SELENA GOMEZ

PHOTOGRAPH

Essa confusão toda por causa da polaroid me deixou inspirada e por conta disso não consigo dormir, só penso em melodias, letras e arranjos. Eu nunca fiquei tão inspirada igual estou agora, as pontas dos meus dedos já estão doloridas de tanta batucar elas na mesa fazendo ritmos.
Tenho a ideia de uma música, sobre o que vai ser mas não consigo sair de uma frase, estou presa nela e preciso de idéias, preciso de ajuda.
Na minha mente só tem um nome, Shawn Mendes, estamos trabalhando na canção do Ed juntos mas eu não quero incomodar, ele provavelmente está dormindo mas antigamente ele tinha insônia, talvez ele não tenha mais.
Depois de tanto pensar e batucar os dedos resolvo ligar, porém, se ele não atender no 3° toque eu vou desligar.
- Selena? -droga, ele atendeu no segundo.-
- Oi, te acordei? -pergunto sem jeito.-
- Não, a verdade é que eu não estava conseguindo dormir, sabe como é, insônia. -ele ainda tinha, talvez não tenha mudado tanto assim.- Mas aconteceu alguma coisa?
- Minha cabeça não para de pensar em uma letra de música e eu sei que a quê estamos escrevendo está praticamente pronta. -falo sem pausa nem para respirar.-
- Me fala o que está pensando. -mesmo sem ver sei que ele está com um sorriso no rosto.-
- "Nós mantemos este amor numa fotografia, nós fizemos estas memórias para nós mesmos, onde nossos olhos nunca fecham". -canto baixinho e no ritmo que imaginei.-
- "Nossos corações nunca estiveram partidos e o tempo está congelado para sempre". -no instante em que eu cantarolei ele criou uma segunda parte.-
- Você pensou nisso agora? -pergunto surpresa.-
- Nesse exato momento, ouvir a sua voz me deixa inspirado. -ele fala e de repente a ligação fica silenciosa demais.- Desculpa.
- Tudo bem. -sorrio sem mostrar os dentes mesmo que ele não consiga ver.-
- Quer trabalhar em cima disso? -ele pergunta.-
- Você acha que vamos conseguir uma música boa? -questiono abrindo a porta da varanda.-
- Ela já parece uma música boa pra mim. -consigo ouvir alguns acordes de violão do outro lado da linha.-
- Temos dois dias pra deixar ela pronta. -falo me sentando no sofazinho.-
- Podemos começar ela agora. -ele sugere.-
- Pode ser por chamada de vídeo. -dou a ideia.-
- Ok. -desligo a ligação.-
Assim que desligo corro para o meu quarto para pegar o caderninho de composição e o notebook, pois assim seria mais fácil de conversar.
Assim que conecto o carregador a tela ascende e o nome dele aparece, minhas mãos começam a soar.
- No que estava pensando quando pensou nessa letra? -ele pergunta sem olhar pra tela e ajeitando os acordes do violão.-
- Em uma polaroid. -ele me olha no instante em que ouve a palavra polaroid.- Ela é uma memória, seja boa ou não, ela guarda os seus sentimentos e a lembrança é a única coisa que temos que ninguém pode tirar de nós.
- Profundo pequena Shakespeare. -ele sorri e eu retribuo.-
Começamos a pensar juntos mas dessa vez do meu jeito, melodia e letra juntas, andando lado a lado.
- Quando eu estiver longe me lembrarei de como você me beijava embaixo do poste de luz da 6ª rua. -ele canta uma ideia que teve e me surpreende.-
- Você ainda se lembra da 6° rua. -falo sorrindo largo.-
- Pelo visto você também. -ele fala orgulhoso por não ser o único.-
- Foi na rua 6° que a gente levou um banho de água quando aquele carro passou. -falo me lembrando de uma memória antiga.-
- Ficamos encharcados igual dois pinguins. -ele gargalha alto.- Você também sabia que era naquela rua onde eu te ligava antes de embarcar?
- Então é naquela rua que guarda os seus sussurros? -falo fazendo uma cara de surpresa.-
- Eu não sussurrava. -ele junta as sobrancelhas.-
- "Prometo que não vou demorar, continue esperando por mim", isso era um sussurro. -digo as palavras que ainda sei de cor.-
- Era porque ninguém mais precisava ouvir, apenas você. -se a varanda estivesse com todas as luzes acesas ele estaria me vendo vermelha.-
- Que tal "ouvindo você sussurrar pelo telefone, espere por minha volta para casa". -falo a minha ideia.-
- Essa estrofe é dedicada a 6° rua. -ele fala anotando no seu caderno e eu faço o mesmo.-
Cada estrofe era uma memória, uma lembrança que temos juntos e isso deveria me incomodar mas me sinto a vontade.
- Você poderia me colocar... -antes que eu termine a frase Shawn me corta.-
- Você tinha um colar que o Lucas tinha te dado, não tinha? -ele pergunta mordendo a ponta do lápis.-
- Eu ainda tenho. -sorrio me lembrando.- Ganhei com 16 anos, eu sei, é meio bobo.
- Não tem nada de bobo, ele é importante pra você. -ele da de ombros.-
- Ele não é uma fotografia mas também guarda lembranças. -falo o meu pensamento.-
- Então vai ser, "você poderia me colocar dentro do colar que você usou quando tinha 16 anos". -ele não espera a minha aprovação e anota em seu caderno.-
- Essa estrofe então é pro Lucas? -pergunto estralando os dedos.-
- Do Lucas e as lembranças de vocês. -ele responde sorrindo de lado.-
- Obrigado. -agradeço.-
O relógio marcava 5h da manhã, a música já estava praticamente pronta mas nos ainda temos tantas letras que eu não queria que essas idéias acabassem, não queria que essa noite acabasse.
- Você pode me guardar no bolso do seu jeans e então você nunca estará sozinha. -ele canta meio cabisbaixo.-
- Uma foto no bolso de uma calça? Se esquecer de tirar vai rasgar quando levar. -falo levando na brincadeira.-
- Uma foto pode estar dentro de uma carteira. -ele fala mordendo a paleta do violão.-
- Meus pais tem uma foto minha na carteira deles. -digo lembrando da fotografia 3x4 que eles levam para todos os lugares.-
- Eu também tinha uma sua. -ele diz meio tímido.-
- E porque tendo uma foto a pessoa não vai estar sozinha. -falo mudando de assunto.-
- Isso vai ser constrangedor. -ele fala olhando para o teto.-
- Porque? -pergunto curiosa.-
- Eu ainda tenho as fotos que você me mandava, aquelas fazendo careta. -engulo seco.- Quando me sinto sozinho, eu abro elas no meu celular e então eu sei, sei que em algum momento eu tive você, que em algum momento eu nunca me senti vazio ou sozinho, como você disse, uma foto guarda sentimentos e olhar pra elas faz com que você sinta eles novamente. -ele fala com toda sinceridade que eu sinto todas as minhas barreiras serem derrubadas.-
- Você não está sozinho. -falo o reconfortando.-
- Eu não tenho você. -antes que eu falo alguma coisa ele continua.- Eu sei, tenho a Camila.
- É, você tem a Camila. -falo baixo.-
- Me desculpa, por tudo, eu odeio o fato de saber que te machuquei. -ele umedece os lábios.-
- Tá tudo bem, amar pode doer as vezes mas no final, é ele quem nós mantém vivo. -falo sorrindo mas é como se eu estivesse levando facadas por todo o meu corpo.-
- Amar também pode curar. -ele fala e eu sorrio fraco.-
- Já está amanhecendo, eu preciso tentar descansar, tenho que atender um paciente hoje bem cedo. -falo fechando o meu caderninho.-
- Ah, ok! Dorme bem então. -ele tira o violão do seu colo e coloca do seu lado.-
- Obrigado, você também. -mordo o lábio inferior.-
- Espera! -ele pede e assim eu faço.- Pode deixar que eu gravo a música e na sexta a gente apresenta ela, não precisa ter duas vozes na hora de gravar.
- Obrigado. -sorrio em agradecimento.-
- Até sexta. -ele se despede e desliga.-

Hoje é sexta-feira e eu acordei super animada, vou apresentar a música para o ruivinho e tenho um paciente que está cada dia melhor da depressão, ele está vencendo ela, então eu tenho motivos o suficiente para ficar feliz.

Faço a minha higiene matinal e acabo demorando um pouco ao escolher a roupa do dia mas quando a roupa ficou perfeita mais feliz ainda estou.

- UAAAAAU! -Dylan grita quando me vê entrando na cozinha.- Isso tudo é pro Shawn?
- Você não deveria estar na empresa? -pergunto colocando água pra esquentar.-
- Você não deveria estar menos arrumada? -Dylan questiona me entregando a caixinha de chá.-
- Eu cuido da produção da Selena, ela sempre está arrumada. -Demi fala bebendo seu café extra forte.-
- Vou andar ainda mais quando a sua coleção sair. -falo vigiando a água ferver.-
- Isso é verdade. -Dylan concorda.- Mas ainda sim, essa produção é pro Shawn.
- Pode ser pra mim mesmo. -falo desligando o fogo e os dois começam a gargalhar alto.-
- Cheguei! Qual a graça? -Kj aparece entrando no apartamento.-
- Nada. -falo beijando a sua bochecha.-
- Tô indo pra empresa, encontro com você lá. -Dylan diz pegando as suas coisas.-
- Eu vou daqui a pouco, quer esperar? -pergunto.-
- Não, o Tyler está lá em baixo. -ele responde abrindo a porta.-
- Manda um beijo pra ele. -falo alto pra ele ouvir e começo a beber o meu chá.-
- Meu cereal está acabando. -Kj fala fazendo biquinho.-
- Legal, o supermercado fica aqui perto e só ir lá e comprar. -Demi fala pegando a bolsa.-
- Eu tenho um filme e uma série pra gravar, não tenho tempo pra isso. -ele fala colocando leite na tigela.-
- E eu uma colecção de roupas pra criar. -ela fala levantando a sobrancelha.- Falando nisso, tô indo.
- Quer carona? -pergunto colocando a xícara na lavadora.-
- Não, o Liam já está aqui em baixo, ele vai me levar. -ela fala ajeitando a roupa em frente ao espelho.-
- Quando vocês vão se assumir? -pergunto me escorando no Kj.-
- A gente só está ficando, nada de relacionamento. -ela responde seria.-
- Legal, pena que ninguém acredita. -Kj fala de boca cheia.-
- Beijos. -ela sai com um sorriso.-
- Vai me oferecer carona também? -Kj pergunta me olhando.-
- Não. -respondo sorrindo largo calçando o salto.- Antes de sair não se esqueça de lavar a sua tigela.-
- AMO VOCÊ TAMBÉM! -ele grita quando fecho a porta.-
Eu tenho dois caminhos para chegar na empresa, o mais rápido e o mais lento, e foi ele que eu escolhi, estou tão nervosa e com medo do Ed não ter gostado da música que precisava pensar e me acalmar durante o percurso.
Assim que chego percebo que ter pegado o caminho mais lento foi a pior escolha, estava atrasada então começo a correr desengonçada por causa do salto agulha, acabo não cumprimento ninguém.
- Desculpa a demora. -falo entrando na sala de Andrew.-
- Tudo bem, pode se sentar. -Andrew aponta pra cadeira ao lado de Ed.-
- Ei. -sorrio beijando sua bochecha.- Cadê o Shawn?
- Ele não vem, está ocupado finalizando o álbum. -Dylan responde me olhando.-
- Entendo. -falo passando a mão nas pernas.-
Eu não deveria estar me sentido triste mas é assim que eu me sinto.
- Podemos ouvir a música? -Ed pergunta ansioso.-
- Claro. -balanço a cabeça em afirmação e o som é ligado.-

Assim que a música chegou ao fim a sala ficou silenciosa e eu só queria o Shawn aqui, pelo menos assim eu não estaria surtando sozinha, teria ele pra me olhar com ansiedade e nervosismo, estaríamos rindo de preocupação um para o outro.
- Alguém diz alguma coisa. -peço sem paciência.-
- Eu não tenho palavras. -Ed diz me olhando de lado.- Ela me faz querer tirar foto de tudo, gravar todos os momentos, ter lembranças.
- Então você vai ficar com a música? Gostou dela? -pergunto apertando os dedos.-
- Mas é claro, já podem estourar o champanhe porque ela vai ser sucesso!. -ele diz animado.-