Minha... O quê?

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— Então, você e a Lisa? Tá rolando mesmo? — Nayeon me pergunta sem rodeios no meio da nossa aula de história. Ela é a minha dupla nessa tarefa de ler sobre a Segunda Guerra Mundial e fazer um texto chato e grande sobre os principais motivos. Fico impressionada em como ela virou a conversa que estava em as estreias do cinema nessa semana para a minha vida amorosa.

Tiro os olhos do livro e a encaro, encontrando sobrancelhas arqueadas esperando por uma resposta. Pela visão periférica, consigo ver Lisa dançando perto da lixeira enquanto aponta um lápis. Me forço a não olhar pra ela.

— Quem te disse isso? — Volto a olhar para o livro.

— Todo mundo viu vocês flertando perto da máquina de doces. Ela foi o seu Encontro de Um Dólar, não foi?

Faço uma careta ao lembrar do nosso encontro horrível, mas não tão horrível assim.

— Ei, dançarina, dá pra senhorita sentar na cadeira? — A professora Son, sentada em sua mesa e lendo algum livro antigo, fala para a garota que estava perto da lixeira com um lápis e um apontador. Boa parte da sala irrompe em risadas e Lisa fica vermelha, voltando para o lugar dela perto do fundo.

Mas é claro que ela não fez isso sem antes me dar uma olhada. Eu juro que tentei não dar um sorrisinho, mas todo mundo aqui já está careca de saber que eu não consegui. Pisco um olho para ela, que fica mais vermelha ainda e esbarra na mesa de Rosé, derrubando os acessórios de maquiagem que ela estava usando durante a aula. Rosé sempre usa as aulas que ela odeia para se maquiar, e usa o fato de sentar no fundo para que a professora nunca perceba. Ao lado de Rosé, Jisoo joga um daqueles jogos chatos dela no celular e não liga absolutamente para nada ao seu redor. Podiam explodir uma bomba na escola que ela nem ligaria. Essa sim é a dupla exemplar da sala.

Eu e a Nayeon acompanhamos a cena se desenrolar.

— Foi mal, cara, nossa. — Lisa se abaixa para pegar alguns batons no chão. Rosé me olha rapidamente, querendo rir.

— Fica de boa. — Ela tranquiliza Lisa.

Lisa me olha novamente como quem diz ''isso é culpa sua'' e volta para o lugar dela, ela não tem dupla para essa tarefa. Eu teria me atirado ao lado dela me oferecendo pra ser sua dupla, mas Nayeon era minha dupla sempre e isso já era um trato entre nós. Nunca reclamei porque apesar de ser preguiçosa, Nayeon é muito boa em história. E eu sou uma catástrofe em qualquer matéria que envolva textos demais.

Voltando para a cena atual, apenas dou um sorriso convencido em troca para Lisa.

— Tá vendo só, vocês tão totalmente se pegando. — Nayeon constata, me fazendo olhá-la. Haja gente entrometida nessa escola, viu. Mas Nayeon tem sorte que eu gosto dela, ou eu já teria feita ela engolir esse livro.

— Ela é boa, sabe. — Dou de ombros.

— Vai me dizer que ela tem pegada? — Nayeon já esqueceu totalmente o caderno em cima da mesa, se virando para me encarar completamente. Os olhos dela estão acesos, loucos por alguma fofoca.

— E pra quê você quer saber disso? — Volto a olhar para o livro, mesmo que não esteja lendo nem uma vírgula do que está escrito. E se eu disser para ela que Lisa tem uma baita de uma pegada desgraçada e que beija bem pra caramba e ela começar a dar em cima dela? É sempre assim aqui na escola. Tem aquele menino ou menina que nunca ninguém deu a mínima, mas aí alguém começa a ficar com ele(a) e de repente todo mundo se interessa também. Eu não vou dividir a Lisa nem ferrando.

— Bom, algo de interessante ela deve ter pra você ainda estar dando moral pra ela. — Ela afima, e o pior é que essa chata não está errada. — Nunca esperei esse casal.

O Encontro de Um DólarOnde histórias criam vida. Descubra agora