Está chovendo muito do lado de fora. As crianças estão chorando. Delaney e Ethan estão com os meninos no colo, balançando-os e tentando acalmá-los.
— Será que dá para fazer esses moleques calarem a porra da boca? — Diz Nathaniel.
— Cala a boca você, seu merda! — Retruca Ethan.
— Ei, Ei, Ei! — Diz Delaney. — Se comportem vocês dois.
— Precisamos de comida, — diz Henrique — eles estão chorando por causa da fome. Já faz uma semana que estamos presos dentro desse apartamento, fora o fato de que a comida acabou ontem.
— Não tem mais nada? — Pergunta Delaney.
— Infelizmente não. Eu acabei de checar.
— Talvez possamos procurar comida nos outros apartamentos. — Diz Jefferson.
— Não vai dar — diz Camilla. — O prédio todo foi construído para ser à prova de assaltos, nós nunca vamos conseguir arrombar uma porta.
— Como sabe disso? — Pergunta Nathaniel.
— Minha mãe é a síndica desse prédio e eu tô na academia de polícia, seu tapado! É assim que eu sei.
— Então podemos ir de porta em porta ver se ainda tem alguém nos apartamentos — sugere Jefferson.
— Não tem ninguém nos outros apartamentos, — diz Henrique — todo mundo saiu para trabalhar no dia em que essa merda toda aconteceu. Duvido muito que vai ter alguém.Ethan estava pensativo. Ele achava que todo aquele pesadelo iria acabar com o exército resgatando todos ali presente. Mas no fundo, ele sabia que o dia em que precisaria sair para procurar comida ia chegar, ele só não queria acreditar.
— Então... o que vamos fazer? — Pergunta Ethan.
— Bom, — diz Jefferson — Não custa nada tentar ir de porta em porta, mas se não tiver ninguém, podemos ir ao supermercado buscar comida. Eu trabalho em um, lembram?
— Eu topo — diz Amanda. — Uma hora outra, nós vamos ter que sair, e a hora é essa. Quem se habilita?
— Eu não vou lá para fora — diz Nathaniel.O choro das crianças aumenta. Ethan e Delaney continuam tentando acalmá-los. Ethan observa as lágrimas escorrendo pelo rosto de Sam, que estava em seus braços. Ele sabe que as crianças estão com fome, mas sem a mãe presente, não há como amamentar ambos. Nenhuma das mulheres da casa tem leite materno em seus seios. Só há uma solução, e Ethan sabe qual é.
— Eu vou — diz Ethan.
— O quê? — Questiona Delaney.
— Eu tenho que ir. É pelos meus irmãos.
— Amor, é muito perigoso.
— Eu sei, mas não tem outro jeito.
— Eu também vou — diz Amanda.
— Podem contar comigo, também. - Diz Henrique.
— Aprendiz de policial? Presente. - Diz Camilla.
— Ótimo! - Diz Ethan. - Temos armas e pessoas que sabem usar elas. Vai dar tudo certo.
— Oh, oh! Espera aí. Eu, Sharon e Nathaniel vamos ficar aqui cuidando das crianças, enquanto vocês vão lá para fora?
— Algum problema? - Pergunta Ethan.
— É claro! E se acontecer alguma coisa com a gente, enquanto vocês estiverem fora?
— Não vai acontecer nada! - Afirma Henrique. - Eu vou deixar uma arma aqui com vocês, e aquele frouxo ali no sofá vai proteger vocês.O silêncio toma conta do ambiente. A ideia de deixar uma arma com Nathaniel soa estranho para todos ali.
— Henrique, — diz Delaney — você faz ideia da merda que acabou de dizer?
— O que eu disse?
— Uma arma, duas crianças, duas mulheres indefesas e o Nathaniel no mesmo ambiente.
— Ah, pelo amor de Deus! Ele não vai fazer nada com vocês. Ele não é tão louco assim.
— Não que você saiba — diz Nathaniel, com um tom sarcástico.
— Delaney tem razão! - Diz Ethan. Eu não vou deixar meus irmãos sozinhos com esse cara aqui.
— Não vão estar sozinhos, Delaney e Sharon vão estar aqui.
— Eu fico no lugar do Nathaniel — diz Camilla.
— Não fica, não. Eu já disse que não vou sair daqui.
— Você vai ir com eles se quiser ficar nessa casa — disse Delaney.
— Ah, qual é? Eu não vou matar vocês. Eu sou inofensivo.
— Cala a boca — diz Camilla. — Eu sou aprendiz de policial, se alguma coisa acontecer, eu tenho treinamento para nos proteger. Então você vai com eles.
— Ah, puta merda, hein! Sobrou para mim.
— Pensa pelo lado bom, não vai ter que ouvir as crianças chorando — disse Sharon.
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Big Bang: Grande Explosão
HorrorCerta vez houve uma explosão que originou a criação. Certa vez houve uma explosão que trouxe a nossa perdição. Uma grande explosão no espaço trouxe algo para o nosso mundo. O que antes era uma lenda para amedrontar crianças, agora é o pior pesadelo...