Depois do beijo...

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Holly se trancara no quarto, não queria sair, não depois do que Charlie fizera. Ele estava sendo sarcástico e isso irritou Holly, por que ele não era assim. Mas se ele estava brincando, ela também brincaria.

Holly estava no quarto desenhando algumas flores com suas aquarelas, e logo depois as colocaria dentro das cartas que havia escrito para algumas de suas amigas. Não suas amigas, Holly não as considerava, mas ela gostava das meninas.
Holly escrevia cartas de incentivo para meninas que eram, relativamente, rejeitadas pela sociedade, ao simples fato de não estarem no padrão empregado por ela, nada de estarem com gorduras fora do lugar, cabelos cor de fogo com pele sardentas? Nem pensar. Serem excessivamente altas? Ah! A sociedade abomina isso... ou pior, terem estado em alguma situação comprometedora com um cavalheiro sem ao menos estar noiva do mesmo. Holly entendia essas meninas, sofrera por bastante tempo por ser um pouquinho gordinha, por ter gorduras de infância, mesmo tendo dezenove anos, mas ela, particularmente, não se importava, mas muitas meninas se importavam e davam ouvidos a sociedade.

Charlie estava enxergando-a com outros olhos. Não, ele não estava, ele estava brincando com ela. Com os sentimentos dela. Será que ele soubera que ela gostava dele? Será que Ryan percebeu algo e o contou? Não, Ryan estava no lago junto à Ellie, depois do beijo deles.

Holly estava perdida em seus pensamentos, a respeito de Charlie, quando ouviu uma batida em sua porta. Ela levantou e pegou o caderno e suas aquarelas colocando-os debaixo do travesseiro. Levantou-se e ajeitou o vestido.
Quando Holly abriu a porta, viu que era uma criada.

- Sim?

- O Conde está lhe chamando, Milady. - disse a jovem com uma reverência.

- Mesmo? Não posso ter um minuto de paz nessa casa? - disse com um tom de indignação, um tanto forçado.

- Ele disse que a senhorita estava dentro do quarto por muito tempo - a criada esforçou-se para não rir da expressão do rosto de Holly.

- Não tem nem 1 hora que eu estou dentro desse quarto.

- Ele disse que a senhorita almoçou dentro do quarto e que não saiu mais, e que quer a sua presença no salão principal agora, palavras de Milorde.

- Certo... - Holly olhou para a criada a sua frente, e esforçou para que pudesse recordar o nome da jovem. - Mary?

- Não, Milady.

- Perdão, não me recordo o seu nome. - disse com o rubor subindo-lhe pelo pescoço até o rosto

- Isabelle, Milady. Não há problema algum a senhorita não se recordar de meu nome, há tantos criados nessa casa.

- Realmente, me perdoe.

- Claro. Com sua licença, Milady.

Holly entrou para dentro do quarto e fechou a porta, foi em direção ao travesseiro, onde havia deixado o caderno e sua aquarela, e pegou seus pertences. Holly contornou a cama e andou até a escrivaninha e dentro de uma de suas gavetas havia uma caixa, na qual ela deixava todas as cartas com respostas ou cartas que ainda deveriam ser enviadas. Pegou o caderno e o colocou dentro da caixa, e guardou a aquarela em outra gaveta, uma que não tinha uma fechadura, uma que não precisasse ser secreta, uma que todos podiam saber o que lá havia.
Holly suspirou, ninguém podia saber sobre isso, ela não sabia exatamente o porquê, mas era algo dela, pelo menos aquilo era dela.

Holly saiu do quarto e assim que desceu as escadas, parou nos últimos três degraus, pois viu Charlie voltando de fora da casa com Ellie, rindo. Ele estava rindo enquanto ela só conseguia pensar naquele beijo e no que aquele beijo havia feito. No que aquele beijo havia feito com ele. Holly queria matá-lo, certamente faria isso se ficasse sozinha com ele em algum cômodo.

Um amor a descobrir - Os Holloways Onde histórias criam vida. Descubra agora