Dores Solitárias

-2-

Phelipe_

-Oi, você vai vir pra cá hoje? -pergunto
-Vou, o Thiago já me ligou umas quinhentas vezes agora a tarde, se eu não for ele me dilacera
-Hahah.
-Não ri! É sério!
-Okay, okay, vai dormir aqui?
-Sim.
-Vai dormir comigo né?
-Você sabe que não podemos!
-Vou levar isso como um sim
-Phelipe! Você sabe oque vai acontecer se fizermos isso.
-Não tem problema, você joga a culpa em mim se precisar
-Ah bobo
-Tô te esperando na entrada do prédio
-Okay já tô chegando

Ela é tão linda, me perco nos meus pensamentos quando eu a encontro. Eu simplesmente quero ignorar as regras quando estou com ela, somente para sentir sua pele aos meus toques. Thiago diz que isso é egoísmo, mas se for, os humanos estão proibidos de amar...
Me distraio fácil quando ela está na minha mente, nem a percebi chegar
-Olaaa, Phelipe para a Terra!?
-Ahh, oi amora!
-Oi amor
-Como vai? -pergunto ao pegar a mochila dela.
-Vou indo bem, só o Brunno que tá me preocupando, acho que ele vai descobrir sobre nós -Victórya desabafa com um leve sorriso no rosto
Ela sempre faz isso.
-O que foi Phelipe?
-Nada, só tava pensando.
-E oque está lhe deixando tão calado? -Victórya pergunta ao entrarmos no apartamento.
Thiago estava no quarto dele, aproveito isso e a beijo levando-a pro meu quarto.
-Phelipe não, não, não.
-Vamos ninguém vai saber. Prometo, a culpa vai ser minha mesmo. -Digo antes de perceber Thiago
-Phelipe tô aqui -Thiago interrompe minha alegria
-Oi Thiaguinho, como cê tá? -Victórya pergunta se teletransportando pro lado de Thiago
-Odeio quando você faz isso!- digo indo pra cozinha
-Ihh relaxa amor -Victórya diz beijando minha bochecha quando chega ao meu lado
-Vou tomar banho -Thiago diz indo pro banheiro
Olhamos Thiago desaparecer na porta do banheiro, Victórya olha pra mim como que dizendo: 'ele já foi', e eu a beijo. Ela entra no clima e tira minha camisa
-Victórya, não é você que diz que não podemos? -interrompo o clima
-Ihhh mano verdade! Foi mal me empolguei.
-Aham. Ah bora continuar amora! -digo sabendo a resposta
Victórya só me olha e revira aqueles olhos verdes com pequenos pigmentos azuis. Eu a abraço por traz, ela encosta sua cabeça em meu ombro dizendo
-A morte é o fim dos humanos... -dá um tempo- não de espíritos, você estaria disposto a ser um humano?
-Por você estaria disposto a qualquer coisa.
-Okay amanhã você vai conhecer a Laura, e o Luan
-Dependendo da reação deles vou me tornar uma humana... -Victórya diz querendo chorar.
-Amora se você quiser podemos continuar como espíritos, só não podemos nos relacionar. -digo querendo dizer oque eu sinto por ela...
-Eu sei mas, não consigo mais, toda vez que te vejo meu coração acelera, fico exitada e não penso em mais nada. Só você vem à minha mente..
-Ele sente a mesma coisa por você Victórya -Brunno diz ao aparecer na janela
-Você tá aqui a muito tempo? -Victórya
-Desde que você disse oque sentia por ele...
-Brunno por que você tá aqui? -pergunto tentando ler oque este está pensando
-A Victórya é a minha irmã, eu tenho o direito de saber oque ela tem feito, com quem tem dormido, essas coisas sabe?!- ele diz sarcástico
-Eu não tenho dormido com ninguém Brunno, e a vida é minha faço dela oque eu quiser. -Vick
-Brunno por que você não confia em mim e em meu irmão? -Thiago diz com uma toalha em volta do pescoço e sem camisa
-Por causa daquela cicatriz, vocês podem enganar minha irmã um anjo mas não eu, o Phelipe, é um assassino desde que eu o conheço, ele acha que nós demônios não sabemos o passado de cada cicatriz que temos em corpos humanos. Mas ele se engana -Brunno diz sarcástico mostrando a cicatriz que tenho no peito
-Phelipe isso é verdade? Você é um assassino? Porque você nunca me contou? -Victórya me bombardeia de perguntas e se afasta, e se dirige ao Brunno -Você é um demônio?! Como nunca me contou?! Não posso confiar mais em vocês!

Victórya_

-Não posso mais confiar em vocês! -essas foram minhas últimas palavras para as pessoas que eu amei
Tudo oque vivi, tudo que sonhei, pensei poder confiar em meu irmão e no amor da minha vida, mas não! Eu não posso confiar em mais ninguém que diga que me ame, todos mentem. Todos somos egoístas, loucos...
Saí daquele lugar e vim para uma ponte que liga a Cidade da Luz com a Cidade do Vento, me sentei ao lado da coluna com os pés descalços no rio, cabeça doendo, olhos inchados, pensamentos a mil.
-Será que tudo vivido foi um modo de me iludir?! Porque eu? Será que um deles me ama de verdade? Gostaria de não ser esse anjo que sou. -digo entre soluços
-VICTÓRYA -ouço Thiago gritar.
Não reajo, estou fraca de mais para me levantar, para falar algo, ele grita cada vez mais, até que o ouço dizer a alguém
-Ela não tá por aqui, já não faço ideia de onde procurar
Alguém diz algo, mas não consigo ouvir, Thiago responde
-Não, já fui na Biblioteca do Vento, na da Luz, ela não tá por lá, e ela adora as bibliotecas e esse lugar
-Já tentou a Lollak? -Diz Laura
-Vamos lá
Thiago tenta me ligar várias vezes, a caixa postal já tem umas 15 mensagens dele, 28 do Phelipe  e o Brunno nem tentou, ele sabe que prefiro estar a sós.
Meu peito começa a doer não suporto a dor e grito, eles acabam ouvindo
-Eii Luan você ouviu? -Laura pergunta voltando
-Laura vamos embora! -Tempo -Precisamos achar a Victórya!- Thiago diz
A dor volta e grito mais uma vez dessa vez mais alto e mais forte.
De alguma forma Thiago me ouve vem correndo, ele pula a ponte e cai em pé ao meu lado se vira, e diz me abraçando de modo que só o Brunno me abraça, quando acontece algo que exige consolo.
-Está tudo bem, já vai passar estávamos todos preocupados com voc.
-Não vocês não se importam, vocês só querem me enganar e brincar com meus sentimentos!- eu falo alto abalada com tudo oque tava acontecendo..