Forte o bastante, para que nesse curto período de tempo, me leve de mim. Fazendo-me esquecer quem sou eu.
Quando a memória se esvai, vai com ela todo passado, identidade, marcas, raízes, lembranças e o ser "eu". É esse ser que me doí e que peço que me deixe.
Ainda que fique como uma pilha vazia ou bateria arriada, acredito eu, que é melhor do que está cavando meu túmulo com a pá afiada, que é um coração quebrado. Prefiro ser um indigente à ser defunto.Eu grito tão forte, que minhas forças somem e a cada onda sonora disparada sem alvo, ecoa aqui dentro e minha voz diminui, assim como sou, pequenino e confuso. Monto (sem querer), uma imagem que não me pertence, a de inabalável.
Mas não os julgo e não culpo. Nem eu me conheço (mas sempre me surpreendo) e muitas vezes, não dou espaço para me conhecer.
Sou água e óleo. Sou imisturável. Até que por fim, misturo pensamentos à passado, presente, lembranças, e uma sopa de letrinhas escrevo. Uma vitamina se fortalece no meu interior e me desenho, com traços de textos, como uma criança rabiscando coloridamente a parede, assim faço. Pinto esse escudo estranho, trançado nas minhas mais obscuras entranhas, ressaltando seu mundo preto e branco, com vida e sem sentido. Pichando assim: -" Esse sou eu, nas minhas mais sóbrias cenas". Nem eu mesmo me entendo e escrevo, na intenção de um dia me descobrir. Até lá estou vivo, mesmo que perdido. Essa é a minha identidade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu silêncio em um rabisco
PoetryMeu silêncio em um rabisco, é a liberdade de um pássaro preso. Um livro de pensamentos, histórias com traços de asfixia. Sobre intensidade, sentimentos e caos interior, a busca pela identidade e preenchimento do vazio. O livro é a gaiola de um pássa...