Depois de mais de vinte horas, uma parada em Paris - sem sair do aeroporto, inúmeras piadas ruins pela parte do Bjorn, duas refeições horríveis, e mais algumas páginas do livro da Audrey Hepburn, o avião finalmente pousou na Islândia, para ser mais exata no Aeroporto de Keflavík, a 50km da capital do país. Eu me estiquei toda para conseguir olhar a paisagem do país pela janelinha do avião. Parece até que as nuvens se abriram, como se o piloto do avião tivesse avisado que a gente estava passando por ali e que elas não poderiam atrapalhar a vista.
As montanhas pareciam estar longe, mas mesmo assim eu fiquei abismada com o contraste da cor da neve em seu topo com a cor escura da terra. A planície, onde o único sinal de vida humana eram as estradas que a cortavam, e finalmente as inúmeras casas com os telhados coloridos, com tons claros de azuis, laranjas, cinzas. A pequena quantidade de prédios e casas se destacava contra as cores escuras do terreno. Parecia ser tudo tão pequeno naquele ângulo que ainda parecia ser tudo de mentira, como se eu ainda estivesse num sonho.
Eu senti outro aperto na mão quando o avião finalmente tocou o chão. Eu olhei pra Bjorn e se não fosse pelo sorriso estampado na cara dele, eu teria desconfiado que ele tivesse medo de aviões. Mas quem era eu pra falar do sorriso do Bjorn em uma hora dessas? Eu tinha certeza que o meu estava muito maior, que estava quase chegando nas minhas orelhas, que eu ficaria com dor de tanto sorrir.
Eu ajeitei meus óculos, tentando realizar tudo que estava acontecendo, quando o avião já estava fazendo a manobra, eu finalmente virei para senhora do meu lado, um islandesa nascida e criada em Reyjavik que estava no Brasil visitando os netos, com quem eu puxei conversa na segunda refeição ruim do voo.
– Muito obrigada. – Eu falei em inglês. Quando a comissária de voo avisou que estávamos aterrissando eu perguntei pra se ela poderia abrir aquela janelinha, e ela disse que não teria problema e me deixou admirar Reyjavik de cima.
– De nada querida. – Ela respondeu. – Boa viajem pra você e o seu namorado.
– Oh, não não. Ele – Eu apontei pra Bjorn com o meu polegar. – Ele é meu amigo. – A senhora Islandesa fez apenas uma careta engraçada e falou:
– Oy! - Ela chamou a atenção de Bjorn, que prontamente esticou seu tronco para o corredor. E então eles dois começaram a falar em islandês e a trocar sorrisos, o que eu acharia uma falta de educação se eu não tivesse tão feliz da vida. Eu finalmente estava na Islândia, e eu poderia até falar pra minha mãe que os islandeses são mais simpáticos do que as pessoas imaginam, o que ia provavelmente render um estudo antropológico. – Boa viagem querida. – Ela falou de novo e dessa vez eu respondi com um simples obrigado.
Eu deixei a senhora passar, e depois me levantei, esticando as minhas pernas após horas sentadas, esporadicamente eu ia até o banheiro só para mover-las mas mesmo assim era bom ficar em pé de novo sem precisar andar como uma tartaruga pra ida de vinte segundos ao banheiro durar no mínimo uns vinte e cinco. Abrir o compartimento e peguei a minha bolsa, eu fui andando na frente de Bjorn, que cumprimentou novamente as aeromoças em sua língua, enquanto eu fiquei com o aceno e um thank you.
– Pronto para desbravar a Islândia? - Ele me perguntou assim que saímos da passarela, meu coração deu um pulo tão grande que eu quase sentir ele no meu céu da boca.
– Prontíssima. Pronto pra virar o fotógrafo? Esse trabalho seria da Nana, mas você vai exercer por uma semana.
– Ja!
-
Após recolhermos as nossas malas, eu e Bjorn debatemos sobre o que faríamos primeiro. Acabamos comendo apenas um Skyr com frutas, um tipo de iogurte fabricado na região, em uma cafeteria do aeroporto. Depois disso, o nosso verdadeiro debate foi sobre alugar logo o carro ou não. Bjorn deu a ideia de irmos de táxi até a casa do irmão, deixar nossas malas e desbravar um pouco Reyjavik, principalmente os restaurantes já que ele estava faminto, a comida do avião não chegava nem perto de ser boa, e ele provavelmente iria morrer se passasse mais tempo sem comida, já que segundo ele o Skyr com frutas não contava, não era um café da manhã completo.
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PACK YOUR TOOTHBRUSH.
RomansaEve sempre sonhou em viajar e conhecer o mundo. E com suas malas prontas para uma viagem atravessando a Europa com sua melhor amiga, Eve via o seu sonho se realizar, mas como o mundo da voltas; além da sua melhor amiga, Eve ainda tem que lidar com...