Aos poucos Margô despertava, forçava-se a abrir os olhos, com a visão ainda turva, sentou-se à beira da cama e deu um leve e profundo suspiro. Seus olhos percorriam todo o cômodo, demoraria até retornar, queria guardar aquele momento, o cheiro das velas, seus livros encima da mesinha de centro, o cheiro de madeira de sua cama, seus momentos de chá junto a sua mãe no sofá próximo a janela. Tudo estaria guardado em seu coração.
Levantou-se e sentiu pela última vez seus pés afundarem no tapete macio, mexeu a ponta de seus dedos, e como um impulso deslizou até a janela, onde se encontrava um pequeno, mas aconchegante sofá feito de madeira nobre com tecido florido. Um de seus passatempos era observar os cavaleiros treinarem, os ferreiros forjarem as espadas e as crianças correrem pelo pátio.
Perdida em seus devaneios foi despertada por leves batidas porta, era sua camareira e amiga Lupita.
-Bom dia Princesa, a senhorita já deu início a sua preparação para o dejejum? Sua mãe e os membros do clã a aguardam para se despedir. Disse a mesma enquanto batia os travesseiros e arrumava os lençóis. – É um grande dia. Este castelo irá ficar silencioso sem suas gargalhadas.
- Sim Lupita, sabe? eu irei sentir muito a sua falta, principalmente de nossas conversas, e do carinho que tens comigo. E sim, já irei-me preparar. Me de licença, sim?
-Sim... minha princ...
-Não chore sua boba, irei retornar em breve, venha cá me dê um abraço, se despeça direito, se não prevejo que irá chorar pelos cantos deste castelo junto a minha mãe.
-Não digas isto princesa, sabes que lhe considero como minha irmã.
-Sabes que lhe considero igualmente também, mas logo retornarei, não precisas tanto. Agora vá a seus afazeres, tenho de me aprontar.
Após terminar de arrumar sua mala e se aprontar, Margô atravessou os corredores do Castelo em direção ao salão oval, encontrou-se com sua mãe e os membros de seu clã pela última vez durante o dejejum, só voltaria a revê-los quando estivesse dada por completa sua educação.
Após se despedir, sua mãe a acompanhou até o portão para lhe falar a sós.
-Ah minha menina, iremos nos separar. -Disse a rainha com a voz embargada de emoções-
-Por pouco tempo minha mãe, logo retornarei. Não fique aflita, prometa-me que não enlouquecerá os criados, principalmente Lupita, hoje estava toda chorosa.
-Só você para me fazer sorrir em uma hora dessas meu amor, ela lhe considera como irmã tens muito carinho por ti, e a respeito de não os enlouquecer tentarei, prometo.
Catrina a abraçou forte, e Margô ao sentir suas bochechas molharem com as lágrimas de sua mãe, apertou os olhos com força. Não deveria chorar, teria que ser forte. Por mais que deixar sua mãe dilacerara seu coração.
-Eu lhe amo mãe, logo retornarei, prometo!
-Também lhe amo meu amor. Prometa que irá tomar cuidado, e que não confiara em ninguém imaturamente, não se precipite, você é a futura rainha seja forte. E tire o máximo de conhecimento possível.
-Eu prometo.!
Saindo do castelo, encaminhou-se a baia, acompanhada de seus guardas reais, Sedri e Trior que estavam incumbidos de sua segurança até o momento de sua chegada na Escola Loyalty.Ao se aproximar do curral chamou Carbonero com um assovio leve, que veio ao seu chamado galopando, sua clina grossa e escura reluzia ao sol da manhã que balançava com a brisa gélida, era negro como a noite um espetáculo de corcel, só permitia que Margô o montasse. Encilhou-o com sua cela de veludo purpura e couro de búfalo, suas rédeas eram de couro cru, sua cabeçada com um coração central torneado com delicadas azuritas.
-Vamos cavalheiros?
-Sim, princesa.
Assim que atravessaram o umbral, os olhos de Margô marejavam, sua mãe a observava do alto da torre pela janela. Quanto mais se afastava mais seu coração apertava...
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Vento Escarlate
FantasiHerdeiros dos principais clãs iniciam seu treinamento na escola preparatória Loyalt. História repleta de ação, rivalidade e intrigas. Assim os dias vão se desenrolando. Paixões irão surgir e confrontos intermináveis completaram está fascinante tram...