Capítulo 03

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Naquele final de semana em particular, havíamos ido passar dois dias no sítio do tio Jeon.

Recordo com carinho que haviam muitas poucas regras direcionadas a mim, e uma delas, incluía não chegar perto da piscina  sem que houvesse um adulto por perto.

Muitas das vezes, ou em quase todas elas, mamãe só precisava falar comigo sobre o quão perigoso algo pudesse vir a ser uma única vez. Mas aquela piscina era uma rara exceção, pois todas as vezes em que íamos visitar o tio, ela fazia o mesmo discurso:

— Querida preste atenção. — ela pediu se inclinando para mim. — Lembre-se de nunca se aproximar daquela piscina se Papai, tio Jeongguk ou eu não estiver por perto, está bem?

Eu olhei em seus olhos gentis, embora sérios, e assenti.

Ela confiava que eu seria uma boa garota. E naquele verão em particular, eu já possuía dez anos. Então, não era tão difícil relaxar um pouco ao meu redor.

Papai e titio conversavam na varanda. Mamãe tivera que sair brevemente para resolver um problema repentino com uma de suas clientes, enquanto eu, livremente corria atrás de uma borboleta pela área gramada próxima a piscina.

Naquele momento, a borboleta parou próxima a borda a qual retinha todo aquele azul cristalino. Obviamente eu não possuía o conhecimento do efeito borboleta e a teoria do caos. Em minha humilde inocência, era apenas mais uma criatura bela causadora de curiosidade. Então, foi até ela.

Ao ignorar pela primeira vez os avisos de mamãe, me aproximei da beira da piscina e ao tentar pegar a borboleta, cai.

Foi um momento aterrorizante onde não pude sentir nada além da gélida água em meu corpo. Fiquei com medo e comecei a chorar enquanto gritava por socorro ou chamava por eles em pleno desespero.

Após o que me pareceu uma eternidade, finalmente dois braços haviam se fechado ao meu redor. Meu terror era tão genuíno, que mesmo ciente que havia alguém ali, eu continuava a lutar desesperadamente.

Só parei quando ouvi a voz do tio Jeon me pedindo calma. — Está tudo bem agora, S/N... Eu te peguei, você está segura. Não vou te soltar, não precisa lutar mais.

Eu havia me forçado — embora ainda dominada pelo desespero —, olha para o tio Jeon que me segurava protetoramente.

Embora eu tivesse parando de me debater em seus braços, continuei a chorar. Até  mesmo após papai ter me puxado para longe da piscina e me abraçado desesperadamente como se eu fosse desaparecer.

— Minha filhinha. — ele sussurrou angustiado. — Que susto nos deu. Havíamos pedido para ficar longe da piscina, não havíamos?

— Eu sinto muito, papai. — me desculpei enquanto soluçava ao enterrar meu rosto em seu peito. — E-eu só queria pegar a borboleta...

— Oh, meu amor... está tudo bem agora. — ele afagou minhas costas levemente — Nada de ruim irá lhe acontecer de novo, papai promete a você!

— D-desculpa. Desculpa... culpa... papai.

Meu pai me manteve para si até que eu parasse de chorar. Quando mamãe chegou, eu ainda soluçava como prova incontestável do que acontecerá ali mais cedo. Mesmo que eu já estivesse seca, vestida e menos assustada, não havia como esconder nada do olhar afiado dela.

Eu não precisei dizer uma palavra se quer. Tampouco ela, que em um gesto gentil e colhedor, se agachou e abriu os braços para me receber em um abraço de urso.

— Mamãe está aqui agora, não se preocupe, querida! — ronronou em meu ouvido enquanto acariciava meu cabelo o qual momentos antes fora seco pelo secador do banheiro.

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