Frio, fome e morte é o que eu mais tenho visto nesses últimos meses. Eu, meu pai e meu irmão vivemos longe da civilização aqui não temos condições. Ja presenciamos crianças e velhos morrerem e é uma morte que poderia ser evitada.
- Scott eu não aguento mais - disse chorando pro meu irmão, odiava demonstrar esses sentimentos pra ele.
-Haley eu to fazendo parte do comércio, eu sei que o que eu ganho é pouco mas com o tempo a gente vai sair daqui eu prometo. - Eu evito falar sobre isso com meu irmão, ele sempre quer fazer mais e mais só que ele ja faz demais.
Eu trabalho como empregada de uma mulher que mora na cidade, ela não é a pior, o que eu ganho consigo comprar nossa comida e roupas de frio, meu irmão junta pra comprarmos uma casa e sairmos dessa cidade.
-Desculpa, estou bem só foi um dia difícil. - disse tentando melhorar o clima.
-Adelaide vem sendo difícil? - assenti.
-Ela é um amor só que as vezes ela me pede muito e eu sou só uma sabe? não vejo mal nenhum em servir ela e os filhos dela só que as vezes se torna exaustivo.
-Quantos anos eles tem mesmo? - meu irmão perguntou enquanto fazia uma massagem nos meus pés, amo quando ele faz isso.
- O mais velho tem 8 os outros dois tem 6 e a mais novinha 3 anos. - ele suspirou.
-Você é minha irmãzinha, não devia ta passando por isso.
-Nenhum de nós deveria mas infelizmente não nascemos com nada especial ou com uma quantia considerável então temos que aceitar a realidade. - Ele assentiu.
-Vou ver como o papai estar e ir dormir, vai querer algo? - Scott perguntou ele sempre foi um irmão e um filho maravilhoso, não trocaria ele por nada.
-Pode ir descansar irmãozinho, acho que vou ver a Grace. - ele me encarou com seu olhar de "não você não vai"
-Haley ta tarde já.
-Irmão ainda são sete horas, volto antes das nove eu prometo.
-Vai Haley, antes das nove aqui se não vou contar pro papai. - ele disse indo pro quarto do nosso pai.
-Pode deixar.
Me apressei, peguei meu casaco e caminhei dois quarteirões para a casa da Grace, quando cheguei as luzes estavam apagadas e então chamei, a mãe dela saiu na janela.
-Dona Délia! Boa noite, a Grace estar? - ela saiu de sua casa e veio me cumprimentar.
-Haley, ela está no bar aqui perto.
No bar? o que Grace está fazendo no bar?
-O que ela está fazendo la? se me permite perguntar. - disse me achando super mau educada e então ela passou a mão no meu ombro em forma de carinho.
-Ja disse minha filha, você é de casa não tem problema perguntar. Grace estar trabalhando la, a gente está quase sem dinheiro e ela conseguiu o emprego ontem.
Pensei em como eu amava a dona Adelaide, desde que minha mãe se foi ela fez esse papel pra mim sem pedir nada em troca.
-Há então eu vou la ver ela.
-Não gosto daquele lugar, filha.
-Só vou ver se a Gray estar bem e volto prometo que não vou demorar. - dei um dos meus melhores sorrisos pra ela.
-Vai com Deus e não demore la não.
Dei um beijo em sua testa e seguir para o bar, não gosto de lá! As coisas devem estar bem difíceis para Gray aceitar esse emprego.
Entrei e o bar tava cheio, pra minha sorte tinha uma cadeira vazia perto do balcão, corri um pouco pra sentar la mas quando eu ia um cara forte e digamos bonito ja havia pegado sem preconceitos mas ele não parecia morador da cidade onde eu moro.
-Queria essa cadeira? - ele disse obviamente se divertindo com a minha cara, respirei fundo.
-Não, estou procurando uma amiga. - disse e quando ia me virar.
-Senta aqui - ele disse se levantando do lugar que ele havia pegado de mim. - é óbvio que você não faz parte daqui.
- Por que tão óbvio? - eu e minha boca, por que eu não consigo ficar calada.
-Não me faz ser grosseiro com você - ele disse e eu ja sabia o que era, minha aparência, minhas roupas e me senti inferior de repente. - mesmo tentando eu ainda consigo ser grosseiro. Qual seu nome? - ele me perguntou e olhei pra ele sem acreditar.
-Pra que você quer saber? - encarei ele e ele sustentou meu olhar.
-Obviamente aonde você trabalha não está ajudando muito, eu poderia te oferecer um...
-Ja sou empregada de alguém, dispenso - o interrompi e dei-lhe minhas costas, tava chateada e cansada. Foi uma péssima idéia ter vindo até aqui, talvez a Grace ja até tenha ido embora, ajeitei minha bolsa e desci da cadeira indo em direção a porta mas meu plano falhou quando tropeço em algo e o cara na minha frente me segura.
-Oh me desculpe é que eu sou desastrada, obrigada mesmo por me...- não terminei a frase ele me segurava forte e vi uns meninos se aproximarem.
-Ela é a próxima que tu vai usar? - um deles perguntou e sentir um frio no meu estômago.
-Sério, você ja me ajudou pode me soltar - tentei lutar contra seus braços.
-Você não vai embora tão cedo, princesa - ele sussurrou fazendo com que seus amigos rissem de mim.
-Por favor não faz nada comigo, estou te implorando. - ele começou a tentar tirar minha roupa e eu gritava mas parecia que ninguém me ouvia.
-A moça mandou parar. - meu salvador, olhei pra trás pra ver de onde vinha aquela voz e era do homem que havia conversado um tempo atrás.
-Participa com a gente cara, essa menina é bonita, esquálida mas bonita. - meu raptor disse rindo com aquele bafo de cerveja horrível.
- Solta ela - ele disse de novo.
-Se não vai ajudar não atrapalha cara - ouvir um deles dizer e me desesperei de novo, quando sentir minhas pernas falharem o menino que estava ajudando a tirar minhas calças caiu e começou a se contorcer.
-Eu mandei soltar - ele fez cada um que estava apoiando o porco que me segurava cair e se contorcer de dor, logo fui solta e o infeliz correu, o meu herói do dia veio ao meu encontro.
-Vamos rápido. - ele me levou até seu carro, o carro dele era lindo mas não conseguia pensar em nada agora, estou em choque, se ele não tivesse chegado agora o que teria acontecido comigo.
-Ei, eu sei que o que aconteceu foi bem...
-Não quero falar sobre isso - disse por fim, só meus pensamentos ja me assombravam.
-Certo, então qual é o seu nome? - ele perguntou, depois do que ele fez por mim hoje ele merecia.
-Me chamo Haley e você é...? - ele demorou um tempo pra responder e enquanto isso ligou o carro.
-Kian.
-Obrigada Kian - agradeci ele e voltei a olhar pra janela do carro.
-Adoraria te levar pra casa mas acho que agora você so quer a sua, então...
-Moro a dois quarteirões daqui. - ele assentiu e andou com o carro me levando pra casa. - sabe o que você fez...você é da realeza né?
-Não - ele me respondeu mas senti ele falhar com esse simples "não" dei de ombros deveria ser grata por ele ao menos ter aparecido.
-Qual casa? - ele perguntou, mal havia notado que ja estávamos na minha rua.
-A penúltima da esquerda.
-Aqui? - ele perguntou incrédulo - isso aqui ja está caindo Haley.
-Nem todos tem condição de morar em uma casa boa, não sei aonde você mora mas agradeça por ela hoje.
Saí de seu carro e entrei na minha casa.
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Toxic
RomanceOi essa é uma história de minha autoria, aqui conta a história de uma cidade liderada pela familia real. Nessa cidade a uma hierarquia, pessoas com algum poder magico estava no topo dessa pirâmide eles equivalem a classe nobre, no meio dela são os...