reaching out for someone I can't see [jikook]

04- epiphany

"I didn't wanna fall, but then I stepped right in, I looked up at your face and those eyes... they drew me in."

mxmtoon, cliché

21 de agosto

Era quarta-feira e Jimin estava saltitante. Jin, atrás dele, observava divertido o rapaz sorrir de forma mais larga que a costumeira enquanto cumprimentava senhorinhas pelo caminho, comentando sobre o quanto tudo parecia mais colorido naquele outono iminente em Seul.

─ É, as coisas estão bem diferentes, mesmo. ─ Seu hyung comentou, achando adorável a animação de Park para que chegassem logo até a estação de trem.

─ Ah, ele chegou, Jin! ─ Jimin exclamou, como se Jungkook não o esperasse ali todos os dias desde o episódio da igreja. ─ Obrigada por me trazer até aqui. ─ Agradeceu, abraçando-o como sempre fazia antes de quase pular até Jeon.

─ Não há de quê... ─ Respondeu, feliz como nunca ao ver o amigo tão animado. Ele sempre adorou ouvir as histórias dos romances que Jimin lia, mas nunca deixou de se perguntar como seria quando seu amigo se apaixonasse desde a última vez que aquilo acontecera. Não que Park tivesse comentado algo sobre seus recentes sentimentos, mas eles se conheciam há muito tempo, e, bem...

O fato é que desde a epifania de Jungkook, o burguês estava nitidamente se esforçando para ignorar as especulações alheias sobre sua vida. Jimin sempre o observava, em silêncio, fechando os olhos e contando até dez quando ouvia fofocas nada discretas sobre um possível envolvimento entre os dois, quando estavam juntos no trem. Ninguém lhes disse que seria fácil manter o inicio daquela amizade de forma leve, contudo ambos não esperavam que fosse tão difícil também.

De toda forma, os dias eram felizes. Jimin ainda era acompanhado pelo melhor amigo até a estação - mesmo que aquele percurso fosse de longe desfavorável para Jin, ele insistia em fazê-lo, visto que cada oportunidade de conversarem fora do da mansão era raríssima. Portanto os dois compartilhavam o trecho de um quilômetro e meio diariamente, rindo como babuínos das piadas de avô do Kim.

─ Olá, Jungkook-sshi. ─ Jimin já estava com dores nas bochechas de tanto sorrir.

─ Oh, Jimin-sshi, como é bom revê-lo! ─ O burguês virou-se, fitando-o e querendo gravar cada detalhe de sua fisionomia.

Eles haviam se encontrado no dia anterior.

─ Igualmente. Me desculpe pela demora, Jin perdeu os sapatos de novo.

─ Sem problema. ─ Ele respondeu, rindo enquanto acenava para o dito cujo, que se despedia. ─ Vamos? Consegui guardar lugares para nós hoje.

Sempre que podiam, sentavam-se nos mesmos assentos e Jungkook lhe cedia o da janela, apenas para, assim, ter o privilégio de observar o olhar introspectivo do empregado, que sempre ficava alguns minutos em silêncio naqueles fins de tarde. Se já havia posto os olhos em algo mais bonito que Jimin coberto pelos tons alaranjados dos filetes solares, ele não lembrava.

Para quem visse de fora, pareceria o encontro entre arte e artista. Apenas algo saído das profundezas da alma poderia explicar o olhar apaixonado, admirado, encantado por cada mísero detalhe do outro que brotava das íris de Jungkook em direção a ele. Nunca cansaria de observar suas marcas de nascença; pintinhas estreladas por toda a constelação que seu rosto era. Jamais se fatigaria por ouvir a voz doce dele, que trazia à tona um assunto novo para discutirem daquela vez.

─ Jungkook-sshi, você já ouviu falar em... soulmates?

O escritor mordeu o lábio, lembrando daquele vocábulo que soava familiar.