Em um dia de vazio humano
O Sol falou comigo
Ele estava só
As nuvens haviam sumidoEle disse ser belo e acolhedor
E pediu para que eu me aproximasse
Dois passos e eu me senti como um girassol,
Absorvendo todo o calor que ele emanavaNo dia seguinte ele voltou
Pediu que eu chegasse mais perto
E eu o fiz
O ardume era tão envolvente que mal consegui esperar pela próxima vez que nos veríamosNo terceiro dia,
O Sol me contou
Que era responsável por pintar o Céu de laranja nos finais de tarde
Aquilo me deixou tão encantada que precisei chegar mais perto para escutar melhorNo quarto dia,
Ele disse como se sentia sozinho
Sobre como nós compartilhavamos uma solidão pouco compreensível
Mas que o faziamos por obrigação
Sem nós, ele falou, talvez não exista mundoNo quinto dia,
Ele estava bravo,
Irado,
Nervoso,
Não era o mesmo Sol de antes
Seu calor agora me queimava
Talvez eu derretesse se fosse de cera,
Mas não passava de um monte de nadaComo o Sol poderia queimar o nada?
Ele não quis responder
A sua natureza era quente
Era normal que explodisse
Mas eu era o nada
Não merecia me envolver em chamas e incêndios
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Universo em Singularidades
PoetryO sol, a lua, o tempo, o mar, o vento e tantas outras figuras poéticas e enigmáticas são o tema da coletânea "Universo em Singularidades", assim como os sentimentos envolvidos entre eles e o eu-lírico numa conexão harmoniosa em uma galáxia distinta...