Capítulo 54

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Por Sofia

Estamos tomando cerveja numa rodinha sem os meninos e eu acabo percebendo os olhares e risadinhas encima de mim, aquilo não me incomoda tanto então fico sussa sem dar muita bola.

Depois de algum tempo, aquilo começa ser constante e ate o Jorge entra na brincadeira, olho pro lado e ai que eles começam a dar risada de verdade e descaradamente, um deles chega a repetir o que eu disse pro cabelinho la embaixo no bar - “eu sei me cuidar”.

Chamo a Talita pra ir embora na hora e ela logo percebe o porque de eu querer vazar.

Não sei o que sentir exatamente. Isso nunca tinha acontecido comigo, nunca tinha me sentido desse jeito e ver o Jorge no meio daquilo tudo foi um susto. Pode parecer coisa de criança, mas eu já não tava muito no clima de festa, aquilo so aumentou a minha vontade de ir embora.

Nos despedimos das meninas e nem fazemos questão de ir falar com eles. Descemos do camarote e vamos em direção a saída.

Chegamos em casa e eu me jogo no sofá

- mano, role bode ein Tata – falo tirando o sapato
- nem fala, nunca vi um role tao chato igual a esse- ela fala sentando do meu ado
- não pareceu chato na hora que vc tava pegando o doido la ne não – falo rindo da cara dela
- aquela parte não foi chata, nem um pouco – ela ri também

Ficamos ali conversando mais um pouco ate que a gente escuta alguém batendo gritando no portão

- Tata, abre ai – reconheço a voz do embuste de longe

Reviro o olho e a tata va abrir o portão. Escuto da sala ela perguntando o que ele quer e o que o Tuco (deve ser o doido que ela pegou) ta fazendo ali. Ele fala que veio conversar comigo

- sofia, se precisar de alguma coisa, eu to ali no quarto blz?! – ela entra e aponta pro corredor
- sussa, prometo que não vou demorar – falo em relação a tal conversa
- ok, e você, se comporta ta? Ela não ta pra brincadeira hoje não – ela fala direto pro Jorge
- que isso loira, ta me zuando agora?
- to de olho – fala e sai da sala

Ele senta no sofá do meu lado, eu viro de frente pra ele e cruzo os braços. Ficamos um tempo em silencio

- voce veio aqui pra ficar olhando pra minha cara sem falar nada foi? – falo pra quebrar o silencio
- porra paulistinha, não fica assim comigo, juro que não sei o que deu em mim, eu não sou de fazer essas coisas. – ele fala passando a mão na cabeça como se estivesse arrependido
- pode para, comigo esse papinho não cola não. Vocês são todos iguais, eu já devia saber. Quando ta so a gente, é de um jeito, quando ta com todo mundo, é de outro totalmente diferente e eu já to cansada desse tipo de cara.
- eu posso jurar pra você  que eu não sou assim. Confia em mim, por favor vai – ele pede com aquela cara d cachorro sem dono que m detona
- como eu vou confiar em alguém que na primeira oportunidade de ser homem de verdade, faz o que você fez? Me explica – falo com calma
- me da uma chance de mostrar pra você que não sou assim. De mostrar que eu sei ser homem! Isso não vai acontecer de novo, eu prometo! Confia em mim – ele chega mais perto
-Jorge, eu preciso pensar. Eu nunca tinha passado por aquilo e quando eu vi você no meio deles tirando barato de um negocio que eu disse pra você, sobre uma situação seria, me machucou de verdade. – limpo a garganta, não posso chorar agora – eu quero te dar outra chance, eu quero mesmo, mas eu preciso pensar um pouco.
- tudo bem, eu te dou o tempo que você precisar – ele diz levantando
- onde você vai? Ta tarde – falo chamando a atenção dele
- fica sussa, não tem perigo – ele fala
- claro que tem, dorme aqui, certeza que a tata não vai achar ruim. – falo indo ate quarto

Paro no quarto da tata pa avisar que o Jorge vai passar a noite aqui e ela diz que tudo bem, mas pra eu ter juízo. Sai dando risada e volto pra sala

- vou trocar de roupa e limpar o rosto, já volto. Pode ficar a vontade, a casa é mais sua do que minha ne – dou risada

Pego minhas coisas e vou pro banheiro me arrumar. Troco de roupa, lavo o rosto e escovo os dentes. Penteio o cabelo so pra não acordar com ele todo embaraçado e prendo em um rabo.

Volto pra sala com um travesseiro e coberta. Jogo em cima dele do sofá e me sento.

- peguei pra você, não sei se dorme de coberta, mas so por precaução. – falo
- valeu paulistinha – ele sorri meio torto e puta merda, que soriso.
- bom... pode dormir já.
- osh, como assim? vai ficar aí sentada? - to esperando a Talita pra ir dormir com ela.
- dorme aqui na sala po.
- e eu ia dormir onde? – pergunto como se fosse obvio
- aqui comigo ue, não era obvio? – ele fala
- acho que não era não – falo rindo
- não é como se isso nunca tivesse acontecido ne – ele fala
- achei que não ia acontecer tao cedo pra falar a verdade – falo enquanto ele sobe em cima de mim no sofá
- é, você realmente não me conhece Sofia – ele fala, me abraçando por trás
- nem você me conhece Jorge – fecho os olhos e pego no sono logo em seguida

A ultima coisa que eu lembro é o Jorge me dando boa noite, depois disso eu apaguei de verdade.

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