Eu não sabia se ele estava brincando ou o quê, mas o que vi quando cheguei no quarto foi o seguinte: o cientista, Jack, ao lado de um ensanguentado médico com cacos de vidro no rosto, na mão do velho, estava a metade de um copo quebrado e ao chão, o prato em que ele havia comido seu hambúrguer.
— Ah! Você de novo, o que veio fazer aqui seu covarde? — Pergunta ele assim que eu apareço na porta.
— Que merda você tá fazendo?! — Dou um grito e entro na sala e vou até o médico.
Ele cambaleava de um lado para o outro gritando de dor, em pouquíssimos segundos apareceram mais médicos, mas o velho os afastava jogando qualquer coisa neles, juro que vi ele atirando a própria roupa.
— Tem que me ajudar Wesley, o futuro depende disso! — Grita ele e em seguida arranca os tubos do braço e arremessa a bolsa de soro em uma enfermeira que apareceu.
O médico que estava do meu lado correu para fora da sala e por uns breves instantes tudo ficou quieto exceto pelos passos frenéticos no corredor, parece que eles estavam planejando algo ou sei lá, uma ratoeira gigante para pacientes de meia idade loucos.
— Wesley, ande, feche a porta. — Diz Jack com a voz um pouco trêmula mas impaciente, eu fechei.
— Meu nome não é Wesley, e o que diabos você tá fazendo? — Pergunto parecendo mais nervoso do que queria.
— Estava atraindo a atenção deles, agora todos estão a volta do quarto... rápido Wesley, jogue aquilo pra trancar a porta! — Ele grita após um estrondo vir da porta, apontando para uma mesinha de metal com equipamentos médicos em cima.
Não sei se foi adrenalina do momento, mas eu corri até a mesinha e a posicionei em frente a porta, depois disso me virei para o velho, já estava muito irritado até aí.
— Você tem trinta segundos pra me explicar o que está acontecendo seu pirado e doentio senhor, se não eu juro que o jogo por aquela janela. — Falei isso de fora tão rápida que nem eu teria me entendido, eu acho, mas Jack nem estava prestando atenção em mim, ele estava olhando pela janela com os olhos estreitos e a mão esquerda enrolava mechas de seu cabelo, como se estivesse fazendo um cálculo muito complicado que me dava sono só de pensar.
— Alô?! — Eu estalo os dedos e ele parece voltar a realidade.
— Ah sim! A janela, ótima idéia, vamos, me tire daqui, e pegue a minha jaqueta ali, fiz com que deixassem aqui. — Ele aponta para o jaleco no qual ele havia aparecido.
— Olha, eu não vou pegar merda nenhuma, nem sei porque estou te ajudando, isso é loucura! — Nesse momento Jack senta de modo a ficar de frente pra mim.
— Olha, eu não menti sobre nada do que eu falei, o seu mundo, o nosso, está ameaçado. Você é realmente tão ingênuo de pensar que vamos viver pra sempre?. — Fala.
— Mas você disse que isso acontece nos anos 5.000, eu nem vou estar vivo até lá!.
— Em que ano disse que estamos mesmo? — O tom em sua voz era de preocupação.
— 3.019.
Jack começa a socar a cama e joga a aste de ferro que segurava a bolsa de soro na direção da janela, fazendo-a se estilhaçar.
— Merda! Eu voltei demais, Rose sempre me pregando peças, agora eu não sei como te convencer. — Diz ele.
A esse ponto, havia muitas pessoas do lado de fora da porta, e meu cérebro voltou ao lugar onde eu estava. Parece que chamaram a polícia, e ela vinha com armamento de arrombar portas muito mais resistentes que essa, então com certeza, tínhamos menos de um minuto.
— Olha, se você não me ajudar, o seu mundo morrerá, o meu mundo morrerá, se você não vem por mim, pelo meu mundo, venha pela aventura, daria um bom livro, te garanto. — Finaliza ele.
Devo admitir que isso me fez pensar, eu não tinha esposa, nem filhos, e me mudei a pouco tempo, não tenho amigos também. Se eu for, pode ser paranóia de um velho maluco que não me leva a nada, mas mesmo se não for verdade o que disse, o que eu poderia perder?
Minha família não fala comigo a muito tempo, então a última coisa que poderia me manter de mente sã, não existe tbm.
— Como vamos sair daqui?. — Pergunto e vejo um sorriso encher o rosto de Jack.
Ele pega uma peça de metal do bolso do jaleco, do tamanho de um cookie e joga no chão, em seguida a porta da sala sofre uma pancada.
— Olha doutor, é melhor fazer o que quer que seja isso, rápido. — Digo.
— Não se preocupe, isso vai nos teletransportar daqui, só não sei pra onde. — Fala ele com toda a calma.
Ele tira do bolso o que parece ser um chaveiro com várias coisas, algumas chaves em formato estranho, algumas com botões, a cabeça de um bonequinho que eu não conheço, dentre outros, ele pega uma chave com botão e clica, então a peça de metal no chão começa a brilhar, um brilho azul intenso que aumenta gradualmente.
— Essa é a parte divertida, vamos Wesley, temos uma cadeira pra achar e um mundo pra salvar! — Grita ele.
— Meu nome não é Wes...
E somos engolidos pela luz azul no momento em que a porta é arrombada.
A sensação de teletransportar, é horrível na verdade, parece que você está na maior e mais rápida montanha russa do mundo e acabou de comer três cachorros quentes. Senti o chão gelado me atingir com uma força enorme, doeu pra caramba, levantei a cabeça para procurar o cientista, e o vejo estatelado no chão uns 4 metros longe de mim.
— Você morreu?! — Grita ele abruptamente.
— Acho que sim! — Grito em resposta.
— Que bom!
Me levanto e tiro a neve das minhas roupas, espera ai, neve? Olho ao redor e não acredito no que vejo, consigo andar até o velho, e eu tinha esquecido que ele estava só de cueca, então ele deveria estar congelando.
— Você nos trouxe até a Alemanha?! — Grito.
— Ow...ahn, não, imagine que estamos em Connecticut.
— Eu já tô me arrependendo.
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Um cientista, um professor e uma cadeira.
Science FictionCadeiras e viagem no tempo, o que tem haver? Eu não sei.