- "Antes de tudo, onde está o raio do carro que bateu em mim?" perguntei curiosa levantando uma sobrancelha. Será que matei alguém?
- "Já tratei de tudo, cuidei do homem e ele saiu sem nenhum ferimento..quanto eu carro dele, teve que chamar um reboque Índia, estava no estado igualzinho ao do teu." Ethan disse passando a mão pelo cabelo.
- "Como é que o homem saiu sem nenhum ferimento? porra! Isto nao é normal, ou tu me explicas, ou juro que me vou embora!" Gritei.
OK. Tinha de primeiro saber COMO é que me ia embora, dado o estado do meu carro e de ainda estar longe de casa..
- índia, ficou tudo destruído no carro, o teu telemóvel e os teus documentos, diz-me sinceramente como é que irias voltar para casa." ele suspirou.
Ia começar a contraria-lo, quando ele pega em mim e me joga no seu ombro como se eu fosse um saco de batatas.
"Vens para minha casa. Não existe discussão possível índia." Ele disse firme.
Quando lhe ia responder que ele me emprestasse o raio do telemóvel dele para eu ligar à Chris, ele vira-me pegando em mim em "modo princesa" fazendo com que eu metesse os braços à volta do seu pescoço.
E voou. Não era possível. Ele realmente começou a voar, abriu umas longas asas brancas que apareceram do nada nas suas costas e começou a aumentar a velocidade, estava embasbacada a olhar para a sua beleza.
- "Ethan, tu tens asas." eu disse ficando de boca aberta.
Ele não me respondeu, ele não me olhou, limitou-se a voar durante muito tempo até chegarmos a uma enorme casa com vista para a praia, toda em branco em cima de uma colina e pousou-me na areia.
- "Chegamos amor, bem-vinda à tua nova casa." ele disse com um sorriso.
Olhei para ele e ri-me nervosa.
- "Eu já tenho uma casa Ethan, é pequena, mas é minha! e fica bem longe daqui, eu nem sequer sei se continuamos em Tennesse!" gritei exasperada.
O seu sorriso desapareceu e o seu maxilar ficou rígido.
- "índia, esta será a tua nova casa, esquece o teu passado. Também não tens mais ninguém à tua espera lá, desde que os teus pais morreram, tens somente uma única amiga, que aposto que só está contigo por pena. Devias agradecer-me, agora entra na casa, porque daqui a pouco o sol nasce." ele disse frio e com um olhar assustador.
Recuei dois passos e baixei a cabeça, as lágrimas teimavam em cair, depois daquelas palavras tão duras, sim é verdade não tinha mais ninguém, só a Chris, mas ela é como uma irmã para mim, não era por pena... soluçei com o choro.
- "VAI À MERDA ETHAN, não vou ficar aqui, estou farta disto, não me respondes a nada, tens um raio de umas asas, e eu SEI QUE ME DESTE SANGUE PARA EU FICAR CURADA DO ACIDENTE, chega de me tentares enrolar!"
Ele riu-se alto, um riso forçado e nem hesitou ao ver-me a chorar quando me respondeu:
- "Sou um anjo Índia, o meu sangue curou-te porque sou imortal, devias estar grata por isso. Agora o porquê de te salvar? Os teus pais fizeram um acordo comigo antes de morrerem naquele acidente de carro à 2 anos atrás e eu cumpro com a minha palavra." Olhou-me firmemente e dirigiu-se para a entrada da casa, deixando-me sozinha. As suas asas já tinham desaparecido.
Acordo com os meus pais? Anjo? Imortal?
Sentei-me na areia, perto da entrada da sua casa, com a cabeça nos joelhos e o meu longo cabelo caiu para frente. Chorei, chorei e chorei, não conseguia fazer mais nada, só queria ir embora daqui, ir para longe deste homem frio e distante, que à algumas horas atrás esteve tão preocupado e gentil comigo mas que agora 'desapareceu'...
- " Mais valia não me teres salvo " murmurei baixinho. E continuei a chorar.
