Capítulo 01 - A morte do Papa

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O Cardeal não podia acreditar no que seus olhos viam. Será que era algum tipo de delírio? Não... Não seria possível, seria?

Julho II morreu repentinamente, as missas para ele duraram três dias, todo o continente estava perplexo. ChanYeol nunca gostou dele, o respeitava como superior, mas sabia que ele não merecia comandar a igreja. No fundo de seu coração, sabia que essa era uma ambição sua.

Contudo... Aquela era uma situação um tanto... Absurda.

Os olhos grandes do Cardeal acompanhavam o contorno do rosto jovem demais debaixo da mitra como se sua mente projetasse a imagem. Ele parecia tão, tão, inocente. Como o clero poderia colocar alguém assim no poder? Era um escândalo! Mas o Cardeal sabia a resposta para essa pergunta, sabia muito bem, mas questionava-se se Deus poderia deixar uma coisa dessas acontecer.

Não era a favor do novo Papa.

"ChanYeol, não adianta fazer essa cara." JongDae, um arcebispo amigo, comentou sussurrado enquanto pousava ao seu lado. Naquela hora do dia costumava reler a bíblia, se ajoelhava ao altar principal e deixava-se entreter pela leitura.

Deus havia dado poder ao Diabo.

"O Senhor que me perdoe, mas eu não aprovo isso." ChaYeol sussurrou, assistindo o outro negar com a cabeça. Por mais que gostasse do amigo, sabia o quão oportunista e obediente ele poderia ser, para ele um bom Papa seria alguém que ele conseguisse seduzir para ganhar bens por debaixo dos panos. E alguém jovem e bonito poderia ser bastante interessante para o Kim.

"Eu não o achei tão ruim assim. E os Cardeais são quem faz alguma coisa mesmo, não irá mudar nada." Deu de ombros.

"Pois eu irei rezar o quanto eu puder."

Chan sabia que se tentasse contar ao resto do clero sobre o Diabo ter chegado ao poder, iria ser considerado louco, poderia até mesmo perder seu cargo. Não tinha medo dele, Deus estava consigo, mas por que ele fez isso?

"Que mate-se de tanto rezar."

O cardeal sentiu um arrepio lhe cruzar a coluna. O Diabo parou bem atrás de si, sentia suas canelas roçando no final das costas. Não sabia o que fazer, o Papa nem mesmo parecia querer esconder sua verdadeira natureza.

"Kim, está dispensado, deixe-me a sós com o Park." Ordenou, estendendo a mão para que Jong lhe beijasse. E assim o fez, o arcebispo lhe beijou castamente as costas da mão, os lábios arderam e ele se retirou.

"Senhor não abandona-me diante do Maligno, eu sou teu servo e a ti devo confiar." ChanYeol continuou recitando, apertando o terço que tinha entre seus dedos, ignorando completamente o Papa atrás de si.

"Pois o Senhor abandonou a todos nós, se não, o que estaríamos fazendo aqui?" BaekHyun, tão ousado, tocou os ombros por cima da bata, em resposta ganhou um tapa de supetão. O Cardeal estava arfante, de olhos arregalados, como se questionasse de onde vinha tanta coragem para lhe tocar. "Seu... Insolente!" O Diabo gritou, revidando o tapa que recebeu sem piedade alguma. O roso pálido ardeu em dor e vergonha. "Não esqueças que eu sou teu superior e que deves respeito a mim, meu amor, para eu amarrar uma coroa de espinhos nessas tuas pernas e destruir-te o tronco com a chibata, não é necessário muito. Talvez tu até gostes."

O Park encolheu-se dentro das roupas e trouxe a bíblia para junto de si. Talvez aquela seja uma prova divina. Só poderia ser, não havia lógica!

"Bom... Estou sem paciência para ti hoje, irei atrás dos teus companheiros, eles devem ser uma companhia melhor do que isso. Imprestável." BaekHyun resmungou, afastando-se do inferior, mantendo um sorrisinho sarcástico na face, não que ele a mostrasse. "Que Deus lhe guarde, porque tu irás precisar."

The PopeWhere stories live. Discover now