Boku no Hero Academia - N-Heroes!

Prólogo

Desde que me tornei herói, percebi que detestava reuniões. Toda vez que nos encontrávamos com o presidente éramos obrigados a contar o levantamento de nossas desastrosas missões, e tudo acabava em discórdia. A rivalidade nessa profissão parecia interessante no início, mas infelizmente alguns de nós levaram isso muito a sério.

Lá estava eu novamente, aguardando pacientemente os outros heróis profissionais. Dava pra perceber olhares curiosos na minha direção, eu sabia que ainda estava usando o meu uniforme. Mas, naquele momento, estava exausto demais para me importar.

Não demorou muito para Vlad aparecer no corredor, acompanhado de alguns assistentes. Sua altura se destacava diante de toda a corporação, e admito que era esquisito de observar. Mesmo assim, ele estava bem mais arrumado do que eu. Ele se aproximou rapidamente, ignorando todas as orientações dos assistentes do "chefão", e apertou vigorosamente minha mão, antes mesmo de olhar o meu estado.

— Você está horrível Ryo. — Infelizmente, ele comentou. Mas um curto sorriso não me deixou saber se queria debochar ou se orgulhar de mim.

— Boa noite para você também.

Eu não havia notado o quanto eu estava destruído após aquilo. Foi definitivamente uma das piores tarefas da minha vida, e Sekijiro sabia disso, ao apenas observar meu estado. Ainda sim, expliquei o máximo possível para ele, principalmente o motivo para eu ter chegado ali sem ao mesmo trocar de roupa. Mas nossa conversa foi interrompida quando, estrondosamente, o Símbolo da Paz transbordava seu descontentamento com velozes passos em nossa direção

De roupas causais, seu semblante parecia distante e furioso. Mas aparências não eram relevantes naquele momento. All Might apenas no deu um breve cumprimento, e logo, de forma brusca, adentrou a sala principal. Para pessoas normais, seria impossível o reconhecer seu seu característico sorriso. Vlad e eu hesitamos por alguns segundos, e então entramos na sala. Era um local bem minimalista, como um escritório comum. Entretanto, uma grande mesa ocupava boa parte do cômodo e, diante dela, encontrava-se o nosso representante, e líder daquela maldita missão.

— Sentem-se cavalheiros. — Foram as primeiras palavras do governante. Nós três nos sentamos na enorme mesa, nossas expressões eram indecifráveis. Estávamos longe de alcançar a satisfação por este dia.

— Primeiramente, — Ele iniciou. — Gostaria de agradecer pessoalmente seus esforços em manter nossa sociedade em paz e harmonia. Graças ao suporte de Hound-dog, conseguimos concluir nosso propósito.

Senti os afiados olhares de meus companheiros sobre mim, me forçando à rebaixar minha cabeça por vergonha. Meus punhos cerrados, que deveriam me confortar por minha força, apenas ressaltaram minha frustração.

A reunião nem havia começado, mas eu já sentia que precisava acabar com ela. Mas não precisei de uma atitude para que ela avançasse. Toshinori lançou toda sua fúria sobre nosso superior.

O som do impacto causado pelo seu punho foi algo surpreendente de se contemplar. Quando recobrei a consciência, o homem estava estirado ao chão, com um grave sangramento em sua cabeça. All Might teve de ser impedido por Vlad, para não continuar com o espancamento, mas nada o impedia de esbravejar.

Seus olhos e tom de voz estavam irreconhecíveis, eu nunca havia presenciado tal descontrole de sua parte.

"Como eu pude participar daquele massacre?!", eu pensava, sem conseguir me mover. Sendo paralisado pelos gritos das crianças, suas mães, as sirenes e os tiros

. — Nós devemos proteger a todos! — Ele vociferou, indignado. Mesmo Sekijiro tentando o acalmá-lo. — Não só aqueles que você quer!

— Nossa sociedade não é perfeita, Símbolo da Paz. — O governante respondeu com convicção. — Por isso, precisamos controlar as incidências detestáveis de vigilância. Você precisa aceitar isso. Afinal, alguns de vocês já parecem ter cogitado meus ideais.

— VOCÊ É DOENTE !? ERAM APENAS CRIANÇAS! — Saltei da mesa com o pouco de vigor que me restava. Finalmente, fiquei cara-a-cara com o maníaco que autorizou a destruição de incontáveis vilarejos. Ele me olhava com desdém, mas percebi perfeitamente o quanto seu corpo patético estava aterrorizado diante de mim. E, após alguns segundos ao silêncio, retomei a fala. — Renuncio meu posto de guardião do norte. E sugiro que faça o mesmo, antes que outra tragédia aconteça.

Antes que ele viesse a responder, Sekijiro golpeou a mesa com seu antebraço, lançando destroços para todos os cantos da sala. Ele veio a reclamar da minha atitude. Contudo, percebemos que o homem havia desmaiado, por conta do golpe de All Might.

Nos olhamos por um breve momento, que foi suficiente para nos entregar um pouco de sanidade. Então, Toshinori retirou-se do local sem dizer ao menos uma palavra. Vlad pôs a mãos sobre meus ombros, logo após eu me levantar, e seu olhar me confortou por alguns instantes. Depois disso, seguiu seu caminho.

Mesmo com o fatídico fim deste encontro, eu não pensava no que nossos superiores iriam dizer. Os desastres daquela missão não deixavam um fato tão pequeno tornar-se importante em minha cabeça.

Novamente, eu me sentia um monstro.