Ele me chamou
Sua voz percorreu todo o espaço do Universo
Nós nos encontramos em um ponteiro de relógio
Olhando para o fim dos tempos e o fim dele"Você é o chefe?", perguntei
"Eu sou o Tempo"
"E eu sou o quê?"
"Você não sabe?", neguei, "E o que você acha que é?""Eu tenho calor, fases, brisas, ondas, montanhas e cores, mas continuo sendo e não sendo nada"
O tempo puxou uma cadeira
E disse que já havia me dado muito dele
Que havia me dado oportunidadesPrecisei de mais um pouco de Tempo para pensar
O que eu tinha dentro pesava em mim
Ele pegou em meu ombro e apertou
Quebrando minha cascaNão foi liberdade o que senti
Foi dor
Aquela da qual eu fugia sem saber
Eu voltei ao Nada
E ele me abraçou
Os outros não me compreendiam
E eu não compreendia os outrosMeu destino é ser nada
Por que somente lá minha tristeza tem sentido
Em dias de vazio humano
Não há desejo maior
Do que o de ser nada
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Universo em Singularidades
ŞiirO sol, a lua, o tempo, o mar, o vento e tantas outras figuras poéticas e enigmáticas são o tema da coletânea "Universo em Singularidades", assim como os sentimentos envolvidos entre eles e o eu-lírico numa conexão harmoniosa em uma galáxia distinta...