"Guess I'm a little bit scared of the things that I don't understand, finding semblance of comfort that nothin' will go like I planned."
keshi, Atlas
5 de agosto
Naquele dia, foi involuntário acordar sorrindo. Sentiu, antes mesmo de abrir os olhos, uma borboleta quase que valsando sobre o rosto repleto de sardas. O toque delicado logo se afastou com o bater das pálpebras, que mesmo sutil foi forte o bastante para assustar a criaturinha.
Tudo o que conseguiu ver do inseto foram as asas passando através da janela, que iluminava o quarto com alguns filetes de luz discretos. Estes eram suficientes para lhe permitir enxergar seu irmão ressonando sobre os fenos, cena que lhe fez prender o riso. Era até cômico ver aquele garoto de dezessete outonos, maior que o próprio Jimin, agarrado a um ursinho de pano.
Aquele era um presente de aniversário antigo comprado a muito custo por ele e Seokjin, que pouparam suas economias durante vários meses. Ambos fariam tudo de novo só para presenciarem a gargalhada alegre e sincera do Park caçula, naquela época com quatorze anos. O acontecimento, no entanto, ocorrera há séculos, e agora a vida já tinha conseguido diminuir bastante sua frequência de sorrisos.
Com o peito apertado pela constatação, Jimin tentou despertá-lo:
─ Ei, acorde, Soo.
Tudo o que recebeu em resposta foi um murmúrio incompreensível. Ambos estavam nus, visto que o calor do subúrbio ficava mais insuportável a cada verão, além do trabalho de Jimin exigir que suas roupas estivessem limpas e passadas para servir à senhora Ailee. O dongsaeng apenas espreguiçou-se, sussurrando algo como "dê-me um pedaço deste peru, por favor" enquanto tornava a dormir. Revirando os olhos, Jimin se culpou por ter um coração tão frágil ao lhe permitir sonhar mais alguns minutos enquanto vestia seu uniforme.
Adentrando a cozinha, que nada mais era do que uma extensão malfeita da sala de estar, cumprimentou os pais e procurou entre as panelas de ferro algum caldo ralo para beber. Encontrou apenas um linguado pela metade, com mais espinhas do que carne propriamente dita, mas era o suficiente. Ainda tinha o privilégio de comer duas vezes por dia, isso quando não recebia as sobras da mansão de Namjoon.
─ Onde está Jisoo? ─ Sua eomma questionou, arrumando as ferramentas de trabalho em uma sacola de palha com a expressão abatida de sempre. Apesar da estatura frágil, suas mãos eram precisas em desatar nós de cordas e manejar enxadas, o que lhe garantira emprego fixo na fazenda dos Kim-Chang. A jornada de trabalho não era assim tão incomum para os padrões da época - algo em torno de doze horas diárias. ─ Não me diga que o deixou dormir outra vez.
─ Desculpe-me, mamãe... Ele parecia tão cansado...
─ E não estamos todos? Não vivemos todos exaustos desde o início dos tempos? ─ Foi a vez de seu pai. ─ Não seja tão fraco, Jimin. Vá agora mesmo e desperte seu irmão antes que eu tenha que fazê-lo com uma vara.
O rapaz apenas assentiu fracamente, sem querer transparecer o medo que a simples menção a uma surra lhe provocou. Com as mãos trêmulas, aproximou-se do irmão com muito cuidado para não machucá-lo além do que ele já estava.
─ Hyung? ─ A voz do mais novo parecia mais desperta agora, embora um tanto atormentada.
─ Sou eu, Jisoo. Levante-se, sim? Está quase na hora de irmos. ─ Sussurrou, tentando parecer sério em vez de amedrontado.
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reaching out for someone I can't see [jikook]
RomanceEm meados do século XVIII, Jungkook está desesperado: seus pais morreram, suas investigações não progridem e a sociedade não para de lembrá-lo, a todo momento, que está na hora de se casar. Decidido a resolver pelo menos um de seus problemas e louco...