capítulo 5

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Alguns minutos depois de Sarah sair do meu quarto, um médico vem para me dar alta.
Com ele estava dois enfermeiros, um deles estava segurando uma cadeira de rodas, foi aí que eu percebi que eles estavam ali para me colocar naquela cadeira, a cadeira que eu ia me mover para onde eu fosse a partir de agora e por um longo tempo ou para sempre, dependendo das pessoas das pessoas para me mover.
- Oi Tyler tudo bem? Você já pode ir, porém não esqueça de voltar aqui para fazer suas seções de fisioterapia. - Diz o médico sorrindo de leve
- Tudo bem - Respondo seco
Os dois enfermeiros me carregam e me coloca na cadeira de rodas saindo logo em seguida.
Meus pais entram no quarto e ficam me encarando por um tempo, talvez se dando conta que agora teriam um filho aleijado para cuidar ou até se culpando, mas isso nos sabemos que não estão fazendo.
- Podemos ir para casa agora?
- Claro filho. – Minha mãe responde com uma voz um pouco frágil
Meu pai vai para traz de mim e empurra a minha cadeira me levando para fora do hospital sem nem dirigir uma palavra a mim.
Quando eu chego em casa todos os meus familiares estão lá para me dar as boas vindas.
Ninguém esperava me ver em uma cadeira de rodas, todos tiveram uma reação que eu já esperava. Uma reação de pena e surpresa.
Eles vêm até mim para dizer que eu vou sair dessa, que era só uma fase, que logo eles vão me ver de pé novamente, mas logo em seguida se afastando e vão até a sala de jantar. Só meu primo de seis anos vem falar comigo normalmente.
- Oi Tyler, como você está? Você está bem? Deve ser muito legal ficar sentado toda hora, com todo mundo trazendo tudo para você, não precisar levantar para pegar o controle da tv que está longe. É só você girar essas rodas aí e pegar, muito maneiro.
- Oi Michael, estou bem sim cara, eu não sei sobre as vantagens ainda porque não tive a oportunidade, mas eu prometo a você que te conto. Mas você não acha que ficar girando a roda não vai ser muito cansativo não, pense, o braço vai ficar doendo.
- Mas você vai ficar mais forte, as meninas vão tudo correr atrás de você.
Eu dou risada do que Michael diz e depois finalmente consigo falar algo - É pode ser.
- Vamos Michael jantar, seu primo precisa comer e descansar - Minha tia interrompe nossa conversa.
- Mais, quem cansa de ficar sentado? - Rebate Michael, não gostando de ter que terminar a conversa e me fazendo rir.
- Vamos Michael - Diz minha tia com um tom de voz e uma expressão facial de raiva.
- Vai lá amigão jantar, você precisa ficar forte para as meninas correr atrás de você também.
- Então eu vou comer rápido e volto.
- Assim que acabar de jantar vamos embora então já dê tchau ao seu primo agora Michael - Ela fala ainda mais irritada
- Mas, mãe
- pode ir amigão, depois eu te falo todas as vantagens.
Olho para cima com a intenção de ver o seu rosto dela
- Oi tia, tudo bem?
Ela me olha rapidamente e logo desvia o olhar - Oi Tyler. Vamos Michael.
Depois de um tempo todos foram embora, o que foi um alívio imenso porque eu não conseguia mais aguentar o olhar de pena de todos naquela suposta comemoração de boas vindas.
Assim que a última pessoa sai, demora um tempo e Sarah vem me visitar aqui em casa, o que é uma surpresa para mim já que ela tinha me visitado hoje mais cedo no hospital.
- Sarah? De novo?
- Nossa que rude, oi para você também Tyler. Eu só vim te entregar o meu caderno para você repor as matérias e fazer os trabalhos que você não fez porque estava no hospital.
- Por que?
- Os professores pediram
- Mas por que pediu para você?
- Porque se você não sabe eu moro logo aqui em frente. – Eu me viro aponto para minha casa. - Naquela casa ali, está vendo?
- Eu sei, mas todos sabem que eu e você não nos damos muito bem, em outras palavras um não suporta o outro. Porque ela não mandou a Megan?
- Não sei, isso você pode perguntar a ela amanhã, e se estiver reclamando eu vou embora com o caderno.
- Não, me desculpe por ser rude. E sobre falar com os professores amanhã eu não sei se vai rolar, talvez eu não vá amanhã.
- Por que?
- Olha para mim, eu estou numa cadeira de rodas, se a minha família me olhou com pena imagina no colégio.
- A entendi, você está com pena de si mesmo, de novo. O que você pretende fazer? Vai ficar em casa até que o seu "esforço desnecessário" tenha efeito e você possa andar? Esse é o seu plano? Parabéns, você tem um futuro brilhante pela frente.
- Eu só não quero ter aqueles olhares de pena ou nojo como se fosse contagioso, todos virados para mim.
- Olha, você vai amanhã para o colégio e ponto, nem que eu venha aqui te buscar e te arrancar de casa pela orelha com um alicate de unha muito bem amolado.
- Está bom então, eu vou. Quanta grosseria.
- O que você falou? Olha que se me deixar nervosa eu vou buscar o alicate agora.
- Está desculpa, não foi minha intenção te ofender. – Diz Tyler fingindo medo das minhas ameaças.
- Já fiz o que vim fazer agora já vou, tenho que ir visitar minha irmã no hospital.
Depois que Sarah vai embora eu fico pensando no que ela tinha me dito sobre eu está com piedade de mim mesmo, será que ela tem razão? Será que eu tenho medo de eles reagir com pena de mim porque é assim que eu me sinto? Não importa, pensar nisso não vai me ajudar em nada, só vai me ajudar a ficar mais paranoico, irei descobrir isso amanhã quando chegar no colégio.

Para poder te amar (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora