morango e café

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Já na escola, Wonwoo decidiu se sentar em uma carteira mais afastada, já que no meio da sala ficaram apenas carteiras em duplas.
Mingyu foi devagar, deixou um sacola com dois sanduíches de queijo perto de Wonwoo, que, quando foi abrir sua apostila derrubou a sacola, pegou a mesma e guardou na bolsa.

—Já disse que não. Aqui não... — arrumou seu óculos de grau, ainda não olhando para Mingyu.





A aula foi passando, matemática e geometria não era algo complicado para Wonwoo. Conseguia fazer todos os exercícios sem nenhuma dificuldade.
Mingyu escrevia algo em um folha de caderno, amassou a mesma e jogou em Wonwoo.

O moreno não deixou aquilo tirar sua concentração, continuou focados nos estudos e contas com números e letras.
Terminava o último exercício quando o sinal bateu, a professora logo ajeitou suas coisas, olhando curiosa para Wonwoo.

—Não irá para o lanche? — perguntou.

—Oh, desculpe professora. Eu não gosto de sair da sala sem terminar o que me foi pedido. Ou seja, os exercícios. Estou no último, não se preocupe.

—Certo. Tchau Wonwoo! — se despediu a professora, sem olhar para trás.

Bom, estava curioso sobre aquela bolinha de papel que Mingyu havia jogado. Relutou muito sobre, mas no final decidiu ver o que estava escrito.

Eu gosto de você

Wonwoo riu daquilo. Olhava para a janela enquanto ouvia a chuva cair fortemente por ali. Foi isso mesmo que ele leu? Não é possível. Mingyu? Kim Mingyu? Não era uma aposta, certo?

O barulho da chuva parecia amenizar os pensamentos ferventes de Wonwoo em sua cabeça, provavelmente as engrenagens parariam de funicular a qualquer momento de tantos nós que estava dando em sua própria mente para justificar todos os movimentos de Mingyu até agora, pensando que poderia ser uma aposta, uma brincadeira sem graça consigo, algo para passar o tempo, uma história idiota para ser zoado pelos corredores da escola...

Mas... de qualquer forma...

Tudo bem, ele vai abrir o jogo e começar a jogar os dados para mover seu bonequinho de casa em casa. O jogo de tabuleiro iria começar. Continuou parado ali, com aquele papel na mão, sendo espremido pelos dedos esguios de Wonwoo, com as pontas ficando brancas de tanta força que era colocada no simples e coitado pedaço de árvore.






As aulas tinham acabado, o relógio finalmente andou e anunciou seu estridente sinal pela última vez ao dia. A chuva ainda permanecia ali na mesma intensidade, forte mas ao mesmo tempo serena. Ainda na sala, abriu sua bolsa transversal e retirou de lá um pequeno potinho, nele tinha dois morangos inteiros, totalmente vermelhos e brilhantes como o verão.
Poderia ficar um tempo se ocupando até a chuva parar.

A chuva não poderia fazer nada para si, apenas molhar seu uniforme, o que era bom, afinal poderia se refrescar, se divertir pisando em poças de água sem pensar em nada.

Chegando no portão da escola, colocou a mão na frente do rosto. Viu dois garotos se despedindo de Mingyu, logo puxou na sua memória quem poderiam ser. Vernon, aquele americano metido a amigo de todos e Chan, um menino que sabe dançar.
Não ligou muito, passou reto pelos três e começou a andar normalmente, mesmo naquela forte chuva. Quem olhasse para Wonwoo poderia pensar que ele estava louco de voltar para casa andando naquela chuva, mas algo que Wonwoo se orgulhava era não ligar nenhum um pouco para os pensamentos de outras pessoas sobre si, qualquer opinião além da sua simplesmente não valia de nada para seu senso.

Levou um pequeno susto ao sentir um braço em seu ombro e os pingos de água em si pararem. Olhou para o lado e viu Mingyu com aquele sorriso que, Wonwoo confessava, era o sorriso mais lindo que já tinha visto.

—Te assustei?

—Um pouco. — Mingyu segurava um guarda-chuva relativamente grande, mas ainda assim, para caber duas pessoas era preciso se espremer ali. Os dois andavam agarrados um ao outro, tudo para não se molharem muito.

O silêncio conseguiu um espaço no meio dos garotos, já que ninguém ali falava nada. Até que Wonwoo decidiu:

—Sabe de algo, Mingyu? Hoje... eu percebi que fui muito idiota com você, de verdade. Eu sinto muito, sei que só queria me agradar de alguma forma ou algo assim. Eu não sei... — Wonwoo olhava para frente, caminhando no tempo de Mingyu. —Me desculpa, eu sinto muito.

—Aceito suas desculpas. Você... você leu o... papel?

—Eu também gosto de você. - Wonwoo continuo andando mas Mingyu havia parado, olhando para o garoto com os cabelos negros como a noite inteiramente encharcados pela chuva.

Wonwoo olhou para trás, vendo Mingyu ainda estatístico, como se tivesse parado no tempo. Então continuou:

—Te tratei assim pois nunca soube como poderiam reagir. Poderia estar brincando comigo? O meu modo de proteção era esse. Não queria passar por tudo novamente, minha cabeça está cansada e meu coração mais ainda... Eu sentia necessidade de me proteger de você e proteger você também.

Quando terminou de falar, Wonwoo se aproximou. Seu rosto estava relaxado e não apresentava nenhum tipo de expressão. Ficou frente a frente com o garoto que lembrava um filhote de cachorro, ainda sim,
não olhava para ele.

—Wonwoo, olha pra mim. Por favor... - obedeceu o moreno, olhos que refletiam a própria galáxia e constelações mais belas se encaravam. —Não me importa o que falarem de nós dois ou de mim, mas se alguém disser algo sobre você eu juro que acabo com quem quer seja, você tem a minha palavra e o meu coração.

Mingyu tirou coragem ao ouvir seu coração batendo nas mesmas proporções que Wonwoo. Decidiu beijá-lo.

O relaxamento dos corpos foi instantâneo.
Wonwoo rodeou a cintura de Mingyu, aquilo era mágico, apaixonante, doce.
Estavam tão submersos no próprio mundo, que Mingyu deixou o guarda-chuva cair de sua mão, já puderam sentir os pingos caírem em seus cabelos. Com a mão livre, Mingyu a colocou sobre a bochecha de Wonwoo, tão perfeito.

O menor foi o primeiro a se distanciar. Encarava aquilo sem reação nenhuma, o que acabou de acontecer?

—Você é doce. — disse Mingyu.

Wonwoo apenas conseguiu sorrir de maneira boba com as bochechas em um tom pêssego, apenas Mingyu poderia ver suas verdadeiras expressões.

—E você é amargo.

—Eu tomei café antes. — Mingyu também sorriu.

—E eu comi dois morangos antes.

—Chamo isso de contraste, Wonwoo.

e aí gato?Onde histórias criam vida. Descubra agora