2. Benito vs Marcelo

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Helena gostava de pensar que o natal da família Becchio estava sendo renovado a cada ano que passava. Desde que Nico havia finalmente entrado para a família de maneira mais oficial, os natais pareciam um pouco mais completos.

Não que ele substituísse Leandro, de forma alguma, o pai era insubstituível, mas eles pareciam todos mais felizes com a presença do homem. Assim como ficavam mais felizes com a presença de Aurora e de Tito.

Mas definitivamente aquele seria o melhor natal de todos os tempos, porque seria o primeiro natal do pequeno Léo.

Se os natais pareciam completos de amor, agora a sensação é que todos estavam transbordando de tanto afeto. Os mais velhos tinham razão quando diziam que as crianças são a alegria da casa.

Léo estava com oito meses, já sentava e estava começando a engatinhar. Helena estava sentada no sofá e observava tudo com extrema atenção. Ele sentado no tapete colorido e infantil, os olhinhos castanhos brilhando ao conseguir encaixar um triângulo vermelho no lugar correto e a risada infantil de quem percebeu que o brinquedo que ganhou de natal do irmão mais velho até que fazia sentido.

— Você é tão esperto! — Helena comentou animada ao ver o irmão pegar um quadrado azul sobre o tapete e observá-lo com atenção, como se estivesse pensando o que deveria fazer com aquele objeto estranho.

Não demorou muito e o garotinho colocou o quadrado azul no encaixe correto, soltando mais uma vez uma risada contagiante.

Antes que pudesse continuar sua observação, Helena ouviu o som da campainha. Talvez fosse dona Lupita chegando para ajudar na preparação da ceia de natal e curtir o seu único neto.

A garota se levantou para olhar pela janela e sorriu abertamente ao ver quem estava no portão. Abriu a porta da sala e mordeu o lábio inferior antes de falar:

— O portão está aberto, Marcelo.

Marcelo permanecia com o mesmo sorriso adolescente e a pele branca sempre um pouco avermelhada, seja pelo calor ou pelas risadas. O rapaz entrou sem demora e logo ficaram cara a cara.

— Oi — ele disse baixo.

— Oi — ela respondeu igualmente baixo.

Os dois sorriam um para o outro feito bobos. Talvez fossem isso mesmo. Dois bobos que estavam há meses sem se ver pessoalmente.

— Quem chegou, Helena? — Ana Carolina praticamente gritou antes de aparecer na soleira da porta e encará-los. — Ah, Marcelo! Que alegria!

Ana Carolina abraçou o rapaz fortemente e colocou as mãos sobre o rosto dele.

— Você está cada vez mais alto, Marcelinho.

— Já faz alguns anos que eu não posso ser chamado no diminutivo — ele comentou sorrindo leve.

— Vamos, vamos... entra logo, menino! Benito deve estar morrendo de saudades também — Ana disse em um típico tom maternal que fez Helena sorrir ainda mais.

Assim que Marcelo colocou os pés na sala de estar, ouviu seu nome sendo gritado por Benito, mas não parecia ser um tom de saudades. Estava mais para uma ameaça de morte lenta e dolorosa.

— Eu vou matar você, Marcelo! — Benito saiu da cozinha e foi pisando duro até a sala. — Eu. Vou. Te. Matar — colocou o dedo indicador no peito do amigo.

— Benito está oficialmente louco — Lívia comentou com os braços cruzados e apoiando o corpo no batente da porta que separava a cozinha da sala de estar.

— Eu também estava com saudades... — Marcelo disse rindo e consequentemente ficando com o rosto avermelhado, como sempre.

— Sem piadinhas, seu... seu... — Benito estava ofegante e estreitava os olhos azuis na direção do seu melhor amigo de infância.

O Natal da Família BecchioOnde histórias criam vida. Descubra agora