Não havia mais sentido dentro de mim
Eu era nada
Minha casca era nada
E eu nunca estive tão vazia como naquele momento
Então ele me carregouEle passava por mim de forma dolorosamente humana
Mas eu já estava queimada e destruída o suficiente para não me importarEle sussurrava que seu trabalho era carregar
Carregava as folhas de outono
Os pássaros que migravam
Carregava os corações partidos e o TempoO Vento também assobiava
O dia inteiro
A noite toda
O que me distraia um pouco de meus últimos companheirosO Vento falava sobre tudo o que via
Os lugares
As pessoas
Ele amava as pessoasE gostava de chamar a atenção delas
Em dias muito quentes, às vezes ele ía contra as regras e se fazia ventar
E muitas vezes era punido
Colocado como vilão
Tendo que derrubar coisas que não queriaA primeira vez que falei com ele
Perguntei quem era seu chefe
"Quem é seu chefe?"
Mas ele não sabia
O Vento que me carregava e me fazia companhia
Era perdido e vazio, como eu
Nós éramos nadaMas eu ainda sentia dor
E podia aguentar por ele
Mas já se passara muito Tempo
E o Tempo, mesmo longe
Me ensinara que era perigoso sentir algoEu era nada
E sentir algo
Era deixar de ser nada
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Universo em Singularidades
PoesiaO sol, a lua, o tempo, o mar, o vento e tantas outras figuras poéticas e enigmáticas são o tema da coletânea "Universo em Singularidades", assim como os sentimentos envolvidos entre eles e o eu-lírico numa conexão harmoniosa em uma galáxia distinta...