1. Amuleto da Sorte ou Pequeno Traidor

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Benito tamborilava os dedos no volante do carro enquanto cantarolava a melodia agitada que tocava na rádio. O calor do verão brasileiro estava obrigando-o a deixar os vidros do carro fechados para que o ar-condicionado fizesse o seu maravilhoso trabalho de refrescar os ocupantes do veículo.

— Bê, a gente precisa conversar... — Aurora falou baixinho sentada no banco do passageiro.

— Se for pra me pedir pra ser compreensivo com aquela história do Marcelo, eu sugiro que nem perca o seu tempo — Benito resmungou parando em um semáforo que estava vermelho.

— Isso foi há anos atrás e você foi... ingênuo. Só isso — Aurora respondeu tentando soar paciente. — Entretanto, o que eu preciso mesmo falar é mais importante que o fator Helena ter perdido a virgindade com o Marcelo há um milhão de anos atrás.

Benito bufou com a menção da história que tinha tirado seu sono há uma semana.

Aurora e ele estavam conversando sobre o passado, mais especificamente sobre quando ainda eram adolescentes, e a negra comentou, inocentemente, sobre o dia em que quase surtou de alegria ao saber que Marcelo e Helena haviam perdido a virgindade juntos. Achava que era algo de conhecimento geral, mas a reação nada amigável de Benito a fez apertar os olhos fortemente ao perceber que havia falado demais.

— Eu achava que aquele imbecil tinha perdido a virgindade com alguma argentina em Buenos Aires, mas o cidadão estava... — o rapaz bufou impaciente, sem nem conseguir terminar a sentença. — Não gosto nem de imaginar essa merda...

— Que bom que não gosta de imaginar, afinal, é a sua irmã e o seu melhor amigo — Aurora comentou com uma revirada de olhos. — Sério, Benito, a gente precisa mesmo conversar.

— Se você for terminar comigo na véspera do natal vai ser um dos momentos mais tristes da minha vida — Benito respondeu com um sorriso de lado, deixando o mau humor sair do seu corpo quase que instantaneamente.

Aurora tinha esse poder sobre ele. Bastava olhar para os olhos castanhos e os cachos escuros que ele simplesmente esquecia qualquer outra coisa sem importância.

— Não seja ridículo, todos sabem que se eu fosse terminar com você seria por mensagem de texto — Aurora comentou maldosa e Benito quase bateu na traseira do carro que estava a sua frente.

Por sorte, freou rapidamente.

— Porra, Aurora!

A mulher riu baixinho e passou uma das mãos pela nuca do namorado.

— Eu não vou terminar com você na véspera do natal e nem por mensagem de texto. Pra ser sincera, no momento não tenho pretensão alguma de ficar solteira.

— Que bom, então nossos planos estão completamente alinhados — Benito respondeu sorrindo e sentindo-se leve com o carinho que a namorada fazia em sua nuca.

O natal seria ótimo. Sem dúvidas.

E seja lá o que Aurora pretendia dizer, ficou perdido em meio as brincadeiras dentro do carro.

E seja lá o que Aurora pretendia dizer, ficou perdido em meio as brincadeiras dentro do carro

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O Natal da Família BecchioOnde histórias criam vida. Descubra agora