Menina boa

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- Chegueeeei!- Lucy adentra a casa, sem antes se virar e acenar para o motorista da ambulância, como se fossem grandes amigos. O homem não respondeu, apenas voltou a dirigir.
A garota havia passado um dia inteiro em um hospital meia-boca de Gotham, lá, a deram remédios e mais remédios. Depois de 5 horas, conseguiram acalmá-la.
- Ô de casa!!- a de Maria Chiquinhas grita novamente, jogando a bolsa vermelha em um canto qualquer da sala, pôs as mãos na cintura, olhando de um lado para o outro, cadê essa gente? Pensou, notando que a televisão estava ligada, o que deixava óbvio que havia alguém na casa
Andou pela casa procurando por seus pais, nada. Pensou em procurar no escritório de seu pai, Coringa. A garota não admitia, mas tinha um medo irracional do homem, ou melhor, racional, pois ele era capaz de coisas terríveis
Relutante, a garota foi descendo as escadas barulhentas até a parte de trás da casa, uma porta de metal a sua frente, e nenhum pingo de coragem
-.... Vamos lá, Lucy, você é é mais do que isso!- disse para si mesma, mas não sabia se acreditava muito na própria tentativa de motivação. Bateu na porta, permanecendo estática, esperando.
Com um estalo, a porta foi aberta, Lucy permaneceu parada até que a mesma estivesse escancarada. Pensou em fugir, sair correndo
- Desça aqui, Lucy- ouviu a voz de palhaço a chamar - quero falar com você!- a palavra "falar" saiu com mais força. Não teria como fugir
Com o coração martelando dentro de si, a mesma desceu as escadas enferrujadas que pareciam infinitas. Sua pressão devia ter baixado, pois tudo parecia mais escuro, ou talvez era a iluminação terrível do lugar, o pai, apesar de roubar milhões de dólares de bancos, lojas e afins, sumia com o dinheiro de formas ridículas. Então não se surpreendia ao encontrar coisas caindo aos pedaços.
Chegou no final da escadaria, seguindo pelas salas até o escritório do pai. Atravessou a porta em arco, tendo a visão de seu pai de costas, sentado em uma cadeira de metal dobrável
- Olá, Lucy- ele diz, no tom mais natural que lhe era possível
- Pai- Lucy responde, sem se importar em parecer educada
- Sabe... Hoje me encontrei com Lorde Black Hat em sua mansão- ele diz, a garota arregalou os olhos, já sabendo como terminaria, um olho roxo ou um membro quebrado -... Ele me contou que sua filha testou uma sala de tortura, e que você foi a cobaia- Lucy deu meia volta, tentando correr, mas sentiu algo forte bater na sua cabeça, a derrubando.
Abriu os olhos, já no chão. Era a cadeira, olhou para trás, seu pai estava parado, a olhando com seu sorriso cínico
Ele a levantou sem esforço, quase como um abraço, pela gola da camiseta
- Acha mesmo que vai envergonhar nossa família, que vai ME envergonhar, e sair ilesa?- ele pergunta, seus olhos repletos de ódio, encarando Lucy chorar como uma pequenina garota frágil

Susie adentrava a escola junto com os outros alunos apressados, aquele fim de semana foi um tanto estressante. Mesmo servindo como descanso. Nunca dormiu em outro lugar que não fosse a sua casa, foi estranho, mas sua casa não era lá as mil maravilhas, muito pelo contrário
Depois de se espremer entre os alunos, se dirigiu ao seu dormitório. Sentiu um certo desconforto ao segurar a maçaneta, já sabendo o que lhe esperado
Abriu a porta, tendo a visão de sua colega de quarto deitada em sua cama, uma das mãos de baixo da cabeça, e o braço esquerdo engessado
Fechou a porta e andou até sua cama silenciosamente para não chamar atenção da colega
A loira emitiu um som que se assemelhava a um rosnado, Susie se virou. Estavam se encarando
Sentiu suas pernas amolecerem, então se sentou na cama,as duas não desviaram o olhar nem por um segundo
Foi Lucy que decidiu quebrar o silêncio
- Curtiu o fim de semana, vadia?- falou agressivamente, se não estivesse com o braço quebrado, teria pulado em cima dela
- Não mais do que você- a de preto respondeu com um sorriso detestável no rosto, o que aumentou o ódio da outra - falando sério agora, o que aconteceu com o seu braço?- o sorriso no rosto da meio-demônio sumiu. O rosto da loira ficou vermelho
- O meu pai... Ele fez isso depois de descobrir que fui sua cobaia-
- Eu não contei...-
- Eu sei, o seu pai fez fofoquinha- ela ficou sentada
- Filho da...- Susie não terminou a frase, tirando um sorrisinho de Lucy
Essa era a hora, hora de pedir desculpas, três palavrinhas... Era tão simples, mas ali, agora, parecia impossível
- Olha... Lucy...- agora, é agora ou nunca - Eu sinto muito... De verdade- Lucy a olhou surpresa - Eu não queria... Eu não devia..-
Oh céus, estava chorando? Quando percebeu, lágrimas desciam pelo seu rosto vermelho descontroladas 
Sem saber exatamente o que fazer, Lucy se aproximou e abraçou a amiga de forma meio desajeitada

Quando se afastaram, as duas se olharam de mais perto
Os olhos pareciam familiares, algo característico que só as duas pareciam ter

..
....
......

- Você não me pega!- cantarolou enquanto corria da amiga
- Não tão rápido, Susie!- a maior choramingou enquanto tentava alcança-la. De repente esbarrou nas costas da amiga e as duas caíram no chão. Ficaram rindo por um bom tempo até a de cabelo preto se levantar
- Olha!- Susie apontou para algo na sua frente, Lucy se levantou e olhou na mesma direção
- Uma casa na árvore!- ela disse com animação, as duas se entreolham e com o quê parecia telepatia concordaram em subir

- Incrível- disse a loira, observando a paisagem que a casa na árvore lhe proporcionava
- Faltam armadilhas- comenta a menor, Lucy a olha sem entender
- Esquece, mas quem poderia ter construído isso?- a morena perguntou, olhando na direção da amiga, a mesma deu de ombros
- Seja quem for, não fez um trabalho completo, olha- apontou para algumas madeiras pregadas de qualquer jeito no chão, talvez para encher um buraco 
Susie sabia que pisar em cima de barras de madeira podre escondendo um buraco em um piso de madeira podre não era uma boa ideia, mas sua curiosidade infantil a fez se aproximar lentamente, quieta demais para a amiga notar.
Tudo estava preto, sentiu umas pontadas na parte de trás da cabeça, abriu os olhos, de início estava tudo embaçado, então sua visão se focou, levando à imagem de sua amiga ao seu lado, a encarando como se estivesse cara a cara com algo terrivelmente assustador, acima dela, aquele piso malfeito de madeira estava quebrado, deixando um buraco enorme
Tentava ficar de pé, mas cada movimento doía de formas que ela não conseguiria explicar. A luz machucava seus olhos, e ela não conseguia falar.

Lucy ficou desesperada, havia madeira em cada metro da amiga, e sangue, muito sangue, e sua perna provavelmente estava quebrada, pois saía mais sangue de lá. A expressão de Susie era algo de que Lucy não conseguia se lembrar, mas ela não chorava
A única coisa que pôde pensar foi em correr pra casa — que ficava próxima do local da queda — e chamar por sua mãe. De primeira a maior não conseguiu entender uma palavra do que sua filha estava tentando dizer, pois ela só chorava e soluçava sem parar, mas seguiu a pequena enquanto a mesma a puxava pelas ruas

- Aí meu...- Harley não terminou a frase, pois também estava chocada, não era muito agradável ver uma menina de 8 anos sangrando e agonizando no chão
Nem a adulta sabia o que fazer, então a única opção era ligar para o Flug, assim ela o fez
E pela terceira vez, alguém surtou vendo a Susie praticamente morta no chão
Flug a levou para a mansão na companhia de Lucy e Harley. No laboratório ele colocou uma máscara em seu rosto para ajudá-la a respirar, e fazia todo o procedimento de checagem enquanto repreendia histericamente Lucy e sua mãe, dizendo que se tivessem demorado mais tempo para chamá-lo, a morena estaria morta



Uma semana se passou

Black Hat quase teve o prazer de matar Coringa por "sua filha ter quase matado a minha", foi uma discussão acalorada, e Lucy e Susie ouviam tudo do cômodo ao lado. Elas estavam sentadas no sofá, tentando prestar atenção na TV
Lucy olhou para a amiga, sua perna estava engessada, e 60% do seu corpo estava coberto de faixas, com exceção da cabeça.
- Acho que não vamos mais ser amigas- Lucy diz, apoiando a cabeça nos braços
Susie a olhou como se tivesse dito um absurdo
- Por quê?- sua voz fina estava rouca e esquisita
- Eu machuquei você, Susie- disse, Lucy levou a bronca de "você quase matou sua amiga" à sério demais
- Você não fez nada!- Susie tentou aumentar seu tom de voz, mas falhou
- Isso mesmo... eu não fiz nada- foi ela quem aumentou o tom
Nada foi dito depois disso

O resto das memórias estavam embaçadas, fragmentadas, nada parecia fazer sentido na cabeça das duas. Susie se lembrava de as duas terem entrado no escritório de Black Hat e Coringa tentou repreender Susie, mas foi prontamente ameaçado pelo dono da cartola e seu marido
Já Lucy podia jurar que depois da conversa que tiveram no sofá, Susie saiu sozinha para o escritório do pai
Mas em uma coisa elas concordavam, as duas memórias acabavam com as amigas usando uns chapéus de metal dentro do laboratório. Então nada mais foi lembrado. Muito menos sua amizade

thє dαrk futurє - VillainousOnde histórias criam vida. Descubra agora