CAPÍTULO 03 - Adelle

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A água quente caía sobre meu corpo exausto. Eu não conseguia sentir meus joelhos, meu sexo, parte da minha bunda, mas me sentia com o corpo relaxado.

Molhei meus cabelos, relaxando sobre a temperatura morna em meu corpo. Tinha um pouco de sangue escapando pelo ralo. Ele havia sido violento, a maior parte deles são assim.

Interrompendo meu único momento sozinha, naquele quarto de motel, senti uma mão sobre meus ombros.

— Desculpa, eu não queria te assustar — disse Sandra.

Ela estava com chupões pelo corpo, os cabelos bagunçados e olhar cansado. Dante era do tipo insaciável.

— Ele acordou? — Peguei sabonete.

— Não. — Sandra pegou um pequeno frasco de xampu, abriu e derramou sobre os cabelos. — Está amanhecendo. Acredito que ele deixe você dormir mais tarde. Temos algumas coisas a serem feitas no escritório e penso que...

— Não fala de trabalho — pedi.

Não misturar tudo. Estava ali por necessidade, embora eu adorasse sexo. Mas fazer a linha amiga, isso não rolaria, eu não tenho amigos e prefiro assim. Não confio nas pessoas.

— Claro, não vou falar.

— Também não fala comigo, no escritório, sobre assuntos que não ligue às tarefas de lá.

Sandra parecia sem graça. Contudo, achava necessário colocar tudo limpo.

— Não gosta de ligações emocionais?

— Não gosto de misturar. — Peguei a toalha.

Enquanto eles me fodiam e o prazer não estava mais atingindo meu corpo, eu pensava sobre meu futuro. Eu amava o sexo mais do que qualquer um que eu ia para cama, mas os xingamentos e violências, todas direcionadas apenas para mim, me fez repensar algo importante sobre o emprego.

Estava alguns meses na empresa e a única coisa pela qual fui elogiada foi pelo sexo em constantes dias de assédio. Não havia, em minhas lembranças, uma única vez que fui coagida sexualmente e nunca elogiada pelo duro trabalho que exerci.

Tinha culpa em quase tudo, deixei que ele me comesse na entrevista de emprego. Estava despreparada e permiti que o tesão imediato fosse mais forte que minha dignidade na profissão.

Embora eu fosse louca por sexo, e Dante – até aquele momento – estava me dando o sexo que eu gostava, me punindo quando gozava, mas isso era o de menos, o fato era que eu gostaria muito de ficar no trabalho e ser notada por minha capacidade profissional. Mudar a natureza suja que habita em mim e conseguir me perdoar pelas coisas terríveis que fiz.

— Já está misturando, Adelle. Dante vai querer repetir.

Enxuguei meus cabelos e mandei a real.

— Não vai ter uma próxima vez.

— O que não irá mais se repetir? — Dante nos pegou de surpresa. — E o que não vai ter uma próxima vez?

Ele parecia ótimo, apesar de tudo. Ainda estava nu, e incrivelmente de pau reto.

— Não é o melhor lugar para falar sobre o assunto — Minha voz estava instável —, mas a partir dessa manhã eu não trabalho mais em seu escritório de arquitetura.

— Isso é sério? — Sandra estava duvidosa.

Dante parecia inabalável.

— É mesmo? — Ele indagou com desdém. — E qual o motivo?

COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora