Descobertas

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Depois de incansáveis horas de treino, finalmente nossos jovens podiam de vangloriar de estarem em forma. Bem, pelo menos a maior parte deles.

Aleshka não precisou treinar tanto quanto seus amigos, já que iria realizar provas teóricas e obviamente ela estava feliz por isso. Só que infelizmente, ela não poderia assistir aos seus amigos na prova prática. Ela estava longe deles quando eles mais precisavam dela.

Antes do que eles poderiam imaginar, o dia do teste prático tinha chegado. Os garotos se preparavam e vestiam os seus equipamentos de forma monótona, enquanto Emi ajeitava os cabelos em um rabo de cavalo desarrumado, seu rosto e corpo estavam tensos demais.

Os dois rapazes se olharam e foram em direção a amiga, abraçando-a com ternura. A garota era tão pequena que sumiu no abraço caloroso dos outros dois, aquele momento era decisivo para os três.
Um simples gesto de companheirismo reconfortou Emi, seu medo e nervosismo precisavam ser deixados de lado para obterem sucesso nesse teste. Era necessário por um momento vestir a máscara de All Might e dizer:

"Está tudo bem! Porque eu estou aqui!"

Mesmo que no fundo, ela soubesse que heróis de verdade sempre sentiriam medo.


O ecoar da sirene e os gritos histéricos dos outros alunos interromperam o momento deles. Um arrepio percorreu a espinha de Ren por um momento, ele odiava ser o centro das atenções. Aquila suspirava fundo, mantendo uma expressão serena enquanto suas asas tremiam.

A pequena garota percebeu isso, e com um olhar confiante segurou as mãos dos seus dois amigos e os guiou para a saída do vestiário.

Estava na hora deles serem heróis.

******


No outro lado do campus, Aleshka estava enfurnada sozinha em uma pequena sala. Ela já tinha respondido grande parte das questões que encontravam-se naquele amontoado de papéis, porém ela não pode deixar de ficar desconcertada ao ouvir as sirenes da área de treinamento.

Suas orelhas de abaixaram instantâneamente. Era difícil não se culpar por ter atrapalhado os seus amigos por besteira e ainda sim, não estar presente naquele momento decisivo. Ela queria fugir daquele lugar o mais rápido possível.


— Você e seus amigos são corajosos.Shinsou disse, reparando no comportamento da garota a sua frente com curiosidade.

Aleshka não respondeu, apenas resmungou e continuou a terminar a sua própria prova.

— Foi a única equipe de bolsistas que não desistiram de participar... Já apliquei essa droga de prova 20 vezes por causa de vocês!

O rapaz direcionou a sua raiva para Aleshka, que pouco se importou. Isso o deixou ainda mais irritado, embora ele simplesmente tenha deixado sua fúria espairecer com um simples e fundo suspiro.

— Deve ser horrível não estar lá, né?.- Shinsou sussurrou com um deboche estampado em seu rosto. Mesmo tentando não falar alto, ele sabia que a bolsista era capaz de escutar perfeitamente.


Ela tinha escutado e sentiu uma dor em seu peito quando lembrou dos seus amigos. Seu rosto se fechou ainda mais, ela precisava terminar logo aquela prova. Talvez, se concluísse todas as questões antes do sinal tocar, ela poderia assistir o final do teste.

Ela mentalizava isso, seu pulso se movimentava com rapidez a medida que respondia cada pergunta. Ela sequer estava pensando ou analisando, ela só queria terminar o mais rápido possível.

Depois de incessantes e longos minutos, Aleshka levantou e entregou os papéis respondidos para o seu conselheiro. Shinsou a olhou por cima dos óculos, e antes que pudesse dizer qualquer coisa a porta da sala se abriu.


A figura imbatível de Ryo Inui adentrou a sala, fazendo com que Aleshka ficasse estática. O homem bestial sinalizou com a cabeça para que Shinsou saísse, e sem nenhuma objeção ele o obedeceu.

Ela estava diante do seu herói favorito e também da única pessoa que sabia dos seus atos de vigilância. Aleshka não conseguia sequer respirar normalmente, seu corpo todo tremia diante do herói na sua frente.

Ryo Inui estava com vestes completamentes finas para aquela ocasião, era esquisito vestir algo tão diferente do seu uniforme. Mesmo assim, seu tamanho e sua aparência indicavam respeito. O famoso Hound-Dog não deixava-se abalar nem mesmo como civil.


— Precisamos conversar, Senhorita Zakharov.

Sua voz tinha um ar autoritário, mesmo que em seu rosto estivesse estampado um singelo e confortável sorriso. Ele caminhou em direção a mesa onde Shinsou estivera a alguns segundos e encarou os papéis em cima da superfície de forma indecifrável.

Ela não conseguia acreditar que estava naquela situação. Como assim Hound-Dog queria conversar com ela!? Ele tinha descoberto a sua identidade?.
Aleshka tinha muitas perguntas, sua expressão confusa e incrédula indicavam isso claramente. Então, como se estivesse entendido isso, Ryo Inui continuou sua fala:


— Eu sei muito bem quem você é e o que você já fez em Hokkaido. Agora, eu só tenho algumas perguntas para você e preciso das respostas imediatamente.- Ele folheou as folhas e analisou brevemente as respostas nas mesmas, levando sua atenção para a menina assustada.

Ela engoliu em seco e suspirou fundo, tentando manter a calma. Ela só queria saber se seus amigos estavam indo bem na prova e agora seria interrogada por um Pro-Hero assustador, ótimo! Aquele dia estava perfeito.

— Sou toda ouvidos.- Ela disse com firmeza. Sentou-se em cima de uma das carteiras próximas e manteve uma pose descontraída, mesmo que por dentro a sua adrenalina estivesse nas alturas.


— Vou direto ao ponto. Porque você está evitando as tarefas que um aluno normal faria de bom grado?.- A pergunta acabou saindo com um tom de deboche, talvez não sendo tão intencional por parte do herói, mas Aleshka não deixou de se sentir ofendida.


— Não sou uma aluna "normal". Nenhum bolsista consegue viver normalmente aqui e vocês sabem disso.- Ela respondeu, começando a perder a paciência. — Pode ficar despreocupado que eu não estou fazendo nenhuma ditadura de "vigilância" por aqui!.- Concluiu, um pouco mais alterada que deveria. Embora, o Pro-Hero não estivesse se importando com o tom daquela conversa.

Ela encarava o homem a sua frente com convicção, seus olhos afiados indicavam uma essência extremamente forte dentro dela. Hound-Dog percebia que aquela garota de meses atrás ainda estava viva e seus ideais não estavam esquecidos, isso o deixava feliz e também preocupado.

— O diretor está começando a duvidar da minha indicação, não quero entrar em problemas por sua culpa, garota.- Ryo Resmungou, endireitando a gravata e pensando antes de continuar.— Você só está na U.A porque eu te nomeei como bolsista, não estrague tudo isso por causa do seu ego inflado.

A garota estava perplexa com as suas orelhas pontudas bem levantadas, reforçando a sua confusão mental. Era tenta informação que era difícil digerir.

— Mas que porra!?.- Ela esbravejou, saltando da cadeira e gesticulando com as mãos, incrédula.— Quer dizer que eu tô nessa merda por sua culpa!? Eu nem queria entrar nessa bosta de universidade!!.- Gritou, ficando face-a-face com o homem mais velho, mesmo com a diferença de altura gritante, Aleshka olhava nos olhos de qualquer um.

— Me agradeça por você não ter sido presa quando se intrometeu nos assuntos do governo.- Sua fala saiu ríspida e certeira, atingindo em cheio a menina orgulhosa.

Ela resmungou, cruzando os braços. Ele tinha razão.
Se não fosse por ele, talvez ela estivesse nesse momento atrás das grades.

— O sistema não aceita civis sem licença salvando pessoas, não tem nada que eu possa fazer sobre isso.- Ele refletiu, tirando um cartão do bolso de seu paletó e entregando para Aleshka.— Só que o seu comportamento tem que mudar, criança. Não levante suspeitas e jogue o jogo deles, só assim vou conseguir te ajudar nos seus propósitos e limpar a barra dos seus atos.

Ela segurou o cartão e notou alguns símbolos e códigos de HTML, aparentemente era alguma página decodificada. O que isso queria dizer? Hound-Dog estava do lado dela?

— Sei que você conseguiu invadir o site da U.A e ter acesso a todas as fichas de todos os alunos, acho que assim fica mais fácil escolher seus amigos, né?.- O homem soltou uma risada seca, sua oposição era clara e isso deixou Aleshka desconfortável. — Independente disso, sei que você é inteligente o suficiente para me ajudar em alguns assuntos, certo? Afinal, eu poderia dizer para os oficiais quem era o vigilante naquela noite e...

—Eu te ajudo.- Ela respondeu antes que ele terminasse a ameaça. — Então, você está do nosso lado?.- Ela perguntou, encarando-o com espectativa.

— "Nosso" lado?.- Ele disse com uma sombrancelha levantada.

— De todos nós que lutamos pela paz independente de quem seja, assim como All Might...- Ela disse, fazendo referência ao símbolo que não existia mais entre eles. Por um momento, Houd-Dog ficou sem palavras, logo respirando fundo e se direcionando em direção a porta.

—Sim, criança. Eu irei te ajudar a chegar mais longe nessa sua bobagem, espero não perder meu tempo, tem muitas pessoas e coisas envolvidas nisso.- Suas palavras podiam ser duras de ouvir, mas depois de tantos fracassos ele precisava ser assim. Não era a primeira vez que ele recorria a nova geração de heróis para ajudá-lo a desbancar o governo, e ele realmente esperava que fosse a última.

Ryo Inui se despediu com um simples gesto de cabeça, saindo da sala e seguindo o seu rumo. Deixando para trás uma jovem heroína com muito mais dúvidas do que respostas, e era exatamente isso o que ele planejava. Os esforços necessários para desvendar esses mistérios eram inimagináveis, e ele torcia muito para que Aleshka conseguisse entender isso.

Ser ameaçada pelo seu herói favorito não estava nos planos dela, então ainda estava bem nervosa com toda essa situação. Entretanto, Aleshka não conseguiria pensar sobre isso naquele momento, já que ela tinha lembrado dos seus amigos. Ela checou o horário em seu celular, faltava apenas 30 minutos para o final da prova. Suspirou fundo, guardou o cartão no bolso e olhou para a janela.

Ela não conseguiria chegar a tempo. Então, com toda a sua agilidade predatória, ela saltou da janela do segundo andar. O impacto no chão foi tremendo, mas mesmo com uma dor gritante, ela se pôs a correr na direção da quadra. Sua individualidade resolveria o resto, seu corpo precisava sentir dor para ela funcionar.

Uma chama ardente consumiu o seu interior, a adrenalina era espalhada para suas pernas. Com um sobressalto, sua velocidade era aumentada a medida que corria. A dor era o principal fator que ativava a sua habilidade, então era óbvio ela não querer se machucar. Contudo, as vezes era inevitável.

Sua verdadeira força vinha da dor e o seu ser funcionava com base nisso, um poder inquebrável, sem dúvidas. Mas, ao mesmo tempo, era uma tremenda tortura.

Boku no Hero Academia - N-Heroes!Where stories live. Discover now