O Encontro de Um Dólar

Meus Não-Sentimentos

Eai kkk que horário estranho, não é? É culpa da porcaria do BBB que me deixou viciada e eu fico vendo essa coisa dia e noite, mas consegui sim escrever sem muita demora. Boa leitura! 

Vou me atrasar um pouco, acho que vou chegar lá pelas 16h.

Dizia a mensagem de Lisa que era exibida no nosso chat no Kakao Talk. Eu digitei um rápido ''tá bom'' e logo bloqueei a tela do celular. Respirei fundo e me joguei na cama grande e fofinha de Jisoo, enterrando a cara no seu edredom que infelizmente cheirava puramente ao seu cachorro.

— Ela tá vindo? — Rosé entra no quarto espaçoso com seu caderno e estojo nas mãos, Jisoo vem logo atrás com alguns livros e um estojo bem maior que o de Rosé. Elas jogam os materiais na escrivaninha de Jisoo.

— Disse que vai chegar lá pelas 16h.

É sábado e estamos na casa de Jisoo para o prometido grupo de estudos. E não, eu não poderia estar num clima mais estranho para estudar. Começando pelo fato de que estou morrendo de sono, pois fiquei até tarde falando no telefone com Lisa na noite anterior e fui dormir perto das 3h da manhã. E antes que você se pergunte, já digo que a resposta é não. Eu não consegui conversar com ela sobre nenhuma das minhas paranoias, muito menos sobre a minha descoberta mais recente sobre seu pai. O que Bambam me contou depois da grande revelação — que só era grande para mim — foi que Lisa perdeu o pai num acidente de carro quando ainda morava na Tailândia e então ela e a mãe se mudaram para Coréia do Sul. Ele ficou completamente surpreso por eu ainda não saber disso e eu tive que inventar que eu tinha acabado de conhecer Lisa e por isso nem imaginava tudo isso, o que não é uma completa mentira.

Na ligação com Lisa eu não soube como chegar nesse assunto, não queria simplesmente soltar ''ei, seu pai morreu? E como você o viu naquele dia?'' do nada. E também acredito que isso não fosse fazer bem nenhum para ela. Já era um alerta para mim que ela dizia ainda ver ele por aí. Podia significar que ela mentiu para mim, podia significar que ela via espíritos (?), podia ser que ela tivesse outro pai, como uma espécie de padrasto que ela considera como pai e podia significar que havia algo muito errado com ela. Aposto que você sabe qual é a opção certa.

Então tudo que conversamos na ligação foram besteiras, Lisa falando sobre o trabalho e as manobras que fez. Me falando tudo o que tinha dado errado na sequência de Sehun e o que fez ele cair do skate e quebrar o braço. Eu falei sobre o quanto ela tinha ido bem e ainda tentei chegar perto do assunto de sua família quando perguntei quem estava na casa dela, mas tudo que ela disse foi que a mãe estava no quarto vendo TV. Daí Lisa dormiu bem no meio do meu monólogo de crítica do filme das Aves de Rapina.

Agora, depois de uma chuvinha fria e fraca nessa tarde, estamos aqui na casa de Jisoo esperando Lisa aparecer. A mãe de Jisoo está no trabalho de enfermeira, o pai na confeitaria e os irmãos estão em seus quartos, tão individualistas quanto a própria Jisoo. Eu e Rosé viemos cedo e ficamos um tempo conversando na sala até Jisoo insistir em nos arrastar para o quarto.

— Eu preciso contar uma coisa pra vocês. — Eu me ajeito na cama enorme de Jisoo e tento pensar em como vou contar isso para elas. Eu preciso falar disso com alguém e essas imbecis até que sabem pensar direito quando querem.

— Deixou a Lisa pegar nos seus peitos, né? — Jisoo me olhou um ar sugestivo e se virou para ligar seu videogame.

— Claro que não! — Eu cruzo os braços, de repente querendo esconder meus seios da vista delas, mesmo que eles estejam cobertos por um suéter. Fico impressionada em como minha cara nem treme com a mentira. — Quer dizer, deixei sim. Mas não é isso que quero contar.

— Você deixou?! — Rosé ignora totalmente o final da minha frase. Ela se senta na ponta da cama perto de Jisoo.

— Você nem respondeu a gente no grupo. — Jisoo diz ainda vidrada na televisão. O videogame começa a rodar GTA.