Capítulo 9

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Marina chegou em casa um pouco mais tarde do que de costume. O

trabalho no escritório estava crescendo. Ela havia contratado uma estagiária

além da secretária. Advogara para dois clientes importantes, conseguira

acordos vantajosos, e isso lhe trouxera novos clientes.

Ao entrar em casa, notou um ambiente festivo. Havia flores na mesa

de jantar, que fora arrumada com capricho. Um cheiro gostoso vinha da

cozinha, e ela foi ver o que era.


— Hum! Que cheiro bom! Estou vendo que o jantar vai ser

caprichado.

Ofélia sorriu enquanto mexia uma panela e respondeu:

— Hoje faz seis meses que viemos para São Paulo. Temos que

comemorar.

— Notei o capricho da mesa. Foi você quem arrumou tudo?

— Claro. Faz um mês que estou fazendo aquele curso.

— Pelo que vi, você está aproveitando muito. O arranjo de flores

também foi você?

— Foi. Gostou?

— Está lindo. Cícero já chegou?

— Já. Está no quarto.

— Tenho tido tanto trabalho que não tem sido possível dar a ele a

atencão necessária. Como está indo nos estudos?

— Bem. Ele é estudioso, você sabe. O jantar está pronto. Posso servir?

— Vou subir, me lavar um pouco. Cinco minutos e estarei descendo.

— Avise Cícero.

Marina assentiu com a cabeça e foi para o quarto. Calçou um chinelo

macio, lavou-se. Ao descer, passou pelo quarto do irmão e bateu.

— Cícero, o jantar está pronto.

— Não quero jantar. Não estou com fome.

Marina estranhou. Ele tinha bom apetite. Era sempre o primeiro a

sentar-se para comer. Estaria doente?

Abriu a porta e entrou. A luz estava apagada e Marina a acendeu.

— Não acenda — protestou ele. — Estou com dor de cabeça.

Ela aproximou-se, colocou a mão em sua testa. Não estava quente.

— Febre você não tem. Vou pedir à mamãe um remédio para sua dor

de cabeça.

— Não precisa. Vou ficar no escuro descansando e logo vai passar.


— Mamãe fez um jantar especial para comemorar nossa vinda para cá.

Ela vai ficar triste se você não descer.

— Não quero que ela fique triste.

— Então vamos lá para baixo. Talvez comendo um pouco você

melhore.

— Está bem. Pode ir. Vou lavar o rosto e descer.

Marina desceu e comentou com Ofélia:

NADA É POR ACASO  - ZÍBIA GASPARETTOOnde histórias criam vida. Descubra agora