Mas com o Erik é diferente. Não procuro ser "forte" o tempo todo.

Não consigo ver mais Erik pela janela. Ele já deve estar longe de casa. Eu tento ver ele mais uma vez, me virando do avesso na frente da janela, Mas sem sucesso. Não consigo mais ve-lo.

Com a falta de sono, tenho uma energia que esta transbordando no meu corpo. Não quero de jeito nenhum ficar parada, Preciso fazer alguma coisa!

Pego meu caderno de desenho que esta encima de uma mesa de cor azul. A mesa tem uns desenhos nas pernas. São só iniciais minhas e da Eleonor (minha melhor amiga) todo ano colocamos nossas iniciais na mesa como um símbolo. Uma forma de dizer que nossa amizade ainda existe. Fazemos isso há nove anos. Abro a primeira gaveta que fica debaixo da mesa azul. Procuro um estojo que têm cinco tipos de carvão, uns mais grossos que outros. Não gosto de desenhar muito de lápis, não entendo o porquê o do carvão, mas a vida é o que é. Sou apaixonada pela arte, não só a visual, como: desenhos, pinturas e estruturas bem elaboradas, mas todo tipo de arte. Acredito que tudo que fazemos e pensamos é uma forma de arte. Acreditar em si mesmo é umas das artes que estão se transformando em extinção. Acredito que toda forma de expressão é uma coragem incrível, e coisas incríveis se transformam em arte. É natural.

Vou para a penteadeira que fica do outro lado do quarto. Procuro um simples lacinho, chuchinha, rabicó, Ah! Algo para amarrar meu cabelo! O "objeto" está dentro de uma caixinha de cor azul coloco o "objeto" no pulso (acho que tenho muitas coisas azuis no meu quarto. Nunca percebi isso.). Nunca tive uma cor favorita, mas acho que o azul é a cor mais evidente.

Coloco meu caderno e meu estojo desbotado com cinco tipos de carvão encima da cama. Agora a ultima coisa que eu preciso é uma bolsa que caiba o meu caderno que é maior que um caderno normal de desenho. E por sorte eu tenho esse tipo de bolsa. Eu ganhei da Eleonor de presente nunca vou esquecer no que estava escrito no cartão que ela escondeu dentro de um dos bolsos.

"Cara Elis,

Sei que você acha que seus desenhos nunca vão ser o suficiente para você ser uma artista, mas saiba que você tem uma visão sobre o mundo que eu e muitas pessoas não tem.

Use essa bolsa para levar a sua visão e sua arte para todo o lugar. Você tem beleza.

É a artista mais talentosa que eu conheço.

Sua grande e eterna fã. "

Eleonor.

Eu não tinha entendido quando ela escreveu "use essa bolsa para levar a sua visão e sua arte" Mas depois de 2 semanas ela me deu o caderno. E eu entendi. Como se uma lampada tivesse acabado de acender. Ela deixou de comprar tanta coisa para ela, só pra me ver crescer. Eleonor foi umas das poucas pessoas que acreditaram no meu pontencial, e é por ela que eu penso em crescer ainda mais como artista. Sou eternamente grata.

A bolsa estava pendurada em um pequeno cabide que estava em uma arara de cor amarela. Eu comprei essa arara em uma venda de garagem, não me lembro de quem, mas lembro que foi uns quatro a cinco meses atrás. Eu gastei menos de vinte reais nela, Me parece que o dono queria se livrar o mais rapido possivel, mas pensando bem, Foi melhor para mim. Minha mãe vive dizendo que eu preciso de cor para meu quarto. "Azul não é a unica cor que existe" não me surpreendeu o sorriso que ela deu quando eu comprei a arara de cor amarela.

A Loucura de Ser VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora