Capítulo 05

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— S/N minha filha, você está aqui? — papai chamou por mim ansiosamente ao abrir a porta do meu quarto de forma repentina.

Eu encontrava-me empacotado alguns livros para doação — assim como eles haviam pedido que eu o fizesse —, enquanto ouvia músicas as quais foram baixadas a noite toda através do eMule. Aquela era a época do ano a qual meus pais mais gostavam, pois o festival de Jardins — cidade natal do papai e mamãe —, Estava prestes a se inicializar. O objetivo principal do festival anual era o de arrecadar o máximo de doações — fossem elas roupas, bolsa, livros, aparelhos, etc... o que pudessem doar —,  para ser distribuído mais tarde aos mais humildes. E como ficou acordado que iríamos para a fazenda do tio Jeon na amanhã seguinte, eu seguia separando a minha contribuição para aquele ano totalmente concentrada. Por isso quando papai chegou de repente, todo o meu corpo ficou tenso e meu pulso acelerou com o susto.

Recordo deste fato com clareza, como se tivesse sido ontem: sua expressão de pânico deixava-o como um fantasma. Seu rosto empalideceu e sua mão tremia sobre a maçaneta enquanto seus olhos me ficavam com preocupação.

— Aconteceu algo, papai? — perguntei aflita ao correr para desligar a música.

Ele adentrou o meu quarto silenciosamente e sentou-se sobre o meu tapete amarelo estendido ao chão próximo da cama. Papai bateu com a mão ao seu lado para que eu me juntasse a ele. E quando o fiz, seu longo dedo indicador guiou minha cabeça para cima através do meu queixo para que nossos olhos se encontrassem.

— Querida... — papai começou. — Eu não vou brigar, ok?

Ao ouvir essas palavras uma ansiedade abraçou meu corpo de apenas onze anos — na época —,  e logo me veio a mente que eu havia feito algo de errado.

Quando não me manifestei, ele prosseguiu:

— Esteve no meu escritório recentemente, filha?

Arregalei os olhos. Sim, eu havia estado em seu escritório naquela manhã. Pois, embora eu soubesse que não era para entrar lá sem permissão, acabei o fazendo. Isso porque  mamãe, papai e tio Jeon andavam muito ocupados e eu me sentia só.

Papai é arquiteto, então por causa das maquetes e trabalhos delicados os quais realizava as vezes em casa, eu não possuía permissão para brincar por lá.

Com “culpada” escrito em minha testa, eu assenti com a cabeça.

— Sim papai, eu estive...

Ouvi seu suspiro pesado quando sua mão me deixou.

— Filha, pensei já ter lhe explicado o porque não pode brincar lá dentro... — advertiu, com um ar sério.

Balancei a cabeça em negação. — Não fui para brincar papai, eu juro. Só queria deixar uma carta secreta para dizer que estou sentindo sua falta.

— Sim, meu  bem, eu vi a carta dentro do livro. Mas o que desejo saber é se você leu o livro?

— Não. — o assegurei. — Coloquei dentro daquele livro de capa vermelha com um monte de nomes escrito nele, porque sei que o senhor tem o lido. Mas juro de mindinho que não li nada ou mexi em mais nada.

A expressão do papai se suavizou e seu corpo pela primeira vez — desde entrará em meu quarto —, relaxou.

— Isso é bom de se ouvir. — admitiu passando a mão no meu cabelo de forma carinhosa. — Realmente sinto muito, filha! Sei que ando um pouco ausente, mas prometo resolver isso. — seus longos braços me puxaram para si e fui envolta a um abraço protetor. — Desculpa... — pediu ao depositar um beijo em minha cabeça.

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