ASSALTO

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Tudo é muito rápido, pegando todo mundo de surpresa.
- QUERO TODOS AGORA NAQUELE CANTO! -o rapaz grita apontando a sua arma.-
A movimentação das pessoas foi bem rápida, todo mundo encolhido no chão, com medo e apavorado.
Do meu lado o Pop se mantinha calmo, tentando passar uma mensagem de que tudo ficaria bem, do meu outro a mãe com a filha abraçava a sua garotinha com todas as forças que ela tinha em seu corpo.
- CALA A PORRA DA BOCA! -o rapaz se agachou, apontando a arma e gritando para uma adolescente dos cabelos curtos que chorava.-
Eu olhei pra ela e balancei a cabeça devagar, o seu colega tapou a boca dela com a mão e o barulho do choro ficou preso em sua garganta.
- Todo o dinheiro que eu tenho está no caixa. -Pop levanta as mãos enquanto fala.-
O rapaz não disse nada, correu para a caixa de metal e enquanto retirava o dinheiro ouvimos o barulho da sirene, percebi o exato momento em que todos respiraram aliviados pois aquele barulho era da viatura de rotina, ela costumava passar de meia em meia hora pela rua porém, eu também percebi a hora em que o assaltante percebeu que não teria como ele sair. Foi nesse momento em que eu percebi que não seríamos soltos.
- TODO MUNDO CALA A BOCA! -sua arma foi apontada para a nossa direção enquanto os seus olhos focava na viatura estacionando e o policial saindo do carro.-
- Ele vai entrar e vamos ficar bem. -o menino que tapava a boca da sua amiga sussurrou.-
O assaltante soltou uma risada que fez com que todos prendessem a respiração, não se ouvia nada além do seu riso e o tiro que foi disparado da sua arma que pegou na parede, atrás de gente.
- EU MANDEI CALAREM A BOCA, O PRÓXIMO VAI SER NA SUA CABEÇA! -o menino não havia susurrado tão baixo assim.-
- Abaixa a arma. -ouvimos o policial falar do outro lado do vidro mas não conseguíamos ver ele já que estávamos sentados no chão.-
- Cada passo seu é um tiro em cada pessoa. -ele tremia enquanto apontava a arma para as nossas cabeças.-
O barulho de mais viaturas chegando ficou mais alto e o medo do assaltante só aumentava, isso não era bom pra gente.
Ele sabia que estávamos rodeados, mesmo se fizesse alguma exigência a única saída dele era se entregar. As pessoas já não choravam mais pois acreditavam que estavam salvas mas eu sabia, que enquanto ele andava para todos os lados da lanchonete o seu cérebro pensava em como fugir.
- Qual o seu nome? -pergunto e o Pop aperta os meus dedos.-
- Eu.Mandei.Calar.A.Boca. -ele diz pausadamente enquanto apertava as minhas bochechas com só uma mão.-
- Qual o seu nome? -insisto quando ele me solta e vira de costas.-
- Quer fazer apresentações antes de morrer? -ele se vira pra mim.- Tudo bem, meu nome é Jack.
- Qual a sua idade Jack? 20, 21? -continuo perguntando pois talvez assim a sua mente se acalme.-
- 22. -sua respiração ainda está desregulada.- 23 amanhã.
- Parabéns Jake, é uma ótima idade. -sorrio sem mostrar os dentes.-
Ele volta a andar, as vezes com as mãos na cabeça, balançando a arma para todos os lados.
- Eu não quero machucar vocês, mas olha lá fora, a polícia vai atirar em mim assim que eu colocar os pés pra fora daquela porta. -sua respiração está quase regular outra vez.- A não ser...
A sua frase para e seus olhos vão em direção para a garotinha, seu sorriso cresce pois ele achou um método de sair ileso.
Sem pensar muito os seus braços puxam a pequena garota, colocando ela na frente do seu corpo com uma arma na direção da orelha dela.
- Solta ela, porfavor. -a mãe ao meu lado implora.- Me leva mas deixa ela.
- Você é só uma vadia, morreria junto comigo. -a mãe chorava ao meu lado e eu abraçava ela de lado.-
- O SENHOR TEM 5 MINUTOS PARA SE ENTREGAR! -a voz do lado de fora ecoa pra dentro do estabelecimento.-
De repente o sonho que tive com Lucas me vem a mente e eu sabia o que fazer.
- Me leva! -falo rápido quando ele começa a andar com a garota.- Se você sabe quem eu sou, sabe também que eles não vão atirar em você enquanto estiver comigo.
- Selena. -Pop que ainda segurava a minha mão.-
- Solta ela e me leva. -peço mais uma vez.-
A garotinha é jogada de volta nos braços da mãe e eu agora estou de pé, com as costas em seu peito, com o cano gelado na minha cabeça.
- Você não está tremendo. -ele diz ao me analisar.-
- Não, eu não estou. -continuo olhando para as pessoas na minha frente.- Eu sei que você não vai me machucar, só está com medo.
- ESTOU COM A DROGA DE UMA ARMA APONTADA PRA VOCÊ! -ele grita perto do meu ouvido e eu estremeço.-
- Jack, você não é mal, você só quer voltar pra casa e comemorar os seus 23 anos com um bolo da padaria ao lado. -sinto o seu peito tremer.- Isso foi um assalto que deu errado mas você tem o poder de mudar o final.
- Eu não posso, eles querem me matar. -sua voz começa a ficar embarcada.- O sistema é falho, foi feito para pessoas como eu não terem nada.
- Todos juntos podemos mudar o sistema, fazemos a diferença. -continuo puxando a respiração.-
- Eu só quero o dinheiro para comprar o remédio da minha mãe. -ele solta o choro que estava segurando.- O governo cortou a entrega dele e agora ela está morrendo, como que você pode me dizer que 23 anos é uma ótima idade quando eu não tenho dinheiro para salvar a minha própria mãe?
- Nós vamos ajudar a sua mãe, isso é uma promessa e eu nunca quebro nenhuma delas agora você vai soltar essa arma. -coloco a minha mão junto com a dele.- Eu vou sair do seu lado, segurando a sua mão. -me viro para a janela e vejo o rosto do Shawn entre a multidão.- Nos vamos sair de mãos dadas.
Jack abaixa a arma.
Eu olho para o rosto de Shawn, sorrio para dizer que está tudo bem.
Seguro na mão do Jack.
Tudo aconteceu mais rápido do que quando Jack entrou no Pop's.
A polícia invadiu pela saída dos funcionários.
O tiro foi ouvido por todos.

SELENA GOMEZOnde histórias criam vida. Descubra agora