Gabriel narrando
- Vanilla ou Morango? - ela perguntou animada.
- Chocolate. - respondi e ela levantou a sobrancelha para mim.
- Doce ou Salgado?
- Amargo.
- Filme ou série? - ela perguntou enquanto continuávamos deitados no sofá.
- Filme, lógico. - ela levantou e me olhou como se reprovasse a minha escolha.
- Como assim filme? As séries são muito melhores, muito mais cheias de suspense e viciantes. - ela falou tentando me convencer.
- Mesmo assim , eu ainda prefiro os filmes senhorita Braga. São mais directos, odeio enrolação.
- Como você é frio Gabriel. - ela revirou os olhos e sentou.
- Como você é sensível Cristina.- fiz imitando a voz e a expressão dela.
- Como você ousa fazer isso? - ela perguntou surpresa e eu ri.
- Fica me pressionando para escolher algo que você gosta, não está respeitando o meu o gosto!
- Como se você tivesse algum gosto respeitável... - ela falou fazendo birra.
A puxei mais para perto, fazendo-a ficar envolvida nos meus braços.
- Eu gosto de você, isso conta? - finalmente um sorriso na cara angelical dela.
- Eu não sei, você gosta muito ou gosta pouco?
- O suficiente para passar o resto dos meus dias com você, o suficiente para fazer de você minha, é só você aceitar casar..
Antes que eu pudesse terminar a minha frase o meu celular tocou, olhei para ver quem era e de seguida atendi.
-Lucas?
-Alô ..
Havia muito barulho no lugar onde ele estava e sua voz parecia estranha.
-Está tudo bem aí? Eu não consigo ouvir muito bem.
- Sai de perto da Cristina se você estiver com ela, depois você conta com jeitinho para ela o que eu vou contar pra ti.
Fiquei assustado mas tentei controlar minha expressão para não assustar a Cristina e levantei-me, ela estranhou mas senti que ignorou e ligou a televisão.
Eu fui até a cozinha.- Pode falar.
- Eu estou no hospital com a Leila- ele soluçou e percebi que ele estava a chorar. - a Leila teve um sangramento no supermercado e nós tivemos que vir para aqui, eu estou assustado para caramba, meus filhos, eu não sei o que vai acontecer.
Eu congelei enquanto o Lucas me contava o que aconteceu.
- Fica calmo, ligou para a tia Percy? Eu vou falar com jeitinho para a Cris e nós iremos para aí, vai ficar tudo bem.
- Eu não liguei para mais ninguém, só para você.
- Fica calmo, eu vou cuidar disso, aguenta firme aí, nós chegaremos em meia hora.
Respirei fundo e bebi um copo de água, fui até a sala, a Cris ainda estava com a televisão ligada , trocando de canais.
- Se decide mulher. - falei chamando a atenção dela , sentei-me ao seu lado.
- Não tem nada que presta. - ela desligou e olhou para mim. - Com quem você estava falando? Algum problema na empresa? - ela se ajeitou no sofá e encostou no meu ombro.
- Nenhum problema na empresa, eu estava falando com o Lucas.
- Eles estão levando muito tempo no supermercado, falou para eles que nos acertamos e que eles já podem vir se quiserem? - ela levantou a cabeça e me olhou esperando uma resposta.
- Cris, o Lucas está no hospital com a Leila , ela se sentiu mal e foram para lá.
- Como assim ela se sentiu mal? Como assim Gab?
- Ela teve um pequeno sangramento. - falei tentando não parecer muito preocupado.
- Como assim um pequeno sangramento? Não está na hora dos bebés nascerem! Onde eles estão? Vamos logo encontrar com eles.
Ela subiu rápido para quarto e voltou vestindo a camisola, peguei nas chaves e nas minhas coisas e fomos até ao carro , enquanto conduzia lembrei-me da tia Percy.
- Você precisa ligar para a tia Percy. - disse sem tirar os olhos da estrada.
- Porquê eu ligaria para aquela mentirosa?
- Cris, faz tanto tempo e isso não é sobre você, é sobre a Leila e o neto dela.
- Gabriel eu não vou falar com ela, seria muito estranho, fala você com ela!
- Aff tudo bem, eu falo. - tirei o meu telefone do bolso e entreguei para ela. - coloque o número na linha e depois me passe.
Consegui falar com a tia Percy, tentei explicar com jeitinho o que aconteceu para não assusta-lá, ela disse que nos encontraria no hospital.
Chegámos, quis abrir a porta do carro mas a Cris segurou meu ombro fazendo voltar minha atenção para ela.- Cris ? Está tudo bem? - os olhos dela brilhavam.
- Eu estou tão assustada e se acontecer alguma coisa?
- Nada irá acontecer, nós teremos afilhados fortes e saudáveis . - a puxei para um abraço, depois de um tempo beijei sua testa . - Vamos? - ela simplesmente assentiu.
Desci e dei a mão para a Cris, de mãos dadas nós praticamente corremos para o lugar onde o lucas disse que estaria.
Estávamos em um corredor enorme e bem no fundo dele eu vi alguém sentado no chão.- Aquele parece o lucas. - Cristina falou enquanto soltava minha mão, correu até ele e se ajoelhou na sua frente.
- Vocês chegaram. - ele tentou limpar as lágrimas e disfarçar um sorriso.
- Nós estamos aqui. - Falei enquanto me agachava.
- Me fala como ela está? O que aconteceu exatamente? Porquê você está nesse estado? Aconteceu alguma coisa? O que aconteceu com a minha prima Lucas?
- Foi tudo culpa minha! - lágrimas rolavam pelo seu rosto.
- Cristina, não faça tantas perguntas! Olha o estado dele. - ele parecia tão sensível, tão fraco, falei enquanto fazia os dois levantarem.
- Eu só quero entender o que aconteceu, eu estou a ficar desesperada, olha o estado dele Gabriel, algo muito sério aconteceu, como assim a culpa é sua lucas?
- Ela quis ir de táxi ao supermercado e eu falei que seria melhor nós caminharmos, mas ela não se sentia bem, mesmo assim nós caminhamos, eu não dei ouvidos a ela e agora ela está perdendo os bebés!
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No amor e na dança
RomanceEsse livro retrata a história de Cristina Braga, uma menina mulher que se viu forçada a amadurecer cedo para cuidar de si e dos seus, cristina é uma dançarina, cheia de sonhos ou talvez, uma lutadora da vida... Apesar de todas as dificuldades que...