capitulo 9

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Durante o caminho para o consultório do fisioterapeuta não trocamos nenhuma palavra, mas o silêncio que está presente no carro não é um silêncio constrangedor ou porque não tínhamos o que falar, mas sim um silêncio reflexivo.
Eu não consigo parar de pensar no que tinha acontecido lá no pátio do colégio, de como ele foi carinhoso e paciente em me consolar e me ouvir fazendo com o que eu pensava dele mudasse completamente. Mas o que realmente eu não consigo parar de pensar era no momento em que fomos nos aproximando cada vez mais e mais para um beijo e como eu queria que aquele beijo acontecesse, que infelizmente não aconteceu.
No momento em que ele se aproximava de mim e eu dele para nos beijarmos, nossos olhos perdidos olhando um para os lábios do outro, meu coração batendo em um ritmo muito acelerado que chegava a doer em meu peito. Eu penso no quanto ele é doce, carinhoso, atencioso, determinado e como eu o admiro por ter essas características que pouca gente conhece.
[...]
Chegamos no consultório o segurança o ajuda Tyler a sair do carro e colocar ele na cadeira. Nos dirigimos até a recepcionista para avisar que tínhamos uma hora marcada
- Oi Ty, veio para mais uma seção?
- Vim sim minha linda, o doutor Oliver está aí?
- Está sim querido, ele está te esperando na sala dele.
- Obrigado.
"Minha linda", sério? Ela nem é tão bonita assim. E ela chamando ele de querido, isso é jeito de falar com um paciente? E por que eu me incomodo tanto? Eu não tenho nada a ver com isso...
- Sarah?
- Que foi? – Respondo rápido e com um tom de raiva.
- O médico está esperando. – Ele fala apontando para eu empurrar a cadeira - Você está bem?
- Estou sim, por que a pergunta?
- Você falou de um jeito.
- Me desculpe me distrair um pouco, vamos? - Falo tentando disfarçar meu tom de voz.
- Só esperando você.
Enquanto nos dirigimos para a sala do fisioterapeuta eu fico pensando no modo em que Tyler e a recepcionista se trataram e como aquilo me incomodou, e o que me tira mais do sério era não entender o porquê eu estou assim.
Entramos na sala, Tyler me apresenta a seu médico e vai fazer seu tratamento enquanto eu espero.
Eu vejo aqueles exercícios e observo como parecem fáceis para qualquer um, mas, para uma pessoa com as condições físicas dele é muito difícil, e não importa o quão difícil é, ele continua determinado, aquela mesma determinação que todos viam quando ele estava em quadra jogando basquete...
- Senhorita Simpson? A senhorita poderia me ajudar aqui enquanto eu atendo uma ligação importante?
- Claro, como posso ajudar?
- Segure a perna dele nessa posição por um minuto, pode parecer banal, mas se interromper agora pode retardar.
Enquanto eu seguro a perna de Tyler eu não falo com ele, nem olho para ele, o que fez com que ele faça isso.
- Ei Simpson, você não disse uma palavra depois que entramos no carro para vim aqui. Você está bem?
- Estou sim.
- Não minta para mim Sarah, dá para ver que você não está bem.
- Impressão sua, eu estou bem só estou um pouco cansada.
- Se você quiser ir, não se preocupe comigo, eu pego um táxi.
- Nós viemos juntos e vamos voltar juntos.
- Você falou igual a minha mãe.
- É que eu sou um chofer exemplar - Falo tentando amenizar o meu tom de voz agressivo.
- Que bom, eu não queria voltar para casa sozinho mesmo e a presença de uma linda mulher é bem melhor.
- Sempre piadista.

- Tudo para ver você sorrir. - O que ele fala me faz corar e sorrir logo em seguida.
- Agora chega de papo e se concentre.
- Eu estou concentrado.
- Que mentira, você não está nem tentando seu preguiçoso. - Eu sei que não era verdade, eu sei que ele está se esforçando ao máximo, mas foi o único meio que eu encontrei para mudar de assunto.
- É mais difícil do que parece.
- Eu que estou fazendo todo o serviço
Começamos a rir.
O médico volta e interrompe nossa conversa. Logo depois ele faz mais alguns movimentos com as pernas de Tyler e termina a consulta - Já terminamos por hoje senhor William, pode passar na recepção para marcar a próxima - Diz o Dr. Oliver enquanto coloca Tyler na cadeira de rodas.
- Obrigado doutor. Tenha uma boa tarde.
Nós marcamos a próxima consulta e vamos embora. Dez minutos depois chegamos na casa dele.
- Você quer que eu coloque você aonde? - Pergunto enquanto empurro a cadeira dele para dentro de casa.
- Na cozinha por favor, estou faminto.
- Beleza. – Coloco ele perto da mesa da cozinha e vou para a dispensa procurar o que comer - Vamos ver, qual será o cardápio de hoje?

Para poder te amar (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora