Atropelo um senhor.

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Por volta dos anos 5.000, a humanidade foi extinta, por conta de um fenômeno nada natural chamado: Ambição do homem.
Leciono história na universidade de Hawkins, em Liverpool, sou francês, mas viajo muito, como historiador e aventureiro, por assim dizer, pode me chamar de Professor.
Enfim, estamos em 3.019,o mundo não acabou ainda então pode relaxar e curtir sua leitura, sua Netflix (se é que alguém ainda vê isso, eu vejo.) E todas as outras coisas boas da terra como a liberdade que te dão pra dirigir de noite a 80 quilômetros por hora, e atropelar um velho que surge do nada em uma cadeira de rodas.
Eu voltava de um dia super estressante do trabalho, jurei pra mim mesmo que se eu tivesse que explicar pra mais um aluno de 19 anos sobre a colonização de Marte mais de 5 vezes, eu quebraria o quadro negro, enfim, finalmente meu horário acabou e eu poderia ir para casa em paz, mas é claro que eu não teria tanta sorte, uma quadra antes de minha casa, uma rua relativamente escura e vazia, particularmente eu odeio ela, acho sem graça, nada poética nem emocionante nem nada, mas depois que meu carro bateu em um velho mágico em uma cadeira de rodas, minha visão sobre ela mudou. O cara foi arremessado pro lado e a cadeira saiu derrapando na pista, pouco antes de, se eu vi bem, desaparecer, parei o carro no mesmo instante da batida, desci e corri para ajudar o homem.
Ele tinha uma aparência cansada, os cabelos grisalhos eram cacheados e cortados em estilo moicano (o que foi estranho ver em um senhor) mas estavam mal cortados, como se fosse cortado a mão. As roupas dele eram estranhas, usava um tipo de armadura na parte superior do tronco, era algo que nunca vi antes, parecia leve, mas forte pra aguentar uma descarga elétrica ou sei lá, usava calças brancas e sapatos igualmente brancos, e por cima a armadura, um tipo de jaleco cinza.
-- Senhor, você está bem? -- pergunto me ajoelhando ao seu lado.
O homem não emite som algum, começo a me desesperar mas aí ele tosse e acorda assutado.
-- Quando estou?! Quem é você?!Onde está Rose?! -- Gritou o homem, tenho quase certeza que ele perguntou "quando" estava, e não "onde", mas decidi responder.
-- O ano? 3.019, mas preciso levar o senhor ao hospital, quem é Rose?
--Hospital não, estou ótimo.-- Ele, parecia ter ficado mais calmo,mas então começou a mexer no meu rosto, em minhas orelhas e boca, estava pronto para afasta-lo quando ele me beija, óbvio que como um adulto, tomei uma decisão madura, dei um soco no nariz do velho.
-- Senhor? -- Ele acabou desmaiando.
Não me entendam mal, não foi o ato de ser beijado por um homem, foi o fato de ser um estranho e além disso, nem fazia meu tipo.
Após alguma dificuldade, o coloquei no banco traseiro do carro e comecei a ir na direção do hospital mais próximo.

Um cientista, um professor e uma cadeira.Onde histórias criam vida. Descubra agora