Que merda!
Gritei.
- O que aconteceu?
Em plena 00:00 minha mãe aparece na porta do meu quarto e me questiona.
Expliquei que era só uma contagem que eu estava tentando escrever.
Ela me olhou com cara atrapalhada e meio intolerante (nossa relação nunca foi fácil e piorou com a separação dela e meu pai. Com tanto tempo que passo dentro quarto, acho que aos poucos ela está perdendo minha identidade de filho).
- Por acaso é algum poema para se escrever?!
Pegou a bolinha de papel que estava perto da porta e saiu.
"Eu conto quantos planos foram traçados e quantos foram postos sobre uma caixa pequena e de tanto aperto, desprendeu-se".
- Era isso que estava tentando contar? Cadê os números? Sorriu.
Só lembro de ter-lhe olhado fixo e dito:
- Eles estão soltos
Pairando sem destino
Aéreos como o voo que aguardo notícias e não me espera
Larga-se desenfreado.
Eu questiono, hoje
Apenas hoje iniciei
Porque me vi no dever de dizer que não é fácil se pertencer
Não é fácil...
Saiu do quarto, sem dar atenção e em silêncio.
"E eu busquei alívio
Em sonhos
Até hoje, dormidos"
Continuei.
"Amarrado sobre um caixão de paixão ou qualquer outra coisa sem visão, só sentida
E não dita
Por falta de crença ou desgaste dela.
O fim não chegou porque ele se fez presente".
Calei ao vê-la na porta a dizer:
-Um dia, eu também fui traída pelo meu próprio sonho, de ser feliz.
Engoli em seco e ela terminou:
- Nós não somos aquilo que queremos, mas aquilo que conseguimos ser! O amor voa de uma forma tão sem forma que chega a ser perfeita sua formação sem sentido.
- Descanse!
E foi assim, que eu morri.
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Meu silêncio em um rabisco
PoesíaMeu silêncio em um rabisco, é a liberdade de um pássaro preso. Um livro de pensamentos, histórias com traços de asfixia. Sobre intensidade, sentimentos e caos interior, a busca pela identidade e preenchimento do vazio. O livro é a gaiola de um pássa...