20 - A Esperança

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O vento soprava no deserto árido e vazio. O carro chegava em uma instalação do exército, aparentemente o exército a fez de base militar.

— Que lugar é esse? — Perguntou Ethan.

O carro parou.

— Um antigo complexo industrial de pesquisas científica. — Disse Jake, abrindo a porta do carro — quando aquelas coisas apareceram, o transformando em uma base provisória.

Sam e Dan ainda estavam exaustos. A expressão em seus rostos denunciava o quão ofensivo foi para eles usar tanto poder. Eles abraçam Ethan fortemente, demonstrando medo em seus olhares.

— Está tudo bem — cochichou Ethan.

— Não vai descer, Ethan?

Ethan sai do carro. Jake o guia para dentro da base. O complexo era cercado por um muro alto, aparentemente tinha sete metros da altura. O prédio principal tinha dois andares. A base era muito grande, havia uma pista de pouco do outro lado dela, com um enorme hangar que podia abrigar até dez aviões. À leste, uma enorme estufa em formato de cúpula, mas não era uma estufa comum, pois diferente das tradicionais, ela não retinha o calor do sol. Atrás do prédio principal, um enorme jardim. No total, eram cinco edifícios em todo o complexo.

— Para onde está nos levando?

Jake abre uma porta. Adiante, no centro do edifício principal, o espaço principal do prédio, recheado de pessoas. Ao ver aquilo, Ethan arregalou os olhos.

— Ethan?

— An... o quê?

— Não vai entrar, filho?

Ethan o olha.

— Vou.

Segurando as mãos de Sam e Dan, ele entra na sala. A mesma possuía um teto solar, apesar das nuvens ofuscarem os raios solares.

Ethan estava impressionado.

Nenhuma palavra saia de sua boca. Desde o aeroporto em Nova York, ele não vê tantas pessoas em um único lugar.

— Quantas pessoas tem aqui? — Perguntou Ethan.

— 2.000 pessoas, segundo o último senso — respondeu-lhe.

— 2.000 pessoas?!

— Impressionante, não é mesmo? Não achou que ainda haveria tantos de nós, eu suponho.

— Não mesmo. Você disse que isso aqui era um complexo de pesquisa científicas?

— É, pode se dizer que sim. Este complexo pertencia a um grupo empresarial, eles realizavam todo tipo de pesquisa aqui. Quando aquelas coisas apareceram, notamos que eles se concentravam nas cidades, então decidimos trazer as pessoas para cá.

Um grupo de crianças passa correndo por entre eles. Sam e Dan os olham. Ethan nota o olhar de seus irmãos, é possível perceber que a vontade de socializar com as demais crianças era grande. Afinal, eles nunca tiveram contato com outras crianças.

— Ah, essas crianças, — disse Jake — sempre correndo e brincando. Queria ter essa disposição delas.

— Jake, quando nos falamos pela primeira vez, você disse que não tinha condições de ir me buscar. Aconteceu alguma coisa?

— Infelizmente sim, Ethan. Primeiramente, me desculpe por não poder ter ido até você, acontece que nós só temos vinte militares aqui, contando comigo. Não temos helicópteros ou coisa do tipo, senão eu teria mandado irem atrás de vocês.

— Por que há tão poucos soldados?

— Perdemos muitos homens quando aquelas coisas apareceram. Além disso, elas abatem tudo que voa, com exceção das aves. Para você ter uma ideia, a cinco anos atrás, nós recebemos muitos sobreviventes do leste do país, inclusive Nova York, mas infelizmente perdemos contato com a equipe de resgate, depois disso nunca mais chegou ninguém vindo daquela região do país.

Ethan para de andar. Era para lá que o avião em que ele estava iria levá-lo.

— Jake, eu estava em um dos aviões que viriam para cá.

— Está falando sério?

— Sim, estou. Aquelas coisas atacaram o nosso avião no ar, mas... — ele para, não é uma boa ideia contar o segredo de Sam e Dan — mas nós sobrevivemos.

— Meu Deus, Ethan! Ainda bem que estão bem. Não é todo dia em que se sobrevive de uma queda de avião, não é mesmo?

Ethan sorri.

— Então... tem suprimentos para todos aqui?

— Oh, sim! Não se preocupe com isso. Temos a estufa lá fora, temos gado, galinha, vaca... temos tudo para manter todos bem alimentados. E por falar nisso, vou levar vocês ao quarto onde vocês vão ficar.

— Jake! — Chamou uma voz na multidão.

Ethan para. Aquela voz era familiar. O som daquela voz ecoando no ambiente o emociona. Será ela mesma? Ele se vira para a voz. No meio da multidão, uma mulher se aproxima. Seus longos cabelos balançam conforme corre em direção a eles.

— Ainda bem que você chegou, eu precisava mesmo falar... — ela não conclui a frase.

Aqueles olhos olhando para eles... aquele olhar que uma vez se fixou para Ethan e para os gêmeos, o olhar de uma mãe apaixonada por seus filhos. Não havia dúvidas, era ela.

— Mãe — Disse Ethan, com lágrimas rolando por sua face.

— Ethan? — Disse Julia Hyden, parada em frente a eles.

— Mãe!

Ethan avança sobre ela, abraçando-a.

— MÃE!

— Filho — tremia de emoção. — Você está vivo?

Ethan a solta. Em todos esses anos, ele nunca pensou que ela poderia estar viva. Depois de ouvir seus gritos ao celular naquele fatídico dia chuvoso em Nova York. Sua mãe estava viva.

— Esses são...

— Sim, — interrompeu-a, sorrindo para ela — são eles.

Julia se ajoelha, abrindo seus braços para Sam e Dan.

— Cabeludinhos — Ela os abraça fortemente.

— Você é nossa mamãe? — Perguntou Sam, com a voz doce que só uma criança tem.

— Sou, meu cabeludinho. Sou.

Ela ergue seu braço para Ethan, chamando-o para baixo. Ele se agacha. Julia abraça os três fortemente. Eles choram. A saudade estava sendo morta naquele estante, se por um momento Ethan achou que não a veria mais, ele se enganara. Sam e Dan abraçam sua mãe mais forte do que qualquer um. Eles criam uma conexão fortemente com ela, lembrando-se dos poucos momentos em que passaram juntos quando ainda eram bebês.

— Como vocês cresceram — rio suavemente. — Estão lindos, assim como você Ethan.

— Obrigado, mãe.

— Onde está seu pai?

Ethan balança a cabeça de um lado para o outro.

— Entendi — abraçou-o, novamente.

Naquele momento, todo o terror que passou no passado, todo o esforço que fez para proteger seus irmãos... tudo era passado para Ethan agora. Estar abraçado com sua mãe e seus irmãos, não havia nada melhor. Thomas estaria feliz se estivesse vivo.

Durante longos cinco anos Ethan lutou pela sobrevivência. Ele enfrentou o isolamento social, o perigo das ruas, um drogado psicótico que o odiava, a queda de um avião, uma mulher loucamente apaixonada e possuída pelos fantasmas... traição. Delaney o amou como se não houvesse o amanhã. Amou seus irmãos, Sam e Dan, como se fosse seus filhos. Ela morreu bravamente para proteger quem sempre amou, mesmo depois de ter sido traída.

Agora tudo não passa de lembranças. Tudo o que Ethan enfrentou para chegar ali... nada mais importa.

São só lembranças. 

Big Bang: Grande ExplosãoOnde histórias criam vida. Descubra agora