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- Eai? - Olha para garota. - Alguma coisa? -

- Não. - Ela fecha os olhos focando apenas no cheiro das plantas que sentira desde que chegou lá. - Só o cheiro. - Ela abre os olhos. - Me trás uma sensação de... casa. - O de cabelo azulado ri.

- Serio que só o cheiro? - Ele coloca as maos nas suas largas calças.

- O problema nao é meu se você atrapalha toda a vibe. - Ela olha para o garoto ao lado. - É assim que as pessoas falam, né? - Ele novamente ri e a garota revira os olhos.

- Depende. - Ela o olha atentamente. - Se voce quiser parecer uma boba é exatamente assim. - Logo o jovem recebe um tapa em seu braço. - Ai! -

- Para de ser chato. - Ela começa a andar pela rua recém molhada pela chuva. - Vamos logo. -

- Certo. - Ele a direciona ate a grande casa. - Bem, acho melhor tirarmos isso pelos próximos messes. - Tira a placa de "vende-se" que estava no portão da casa.

- É aqui? - Ela olha para a casa.

- Sim. - Diz jogando a placa velha no balde de lixo preta. - Vamos entrar, tem algumas coisas suas la dentro, talvez se recorde de algo. - Ele tira as chaves do bolço e começa a abrir as portas, mas algo chama atenção da de olhos azuis.

- Gostei do chaveiro. - Os dois olharam para o chaveiro de ursinho.

- Foi voce que escolheu. - Ele sorri ao lembrar do acontecimento.

- É bem a minha cara mesmo. - Ambos riram adentrando na casa aconchegante. - É bem grande aqui. - Ela olhava tudo com os olhos brilhando. Mesmo nao tendo muita  coisa na casa, ja que ela esteve desocupada pelos últimos 6 anos, ainda era aconchegante. - Quero ir embora. - Ela ss vira para seu irmão que a olha com cara de tédio.

- Sério isso Carley? -Ele tira seu casaco, era impossível sair sem um casaco, estava congelando.

- Sério. - Ela senta no sofá. - nem televisão tem. - Aponta para uma estante onde deveria ter uma tv.

- Vamos ter outras coisas para fazer. - Se senta ao lado dela.

- Tipo? -

- Fazer você recuperar a memória por exemplo. - Ele disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo. - Afinal, esse era o intuito da viajem.  -

- Só pra lembrar que eu nao concordei com nada. -

- Mas eu sou seu irmão mais velho e decido o que fazer. -

- Adotivo... Irmao adotivo. - Ela o relembra, ate parece que quem perdeu a memoria foi ele e nao eu, a garota pensa.

- Tanto faz Carley. - Ele se levanta. - Vamos, vou te mostrar seu quarto. -

Ela assenti e segue seu irmão subindo as escadas. Ela passava a mão pelas paredes enquanto caminhavam ate o quarto, a textura e a cor das paredes.nao era algo novo para ela, era como se tivesse as tocado um vida inteira.

- Bem braga viu. - Ela olha para o quarto rosa. - Eu gostava de rosa? -

- Nao, você queria azul mas o papai pintou de rosa por que ele achava que azul era para meninos. - Ele ri.

- Ainda bem. - Se senta na cama. - O que sao essas caixas? - Aponta para caixas de papelão.

- Ah, sao algumas coisas suas. Se quiser pode abrir, mas vai estar cheio de pó. Vou la fazer algo para comermos. - Ele sai do quarto  deixando a garota sozinha, ela precisava de privacidade.

Ela olhava atentamente para cada detalhe do quarto equanto dava batidinhas de leve na cama. Ela estava com tanto medo de abrir aquelas caixas, estava com medo de descobrir algo horrivel sobre si mesma, estava com medo de se envergonhar do que havia se transformado. Ela simplesmente acordou nao lembrando de nada de sua vida, acordou vendo um garoto dizendo ser seu irmão e um casal de adultos dizendo ser seus pais.

- Eles nem se parecem comigo. - Repetiu a frase que tinha dito a muito tempo atrás. - Mas amo eles. - Ela se levanta.

Ela nao queria sentir aquilo, mas era inevitável, algo dentro dela dói, dói e sangra, mas ela nem sabe o porquê. Para ela algo nao está certo. As vezes ela se pegava pensando que se nao tivesse acordado nunca mais estaria tudo bem, tudo ótimo. Ela nem se conhece, por bastante tempo deu ouvidos no que os outros diziam quem ela era, mas ela percebeu que nem mesmo sua familia a conhecia, ela afastou todos, afastou sua familia, menos o seu irmão. Ela só estava tentando ser quem ela era, mas ela nem ao menos sabe quem ela era. Carley se sentia morta por dentro, passando por suas emoções ela queria um um choque que a fizesse voltar a vida. Ela estava petrificada e fazia de tudo para anestesiar aquela escuridão que passava.

- Tudo isso esta me levando para a beirada - Ela se senta no chão, junto com aquelas caixas. - Algo nao esta certo. - Se deita no chão. Virou um hábito ela falar sozinha. - Sou uma visitante em minha propria pele. - Pega um de seus cigarros e o acende logo levando para sua boca. - Queria sentir licor nas minhas veias, agora. - Vira sua cabeça para o lado e sente o cheiro da fumaça adentrar suas narinas, aquilo a tranquilizava, um pequeno momento de paz era proporcionado a ela. - To perdendo o controle. - Volta com o cigarro em sua boca. - Droga, meu irmão vai me matar. - Volta a se sentar no chão com os seus cabelos, que agora chegavam em seus ombros, bagunçados. Ela toca seus labios os sentindo gelados. - Por que eles sao azuis? - Pergunta para si mesma, smepre quis saber o por que de seus lábios serem azuis. - Queria que ficassem vermelhos. -

Ele poderia deixa-los vermelhos.
Apenas ele.

Dois garotos, um amor |Jeon JungKookOnde histórias criam vida. Descubra agora