Boku no Hero Academia - N-Heroes!

Teste

— Todos vocês vão fazer um teste prático em duas semanas.

A notícia surpreendeu a todos os bolsistas. Eles não tinham o treinamento necessário para realizar missões heróicas, suas individualidades ainda precisavam ser muito bem trabalhadas pelos mestres da U.A. Entretanto, Shinsou não parecia muito preocupado com o nervosismo de seus alunos.


— Tá de sacanagem, né!? Você sabe que a maioria de nós não treina porque NÃO É OBRIGATÓRIO!!.- Esbravejou sua aluna "preferida", as vezes ela era bem irritante.

Mesmo que Shinsou fosse seu conselheiro e professor, Aleshka não o tratava com tantas formalidades e isso era claramente algo que deixava todos desconfortáveis.


Um sorriso sádico tomou conta de seu rosto sem que o homem percebesse, ele se escorou em sua mesa e disse para a classe de maneira geral:

— Então... se eu fosse vocês começaria a correr atrás do prejuízo. Ninguém aqui quer reprovar logo no segundo período, certo?.- Mesmo que sua pergunta fosse para todos, sua atenção foi totalmente voltada para os nossos heróis, quase que intimando-os.

Aquila, Emi e Aleshka não poderiam acreditar naquilo. Desde que entraram naquela universidade eles nunca tinham precisado treinar ou algo do tipo, não era uma obrigação para eles. A instituição tinha outros focos, o objetivo principal era formar heróis profissionais em diversas áreas de atuação, tais como: Comercial, Médica ou Comunicação. Ou seja, além de serem heróis, eles também fariam um curso normalista de sua escolha.

Toda essa tensão desenfreada não tinha mais volta. Os alunos estavam desamparados, tinham apenas dois dias para melhorar as suas individualidades e se prepararem para agir como verdadeiros heróis.

*******

Tornava-se impossível encontrar paz pelos corredores durante o intervalo de almoço. A maioria dos jovens aproveitava o tempo livre para conversar e interagir com alguns clubes da universidade, um dos mais famosos clubes certamente era o de culinária.

Passar o tempo saboreando alguns petiscos poderia até ser uma opção para Ren, mas infelizmente ele tinha outros compromissos. Aquele intervalo era o único momento para o rapaz apreciar a sua revista favorita com tranquilidade.

Ele se dirigiu até uma parte isolada do pátio externo que era um pequeno jardim entre os dois prédios principais da unoversidade. Então, ele se acomodou contra o tronco de uma árvore central do jardim e começou a ler.

Alguns gritos e risadas podiam ser ouvidos por ele, era comum ter um tráfego bom de alunos naquele jardim. Embora, ele servisse apenas como uma das passagem para ambos os edifícios.


— Não sabia que você gostava da Shonen Jump! Eu leio ela algumas vezes...

Uma aproximação feminina repentina o assustou. A cabeleira ruiva na sua frente podia ser reconhecida por ele em qualquer lugar.

Itsuka Kendo era uma das residentes da classe dele, e uma das poucas garotas que interagiam minimamente com o Ren, mas mesmo assim ele era completamente apaixonado por ela.

— O gato comeu a sua língua, Ren?.- Ela perguntou, rindo da expressão estatica que o rapaz de encontrava.

Um rubor notório tomou conta de seu rosto, ele não tinha percebido que estava a encarando por tanto tempo.

— O-Oi! D-Desculpe por isso...- O rapaz disse constrangido.

A menina sorriu singela, agachando e ficando cara a cara com ele.

— Sem problemas! Eu só queria passar para te avisar que uns amigos seus estão te esperando na quadra de treino!

O rosto dele entrou em confusão. Amigos? Ele não interagia com ninguém além dela. Quais amigos poderiam ser?

Antes que ele pudesse perguntar, Kendo saiu andando alegremente para o encontro de outras meninas. Ela se despediu com um aceno animado e seguiu para o interior do prédio. Ela realmente só tinha ido ao encontro dele com aquele objetivo.

Bem, pelo visto ele não tinha muita escolha.

Ren juntou as suas coisas e caminhou em direção ao seu destino. Torcendo para não ser nenhum trote de mal gosto dos seus veteranos. O caminho até a quadra de treinos fora tranquilo. O campus gigantesco era repleto de árvores de sakurá, um verdadeiro refúgio ambiental para aquela espécime tão graciosa.

Talvez, ele deveria passar mais o seu o tempo no campus ao invés daquele projeto de jardim interno.

O rapaz chegou de fininho na quadra, evitando chamar muita atenção. Afinal, era notório a presença de outros colegas treinando ali.

Ren descansou-se sobre a arquibancada, observando alguns rostos conhecidos e desconhecidos lutando entre si. Ele ainda estava relutante em se aproximar muito, não entendia quem queria conversar com ele.

— Finalmente te achei, cabeça de vento!.- O Grito feminino podia ser ouvido a muitos metros de distância. Ren olhou na direção do som assustado, reconhecendo a dona daquela voz.

A garota se aproximava com velocidade, correndo como uma verdadeira fera atrás de sua presa. Ele fez o que qualquer um faria naquela situação:

Fugiu.

— PARA DE CORRER, DESGRAÇADO! SÓ QUERO CONVERSAR!!

Ele não parou de correr, sua reação e o seu desespero tinha fundamento, Ren não queria estar no caminho daquela delinquente novamente. O último encontro dos dois foi um impacto gigantesco, literalmente.

Aleshka definitivamente não emanava simpatia ou confiança, pelo menos ela tentava. Mesmo que não funcionasse. Então, simplesmente parou de correr e continuou seguindo o fugitivo.

Ren não conseguiu avançar muito ou sair do local, ele tinha sido bloqueado por um desconhecido alado.

O garoto tinha um par de asas de animais diferentes. A esquerda lembrava asas de borboleta, enquanto a direita de um falcão. O desconhecido esbanjava um sorriso acolhedor, bem diferente da menina endiabrada de antes.

— Desculpe, Ren. A Kami não consegue ser muito tranquila ou receptiva.- Disse, coçando a nuca um pouco constrangido. Ren ainda estava sem entender nada, então ainda continuou com a sua postura tensa. Como ele sabia seu nome?

— A propósito, eu sou o Aquila. Sou da turma da garota que te perseguiu, mas não se preocupe... não vamos mais ser tão invasivos.... Certo?.- Aquila continuou, direcionando a sua pergunta para Aleshka que já tinha se aproximado o suficiente de ambos.

Ren não a tinha percebido até então. Ela saltou em cima dele, colocando um de seus braços ao redor de seu pescoço num gesto amigável.

— Foi mal, Foi mal!

A menina bestial falou, gesticulando com a outra mão livre em sinal de rendição. Ela ainda mantinha Ren naquela posição, e novamente ele já estava com o rosto totalmente vermelho.

Nós dois encontros com ela, ele já tinha se aproximado muito fisicamente de uma menina. Isso deixava os seus neurônios loucos.

— Que confusão é essa, gente!?.- Emi se aproximou, vendo toda a baderna de seus amigos. Ela percebeu a presença de Ren, levando a mão a boca bastante surpresa.

— Então você é o bolsista que foi atropelado naquele dia!? Prazer em te conhecer! Sou a Emi.

Mais uma aproximação feminina repentina. Dessa vez Emi o encarava com um interesse genuíno, verificando o rapaz de cima a baixo.

Ele tremia de nervosismo. Ren odiava ser o centro das atenções, principalmente femininas. Aquila parecia entender um pouco os sentimentos do rapaz intimidado, então ele rapidamente tomou uma atitude.

Aquila rapidamente puxou Ren das garras de Aleshka, sendo até um pouco mais brusco do que o normal e pedindo desculpas pelo mal entendido novamente.

Aleshka bufou um pouco irritada, já Emi ainda mantinha seu foco no Ren.

— Bem... pelo visto essa não foi a melhor forma de convidá-lo, né Aquila?.- A garota mais baixa perguntou, jogando os cabelos ondulados para trás e os amarrando com desleixo.

Aquila concordou com a cabeça, continuando logo em seguida:

— Nós precisamos da sua ajuda, Ren. Os testes vão acontecer em algumas semanas e estamos sem membros suficientes na equipe...- O garoto olhou nervoso para Aleshka. Ela cruzou os braços e suspirou fundo, se aproximando mais e ficando face-a-face com Ren.


— Acabei prejudicando meus amigos.- Ela falou, quase como um desabafo. — Shinsou e Aizawa me desclassificaram dos testes pelo meu comportamento no dia da reunião....

Ren os olhava incrédulo. Quer dizer que precisavam dele só pra isso?

A garota continuou, sem hesitar.

— Sei que você não tem obrigação nenhuma de nos ajudar, quer dizer.... Me ajudar. Mas, realmente não queria que eles perdessem a chance de participar por minha culpa.

Aleshka parecia arrependida de verdade. As lembranças do final da reunião eram um pouco confusas, afinal, ela só se recordava mesmo de quando lançou um copo de café quente contra o Shinsou no meio da discussão. Depois do mal entendido, ela acabou sendo retirada do programa de treinos e iria somente fazer provas teóricas antes da prova final de resgate, ou seja, ela não praticaria nada de sua individualidade na U.A.

Ela abaixou o olhar. As orelhas caídas e a cauda abaixada indicava um semblante frustrado. Mesmo que ela tivesse sido um pouco brusca na forma de interagir com Ren, ele percebia que ela não sabia realmente controlar sua personalidade.

— A ideia era convidar você para participar da nossa equipe. Sabemos que você está sem grupo também....- Emi falou de forma mais honesta que deveria.


— Onegaishimasu!!! Aceite nossa proposta!!!

Emi e Aquila disseram ao mesmo tempo, fazendo uma reverência ao estilo oriental. Os dois forçaram a Aleshka a fazer o mesmo gesto.

Os três claramente estavam em uma situação complicada, talvez eles tivessem se humilhado dessa forma para outras pessoas também sem muito sucesso. Agora, Ren se encontrava em uma posição difícil, ele nunca imaginou que outras pessoas além de Kendo o quisessem por perto.

Ele arrumou os cabelos para trás e suspirou. Era constrangedor demais implorar daquela maneira em público. Muitos outros alunos perceberam a cena esquisita, alguns riam e outros apenas cochichavam sobre. Ren não gostava de passar por aquilo.

Ren limpou a garganta, recebendo os olhares atentos dos colegas na sua frente.

— Eu aceito. Só precisamos deixar algumas coisas claras a respeito dos horários, treinos e principalmente espaço pessoal...- Ele não conseguiu terminar, pois as meninas em um movimento ágil conseguiram abraça-lo com fervor. Novamente, o garoto tímido tremia de tanto nervosismo ao ser apertado por garotas daquela forma.

Aquila sorria vitorioso, rindo e puxando curiosamente o celular para tirar uma Selfie para o desespero do Ren. Ele não conseguia se mover, mesmo que tentasse suas colegas não deixavam e o apertavam mais. Mesmo sendo bem menores que ele, elas tinham uma força de urso e não o soltavam por nada.

O outro menino tirou a foto. Somente Ren percebeu e por isso as outras meninas acabaram sendo espontâneas em suas reações. Aquila sorria sozinho ao ver a incrível foto junto do mais novo integrante no grupo.


Mais tarde naquele dia, eles tinham finalmente se organizado e se conhecido um pouco mais. Ren não era muito comunicativo ou expressivo, isso Aleshka tinha percebido no primeiro encontro dos dois. Entretanto, depois de algumas conversas com o Aquila sobre o mundo Geek, ele rapidamente se mostrou mais sociável.

As diferenças entre eles era clara, mas todos estavam ali pelo mesmo objetivo: Se tornar Heróis.

Isso os unia e os fazia colaborar cada vez mais uns com os outros, por mais que os residentes não fossem tão "bonzinhos" com eles. Nossos jovens conseguiam superar esses empecilhos juntos.

Nunca em sua sã consciência Aleshka imaginaria que se daria bem com alunos da U.A. Ela lutava a cada dia para transmitir seus princípios no meio daquele autoritário preconceito instalado na universidade, talvez agora com esses novos amigos ela consiga continuar com essa filosofia. Seu grupo antigo de vigilantes teria orgulho dela. Pelo menos ela torcia por isso, já que todos tinham seguido o seu próprio caminho. Ela tinha sido a única a manter aqueles ideais.

Por mais confiante que ela estivesse sobre seus novos parceiros, ela não arriscaria toda a sua investigação por simples amizades. Até então, era o que ela ainda mantinha em sua cabeça.

Porém, o futuro é realmente uma caixinha de surpresas. Suas escolhas e laços seriam cada vez mais estabelecidos daqui a um tempo, tornando difícil desvincular a sua vida pessoal e a sua vida ilegal.

Por hora, ela preferiria não envolver mais ninguém nos seus problemas. Contudo, isso a deixava cada vez mais destacada de todos ao seu redor. Tentando não chamar atenção e manter os seus ideais, ela acabava atraindo mais olhares questionáveis dos outros. Se ela quisesse continuar, ela precisava se entregar de verdade para a vida universitária e ser transparente.

Isso a assustava bem mais do que qualquer vilão.
Ignorando totalmente esses pensamentos, Aleshka sorriu e disse com convicção para seus amigos:

— Nós vamos vencer!