Capítulo 2 - Extremamente proporcional

6.1K 846 293
                                    

Devo ter esquecido de fechar as cortinas na noite anterior, porque acordo com uma faixa de luz no meu rosto. Minha família vive em uma casa tradicional de madeira, com um quarto no andar de baixo e três no andar de cima. Da janela do meu quarto, o lago e as montanhas são a primeira coisa que eu vejo quando acordo. É final de outubro e o vento está frio, mas eu caminho até a sacada mesmo assim. O céu está completamente limpo, tão azul que é quase impossível parar de olhar. Hoje não existe lugar mais bonito do que esse. Talvez amanhã, ou no dia seguinte.

David e Alex ainda estão dormindo, mas eu ouço um barulho vindo da cozinha. Não estou preparado para encontrar um cara sem camisa preparando café da manhã. E acho que ele não estava preparado para me encontrar, porque suas bochechas ficam vermelhas quando percebe que estou ali.

— Oi — ele diz, levantando uma das mãos num aceno. — Você deve ser o Max. Meu nome é Sai. Desculpa se eu te acordei.

— Você não me acordou — eu digo, pensando se Sai é apelido de alguma coisa. — Tá tudo bem aí?

Sai sorri, assentindo. Sei que ele é amigo dos meus irmãos, porque passou a noite na minha casa, mas não o conheço. Nunca o vi na escola, e não lembro de tê-lo visto ontem quando cheguei. Pelo sotaque carregado, acho que ele é de algum lugar no sul da Ásia. Sai tem pele morena, cabelo e olhos pretos. Apesar de não ser muito alto, ele é o que Selina com certeza chamaria de "extremamente proporcional".

— Eu tomei a liberdade de fazer alguma coisa pra gente comer — ele explica, fazendo menção para a mesa. Croissants, geléia de amora e ovos mexidos. — Não encontrei café.

— A gente não bebe café — eu digo, caminhando até a geladeira. — Temos leite e achocolatado. Ou chá, se você preferir.

Sai está me olhando como se eu fosse de outro mundo, e a ideia não me parece tão equivocada. Ele acaba decidindo pelo chá, o que parece meio absurdo diante das alternativas.

— Acho que não te vi na escola — eu digo enquanto o observo dar a primeira mordida no croissant. — Você é novo?

— Eu faço intercâmbio na SALIS.

Eu assinto, porque deveria fazer sentido, mas se Sai não frequenta a nossa escola, não faço a menor ideia de como conhece os gêmeos ou de por que ele dormiu no nosso sofá.

— Sou amigo da namorada do seu irmão — ele diz, como se estivesse dentro da minha cabeça.

— Marie? — pergunto, mesmo sabendo que só o Alex tem namorada, e ele confirma com a cabeça. — De onde você é?

— Jaipur, conhece? É uma cidade no norte da Índia.

— Acho que já ouvi falar — digo, e tento gravar o nome para dar uma olhada no Google depois. — Sai é diminutivo de alguma coisa?

Imediatamente me arrependo da pergunta, porque não quero parecer indelicado, mas Sai abre um sorriso e por um segundo eu esqueço sobre o que estamos conversando.

— Não, é só Sai. Sai Kholi — ele me estende a mão.

— Desculpa — dou uma risada e tento não parecer nervoso quando sua pele encosta na minha. — Eu esqueço que nem todo mundo precisa ter um nome como Maximilian.

— Eu gosto do seu nome. É forte — Sai diz e eu sinto o meu rosto arder, porque não sei lidar com elogios.

— Eu também gosto do seu — respondo um pouco rápido demais.

Demoro mais do que o normal para terminar o meu café da manhã porque não quero ter que parar de conversar com ele, mas meu celular está vibrando incessantemente com mensagens de Selina e eu sei que preciso responder. Sei que preciso encontrá-la dentro de meia hora. Antes de eu voltar para o meu quarto, Alex e Marie aparecem na cozinha e eu aproveito a deixa para desaparecer dali, o que para mim nunca foi muito difícil. Estou acostumado a não ser percebido. E gosto disso.

Ou gostava. Quando Sai percebe que estou saindo e pergunta se vai me ver mais tarde na festa, sinto o meu corpo se comportar de uma forma que eu nunca senti antes. Minha voz fica presa em algum lugar dentro de mim, então eu só faço que sim com a cabeça e me despeço com um aceno rápido.

 Minha voz fica presa em algum lugar dentro de mim, então eu só faço que sim com a cabeça e me despeço com um aceno rápido

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Oi, gente! Agradeço pela leitura e espero que tenham gostado. Me contem o que estão achando nos comentário. Lembrando que vocês ajudam muito favoritando o capítulo e deixando feedback <3

Supernova (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora