4. A Festa: Julie

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Era o grande Baile de Julho, uma festa que a escola faz só pelo simples fato de esse mês não ter uma data comemorativa sequer. O grande salão de espera da escola estava belo graças às cortinas brancas e espelhos que recobriram todo o perímetro. Vasos de flores espalhadas em mesas, perfumavam o local. Um corredor interligava o salão à quadra.

Todas as pessoas importantes da cidade estavam presentes. A mesa de dois metros de comprimento estava lotada de comida e a maior atração, era a fonte de chocolate. O som da música mesclada ao barulho das vozes fizera com que eu me animasse e puxasse Alec e Agnes para a quadra e dançar.

— Eu pensava que era difícil dizer, mas realmente, essa festa está boa! — comentei.

— Julie! — deslizou uma voz, por entre as outras. Era ele. Usava seu terno cinza que esperou tanto para um momento especial. No momento que eu o vi, tive a sensação de que fosse a primeira vez se repetindo.

Não pela roupa, mas pela forma como ele demonstrava a sua felicidade.

— Você está tão...

— Engraçado? — ele me interrompeu, me abraçando.

— Lindo — disparei, depois dei um beijo em sua bochecha.

Em um dos grandes espelhões do salão, Alec se esbarrou com um rapaz misterioso. A pressa era tanta, que a única coisa que deu tempo de fazer foi andar para trás enquanto se desculpara. De primeira vista, o achou idiota, mas assim que virou, se encantou por sua beleza. O garoto foi seguido até o vestiário masculino.

Enquanto olhava-se no espelho, Alec se assustou ao ver o garoto com quem tanto conversava.

— Ei, você quer ir pra outro lugar daqui?

— Claro que quero — respondi, com sua mão segurando levemente meu braço.

E assim fizemos. Caminhamos formalmente até o lado de fora da festa e nos certificamos de que ninguém nos vira sair. Corremos em alta velocidade. Ele pegou seu carro e nos levou para nosso ponto de fim de tarde, no alto da montanha.

A noite estava estrelada e assistimos dois meteoros cortarem o céu como uma faísca que se ascendera repentinamente. Provoquei-o com uma conversa que eu sabia que ia acabar em discussão. Confesso que às vezes, me fazia de idiota só para ser elogiada.

— Você não faz ideia da capacidade que tem de fazer as pessoas felizes — disse, acariciando meu queixo com o seu polegar. Naquele instante, senti uma música tocar dentro de mim. Uma música que pedia para aquele momento nunca acabar. A música da saudade. A música do silêncio.

— Eu sei que sou incapaz — eu disse. Você deve estar intrigado, mas a verdade é que mesmo sendo elogiada, sabia que era suficiente para... deixa. Muito romance para o meu gosto.

Seus olhos espremeram ao ouvir as palavras que saíram de minha boca. "Toquei na ferida", pensei.

— Não diga bobagens, sua boboca — disse ele, irritado. Deixei uma gargalhada escapar ao ouvir suas palavras.

Depois disso, pedi para que ficássemos em silêncio. Apenas observamos o show que o céu exibia. Nossos olhos brilharam. Os meus... eu não tinha certeza se era só por ver aquilo, ou por estar bem e ver aquilo com ele. Hoje eu sei a resposta.

Quando Olho Pra TrásOnde histórias criam vida. Descubra agora