Capítulo 5

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MATT

A manhã estava chuvosa naquele dia, o que me fez enrolar mais um pouco para levantar da cama, eu até tiraria um tempinho para aproveitar o barulho da chuva batendo na minha janela, mas a lembrança de que eu deveria estar indo para a empresa naquele mesmo instante me fez pular da cama e ir correndo tomar banho. Sai do quarto tropeçando nos próprios pés enquanto vestia o blazer cinza por cima da camisa branca a procura de William, mas ele não estava em lugar nenhum. As pastas com a campanha refeita estavam na ilha da cozinha onde tinha deixado a noite passada, tinha certeza que estava atrasado, mas também sabia que a Laura nunca chegava cedo demais na empresa então ainda teria algumas horas de sossego. Enquanto tomava uma xícara de café folheei as pastas apenas para conferir se tudo estava no lugar, não queria de jeito nenhum dar motivo para ela me humilhar como quer, não passei a noite em claro depois de William ter ido dormir, para no final ela me fazer concertar tudo de novo.

Enquanto checava pela segunda vez a campanha o celular apitou indicando uma mensagem, com o coração na mão com medo de ser a chefe vindo me importunar logo de manhã peguei-o e soltei um suspiro aliviado ao ver o nome carinhoso do contato de William na tela.

Amigo Virgula

Tive que sair mais cedo, precisava fazer algo antes de ir para empresa. Não pude te dar carona hoje, sinto muito.

Revirei os olhos.

Eu

Deveria ter falado isso há duas horas atrás, eu teria saído mais cedo para pegar um taxi.

Amigo Virgula

Não achei que você me esperaria, desculpa mesmo cara. Recompenso com um almoço, hm?

Soltei um suspiro sôfrego antes de responder.

Eu

É obvio que você me pagará um almoço.

Guardando o celular no bolso, senti ele vibrar uma última vez, mas não fiz questão de saber o que ele falou, apressado ajeitei as pastas em um dos braços e na mão livre era ocupada pela xícara que eu tentava tomar desesperadamente. Corri para a porta agarrando o sobretudo preto do cabide ao lado da saída e me vesti com dificuldade por conta dos papéis, estava chovendo, podia ouvir, mas não tinha escolha a não ser sair naquele temporal. Por sorte o apartamento de William se localizava em um ponto ótimo no centro, não temos muita tranquilidade, já que dia e noite é normal o movimento constante de transportes e pedestres, mas em compensação ficava próximo de qualquer lugar que queremos ir. — Para William, o essencial era a proximidade de boates na região, para mim, ficar perto do trabalho e da minha mãe. Ambos tínhamos o que queríamos.

Eu realmente tentei não me molhar tanto enquanto procurava um táxi livre, mas foi impossível, olhava em volta e todos estavam precavidos com seus guarda-chuvas e internamente desejei ter um, mas nem eu e muito menos William possuíam um, até porque o loiro tinha carro então o objeto se tornava inútil automaticamente. No fim, quando enfim encontrei um carro livre eu já estava encharcado e protegia as pastas por dentro do casaco para não molha-los.

A empresa estava uma bagunça naquela manhã, todos corriam para todos os lados apressados gritando alto um para os outros, me sentia em um campo de batalha, não estava entendendo nada. Avistei Daisy se atrapalhando para digitar algo no computador ao mesmo tempo que conversava no telefone, o tempo que levei para chegar até ela, foi o tempo que levou para que a ligação terminasse e ela notasse minha aproximação forçando um sorriso cansado logo em seguida.

No limite da Atração - Série Mitchell | Livro 03[HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora